As vozes nas marginálias de Fantoches
roupagens verbais e imagéticas de Erico Verissimo
DOI :
https://doi.org/10.17851/2358-9787.29.4.171-187Mots-clés :
fantoches, marginálias, vozes, Erico VerissimoRésumé
Autor de uma gama de obras, sobretudo romances e demais narrativas, Erico Verissimo não se abstém da criatividade na hora da escrita. O que também pode surpreender alguns de seus leitores é o hábito que possuía de fazer registros não verbais, tais como caricaturas de suas personagens e demais representações imagéticas relacionadas às suas obras. A edição de Fantoches (1972), que comemora o quadragésimo aniversário da publicação de estreia desse livro, o primeiro do autor, é um propício exemplo disso. Sendo assim, esta obra, formada por uma série de pequenas narrativas, muitas delas peças teatrais, fornece o corpus para os estudos aqui propostos, já que se pretende analisar os registros manuscritos, tanto verbais quanto não verbais, feitos pelo próprio autor e que confirmam a crítica dele mesmo com relação às suas próprias produções. Para tanto, as análises fundamentam-se nos estudos de crítica literária de Bordini (1995), bem como sobre teorias a respeito dos recursos verbais e não verbais, de Ackerman (2014) e Aurouet (2014), utilizando-se também o primeiro volume de Solo de Clarineta: Memórias (2005), também de Verissimo. Autocrítico como é, Erico Verissimo permite fazer inferências sobre o fato de que uma obra publicada não significa que não existe a possibilidade de acrescências posteriores, o que na edição analisada de Fantoches permite muitas percepções a respeito das diferentes vozes encontradas também nas marginálias do livro, acrescidas pelo autor por meio de desenhos e observações verbais.
Références
ACKERMAN, Ada. Os desenhos preparatórios de Ivan, o Terrível, que tipo de ferramenta genética? A análise genética aplicada aos filmes. In: PASSOS, Marie-Hélène Paret et al (org.). Processo de criação Interartes: cinema, teatro e edições eletrônicas. Vinhedo: Editora Horizonte, 2014. p. 61-88.
AUROUET, Carole. Do visual ao verbal: o método de escritura do roteiro de Jacques Prévert. O exemplo de Les visiteurs du soir. In: PASSOS, Marie-Hélène Paret et al. (org.). Processo de criação Interartes: cinema, teatro e edições eletrônicas. Vinhedo: Editora Horizonte, 2014. p. 33-59.
BORDINI, Maria da Glória. Criação literária em Erico Verissimo. Porto Alegre: L&PM: EDIPUCRS, 1995.
VERISSIMO, Erico. Fantoches. Porto Alegre: Editora Globo, 1972.
VERISSIMO, Erico. Solo de clarineta: memórias. 20. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2005. v. 1.