Walden como ponto de chegada da reflexão sobre modernidade em América
DOI :
https://doi.org/10.17851/2358-9787.30.4.120-143Mots-clés :
Monteiro Lobato, América, Henry David Thoreau, Walden, modernidadeRésumé
Monteiro Lobato participou de forma ativa do processo de modernização pelo qual o Brasil passou nas décadas iniciais do século XX. O escritor vivenciou a modernidade sentindo o abalo nas estruturas referenciais que davam aos indivíduos estabilidade no mundo social. Ele experienciou, assim como seus contemporâneos, as profundas transformações pelas quais a sociedade passava e, a partir disso, buscou por meio da literatura e de suas outras atividades cumprir o papel de crítico dessas experiências, reagindo, portanto, ao “turbilhão de permanente desintegração e mudança” (BERMAN, 2007, p. 24), que, a nosso ver, figura-se como uma maneira de caracterizar a modernidade. Compreende-se, então, que um estudo sobre a obra de Monteiro Lobato deve incluir a discussão sobre a modernização e a modernidade. Escolhe-se, para tanto, América, obra desse autor que de forma mais explícita e constante discute essa temática. O presente artigo objetiva, assim, analisar uma das formas pelas quais a modernidade se vê representada nessa obra, a saber, através do diálogo que ela estabelece com a obra Walden, do escritor norte-americano Henry David Thoreau, pensada aqui como ponto de chegada para a reflexão sobre a modernidade em América.
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