Ficções cosmopolitas
comunidades globais imaginadas na literatura brasileira do início do século XXI
DOI:
https://doi.org/10.17851/2358-9787.24.1.125-138Parole chiave:
cosmopolitismo, localismo, literatura brasileira contemporânea, contosAbstract
Os espaços geográficos pelos quais circula parte significativa dos personagens da ficção brasileira de princípios do século XXI são urbanos e internacionais. A publicação da coletânea de contos Granta em português – Os melhores jovens escritores brasileiros demonstra haver na escrita dos novos autores brasileiros a consolidação de um cosmopolitismo que, ainda quando visto a partir do que Silviano Santiago denomina o “perde-ganha da vida cosmopolita”, isto é, das tensões com as histórias locais, celebra a ideia de uma “cidadania mundial”. Essa ideia, por vezes desconsidera a quem se nega o direito a essa cidadania, ancorada agora mais na possibilidade de se percorrer e consumir espaços internacionais, que no humanismo cosmopolita socrático-kantiano. Se a nação é uma comunidade imaginada, como aponta Benedict Anderson, a comunidade global presente nas narrativas escritas por jovens escritores brasileiros também é uma forma de imaginar pertencimentos.
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