Sobre mulheres subterrâneas e exumação narrativa

uma leitura de Desesterro (2015), de Sheyla Smanioto

Autori

  • Karine Mathias Döll Universidade Federal do Rio Grande do Sul

DOI:

https://doi.org/10.17851/2358-9787.29.3.208-226

Parole chiave:

literatura marginal, modos de subjetivação, literatura brasileira, Sheyla Smanioto

Abstract

O presente artigo tem como objetivo propor uma leitura do romance Desesterro (2015), escrito pela autora paulista Sheyla Smanioto, a partir de textos teóricos sobre literatura marginal, identidades marginais e subalternidade. Esta leitura parte da compreensão de que o texto de Smanioto incorpora processos de subjetivação das personagens que não são comumente tratados em textos literários e que vão além da questão da fome, da violência e da miséria em contextos de vulnerabilidade e exclusão social, ainda que passem também por tais questões. Desse modo, a fim de melhor refletir sobre a problemática apresentada, serão mobilizados os trabalhos de Spivak (2010), Dalcastagnè (2012) e Nascimento (2009) para pensar as implicações da subalternidade e identidades marginais, bem como as discussões de bell hooks (2015) e Michel Foucault (2004, 2008) sobre a produção de identidades e os processos de subjetivação e objetificação.

Biografia autore

  • Karine Mathias Döll, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

    Graduada em Letras Português/Inglês pela UEPG e Mestre em Estudos da Linguagem pela mesma instituição. Atualmente, sigo na pós-graduação como discente do PPG Letras/UFRGS, área de Estudos de Literatura e linha de pesquisa "Teoria, Crítica e Comparatismo". Atuei como professora de Língua Inglesa em escolas de idiomas e na educação infantil enquanto estive fora da universidade, depois da graduação. Também atuei como revisora e produtora de conteúdo na área de marketing digital. Como mestranda, defendi pesquisa sobre as figurações do estupro na literatura brasileira. Agora, enquanto doutoranda, sob orientação da prof. Dra. Rita Terezinha Schmidt, sigo pesquisando a temática do estupro em textos literários brasileiros, mapeando narrativas a partir do séc. XIX. Minhas áreas de interesse são: Literatura brasileira contemporânea; Literatura brasileira séc. XIX; Escritoras brasileiras do séc. XIX; Estudos decoloniais; Revisionismo histórico; Literatura e História; Estudos de gênero e sexualidade; História da leitura; Teoria e crítica; Identidades/Produção de subjetividades; Figurações da sexualidade; Violência e literatura; Performatividade; Epistemologias feministas.

Riferimenti bibliografici

CASARIN, Rodrigo. Sobre cães, mulheres, terra e fome. Pernambuco, Recife, 05 set. 2016. Disponível em: http://www.suplementopernambuco.com.br/artigos/1675-sobre-c%C3%A3es,-mulheres,-terra-e-fome.html. Acesso em: 15 fev. 2018.

DALCASTAGNÈ, Regina. Literatura brasileira contemporânea: um território contestado. Vinhedo: Editora Horizonte, 2012.

FOUCAULT, Michel. Ditos & escritos V: Ética, sexualidade, política. Tradução de Elisa Monteiro e Inês Autran Dourado Barbosa. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2004.

FOUCAULT, Michel. Qu’est-ce que la critique? Critique et Aufklärung. Tradução de Gabriela Lafetá Borges e revisão de Wanderson Flor do Nascimento. Bulletin de la Société française de philosophie, Paris, v. 82, n. 2, p. 35-63, abr.-jun. 1990. (Conferência proferida em 27 de maio de 1978). Disponível em: http://portalgens.com.br/portal/images/stories/pdf/critica.pdf. Acesso em: 08 jan. 2020.

FOUCAULT, Michel. Segurança, território, população: curso dado no Collège de France (1977-1978). Tradução de Eduardo Brandão. São Paulo: Martins Fontes, 2008.

HOOKS, bell. Talking back: thinking feminist, thinking black. New York: Routledge, 2015. DOI: https://doi.org/10.4324/9781315743134.

JOUVE, Vincent. A leitura. São Paulo: Editora UNESP, 2002.

KILOMBA, Grada. Memórias da plantação: episódios de racismo cotidiano. Tradução de Jéssica Oliveira de Jesus. Rio de Janeiro: Cobogó, 2019.

NASCIMENTO, Érica P. Vozes marginais na literatura. Rio de Janeiro: Aeroplano, 2009.

OSSO da fala. Produção de Sheyla Smanioto. São Paulo: vídeoverso produtora cultural, 2013. 1 vídeo (10m17s). Publicado pelo canal vídeoverso ossodafala. Disponível em: https://bit.ly/2Wn5l91. Acesso em: 11 maio 2020.

QUAIS as Intersecções Possíveis entre Política e Literatura? – Encontros de Interrogação. [S. l.: s. n.], 2016. 1 vídeo (1h34m09s). Publicado pelo canal Itaú Cultural. Disponível em: https://bit.ly/2xSorKK. Acesso em: 10 jan. 2020.

RANCIÈRE, Jacques. A partilha do sensível. Tradução de Mônica Costa Netto. São Paulo: Editora 34, 2009.

RODRIGUES, Henrique. “Desesterro”, de Sheyla Smanioto. Grupo Editorial Record, Rio de Janeiro, 16 nov. 2015. Disponível em: https://www.record.com.br/desesterro-sheyla-smanioto/. Acesso em: 07 jan. 2010.

SCHMIDT, Rita T. A crítica feminista na mira da crítica. Ilha do Desterro, Florianópolis, n. 42, p. 103-125, jan./jun. 2002.

SMANIOTO, Sheyla. Dentro e folha. São Paulo: Dulcineia Catadora, 2012.

SMANIOTO, Sheyla. Desesterro. Rio de Janeiro: Record, 2015.

SMANIOTO, Sheyla. No ponto cego. Rio de Janeiro: Escola Sesc de Ensino Médio, 2014. Disponível em: https://bit.ly/2SV6i6d. Acesso em: 11 maio 2020.

SPIVAK, Gayatri C. Pode o subalterno falar? Tradução de Sandra Regina Goulart Almeida, Marcos Pereira Feitosa e André Pereira. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2010.

Pubblicato

2024-04-23