Entre negritude e pertencimento
a escrita insurgente de Carolina Maria de Jesus em Diário de Bitita
DOI:
https://doi.org/10.17851/2358-9787.29.3.244-259Parole chiave:
escrita, negritude, pertencimento, Diário de BititaAbstract
A presença do negro no cenário literário brasileiro vem se tornando mais visível nas últimas décadas. Embora no passado esse protagonismo tenha sido mais tímido, principalmente quando se trata da mulher negra, essa presença hoje é bastante expressiva. Carolina Maria de Jesus, apesar do preconceito e da discriminação, é uma das muitas escritoras afrodescendentes que conseguiu destaque no meio literário. Através de sua escrita, mostrou a situação de pobreza, de miséria e de exclusão que sofreu durante sua vida. Dessa forma, o presente artigo objetiva analisar a obra Diário de Bitita (1986), enfocando aspectos como a negritude e o pertencimento. De forma específica, buscou-se entender como a questão racial e a ideia de pertencimento são abordadas na referida obra, além de discutir como Carolina de Jesus lidava com essas questões na sua infância e adolescência. Para tanto, buscou-se como auxílio os aportes teóricos de Cixous (2017), Fanon (2008), Hall (2005), entre outros. Observou-se, através desta análise, que a escrita de Carolina Maria de Jesus é um instrumento utilizado pela escritora para denunciar a situação dos pobres e, principalmente dos negros, diante de uma sociedade dominada por uma concepção eurocêntrica que privilegia os brancos em detrimento dos negros. Diante do preconceito, da discriminação e da exclusão vivenciados por Bitita, muitas vezes ela desejava ter a pele branca para assim poder usufruir dos mesmos direitos de que dispunham os brancos.
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