O eito, o leito e Lucas Procópio
DOI:
https://doi.org/10.17851/2358-9787.31.3.82-100Parole chiave:
Autran Dourado, mulheres afrodescendentes, ordem escravocrataAbstract
O presente artigo analisa Adélia, Joana e Quiquina, personagens negras presentes em Lucas Procópio (1985) e Ópera dos mortos (1967), de Autran Dourado. Embora todas sejam negras, há uma disparidade entre elas: enquanto a primeira é uma mulata, que, em troca de favores sexuais, foi alforriada pelo coronel Lucas Procópio, marido de Isaltina, as outras são retratadas como escravizadas, vivendo em função de sinhá, Isaltina e patroa Rosalina. Para análise do espaço social ocupado por esas personagens e do momento histórico retratado na obra, este artigo fundamenta-se em Gilberto Freyre (1933) e Roberto Reis (1987), e para o embasamento teórico sobre a mulher negra e a ordem patriarcal, são empregadas as ideias dos autores Affonso Romano de Sant’Anna (1984), Marilena Chauí (1984) e Maria Lúcia Rocha Coutinho (1994), entre outros.
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