Texto e imagem, passado e presente
rastros de um legado cultural que se renova em Mutirão em Novo Sol e Cabra Marcado para Morrer
DOI:
https://doi.org/10.17851/2358-9787.32.3.11-38Parole chiave:
Mutirão em Novo Sol, brasilidade revolucionária, Cabra Marcado para Morre, Eduardo Coutinho, ligas camponesasAbstract
O artigo busca revisitar criticamente a dramaturgia de Mutirão em Novo Sol (2015) e o filme Cabra Marcado para Morrer (1984), a partir dos aspectos temáticos, estéticos, históricos e políticos que marcaram o começo dos anos 1960 e o ambiente comum em que foram concebidos tendo como fundamento o materialismo histórico-dialético. Parte-se da hipótese de que Mutirão fornece elementos que possibilitam uma leitura renovada de Cabra, a qual escapa do horizonte de expectativa predominante na sua versão finalizada de 1984, passados vinte anos das primeiras filmagens. Ao olhar para o longa-metragem à luz da vivacidade da luta camponesa e dos processos de produção enfatizados em Mutirão, conclui-se que tanto a dramaturgia quanto o filme são importantes reservas de um mesmo legado cultural e político, que foi imprescindível no passado e cuja reativação se mostra necessária e urgente no atual contexto histórico brasileiro. Isso justifica a relevância deste trabalho, que espera contribuir com o campo dos estudos da cultura brasileira em geral e da literatura e do cinema brasileiros em especial.
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