Das viagens e dos retornos
espaço e homoerotismo em Nossos Ossos, de Marcelino Freire
Parole chiave:
deslocamento, corpo queer, Marcelino Freire, narrativa brasileira contemporâneaAbstract
Este artigo apresenta uma reflexão sobre o deslocamento do narrador-protagonista Heleno, do romance Nossos Ossos, de Marcelino Freire. Defende-se, portanto, a hipótese de que o romance em questão articula a figura da viagem à possibilidade de (auto)conhecimento identitário, na medida em que os anseios, os estranhamentos e o contato com o outro produzem dissensões, rupturas, agenciamentos e itinerários novos. O narrador Heleno efetua uma viagem de deslocamento espacial, mas também uma jornada de aprendizado pessoal e subjetivo. É um corpo que apresenta marcas discordantes e discursos dissonantes dos formulados acerca de um corpo ideal, sendo relegado ao espaço do abjeto e, com isso, demanda reconhecimento como parte integrante dos diferentes espaços sociais. Ademais, falar de corpos queer e mobilidade na literatura implica em uma subversão aos padrões convencionados na produção literária, visto que tais corpos deslocados pertencem a narrativas que foram, por vezes, deixadas às margens da crítica literária. Fundamenta-se a discussão nas proposições de Doreen Massey (2015), Louro (2020), Butler (2000, 2019), dentre outros.
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