O passado no presente em O marechal de costas

Autori

  • Mônica Gomes da Silva Universidade Federal do Recôncavo da Bahia

DOI:

https://doi.org/10.17851/2358-9787.32.3.250-277

Parole chiave:

José Luiz Passos, O marechal de costas, literatura contemporânea, metaficção, crítica e resistência

Abstract

O artigo analisa o romance O marechal de costas (2016) de José Luiz Passos de acordo com a discussão sobre o contemporâneo (AGAMBEN, 2009) e as mutações da literatura deste início de milênio (PERRONE-MOISÉS, 2016). Retomando o filão metaficcional, o romancista pernambucano se volta para os golpes políticos de 1891 e 2016, com ênfase, nos turbulentos protestos de 2013, narrados através da perspectiva de uma suposta bisneta do Marechal Floriano Peixoto. Desse modo, passado e presente se sobrepõem na narrativa a fim de construir um jogo reflexivo e crítico sobre o autoritarismo, os extremismos e a crise financeira e política no Brasil da segunda década deste século, cujas sombras se projetam no cenário trágico da primeira República, “feita à bala”. Para a análise proposta, consideram-se, ainda, as obras de Nicolau Sevcenko (2001), Octavio Paz (1984) e Karl Erik Schøllhammer (2011), entre outros. Por fim, constata-se que o romance de Passos se insere na contemporaneidade pelo compromisso ético com o momento presente, não ceder à relação positivista de causalidade histórica e busca superar os maniqueísmos que toldam o debate público atual.

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Pubblicato

2024-04-23