Clarice Lispector e seus tradutores

da fúria à melodia

Autores

  • Jean-Claude Lucien Miroir Universidade de Brasília (UnB)

DOI:

https://doi.org/10.17851/2358-9787.25.1.61-85

Palavras-chave:

Clarice Lispector, relação autor/tradutor, crítica de tradução, negociação editorial, recepção de tradução.

Resumo

O corpus dos Estudos Claricianos enriqueceu-se, nessas duas últimas décadas, com uma ampla produção acadêmica relacionada especificamente a aspectos tradutológicos. Este artigo objetiva analisar a atuação de Clarice Lispector no processo tradutório de sua própria obra. Trata-se dos seguintes aspectos: a crítica de tradução, a negociação editorial e a recepção. Fruto de uma pesquisa de doutoramento, este estudo embasa-se em documentos pessoais de Lispector publicados e em arquivos disponíveis em instituições brasileiras. Refere-se a quatro tradutores precursores da tradução de Clarice em suas respectivas línguas e culturas: Beata Vettori e Denise-Teresa Moutonnier (para o francês), Curt Meyer-Clason (para o alemão) e Gregory Rabassa (para o inglês norte-americano). Destaca-se, neste percurso, a relação angustiante de Lispector com esses tradutores e o impacto, emocional e literário, sobre a autora, produzido pelas traduções publicadas de sua obra.

Biografia do Autor

  • Jean-Claude Lucien Miroir, Universidade de Brasília (UnB)

    Professor Adjunto em Letras-Tradução-Francês do Departamento de Línguas Estrangeiras e Tradução (LET) da Universidade de Brasília (UnB). Doutor em Literatura Brasileira pela Universidade de Brasília (2013), com ênfase na obra de Clarice Lispector e suas relações com a tradução (tradutora e crítica). [http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/busca.do]

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Publicado

2016-08-19

Edição

Seção

Dossiê: Literatura Brasileira: Tradução e Recepção