O que resta de Nietzsche ou Narizinho no espelho
DOI:
https://doi.org/10.17851/2358-9787.30.1.06-30Palavras-chave:
Monteiro Lobato, Nietzsche, filosofia, literatura, formação, influênciaResumo
O artigo procura discutir as principais linhas de influência do pensamento de Nietzsche na formação intelectual de Monteiro Lobato. Para isso, utiliza a troca epistolar do autor com Godofredo Rangel, reunida em A barca de Gleyre. A intenção é demonstrar o lugar destacado que Nietzsche ocupa entre as referências do escritor. Em várias cartas, a interpretação de Monteiro Lobato é claramente equivocada, em outras, alinhada ao que havia de mais progressista. Ao cotejar depoimentos que cobrem quase 50 anos de atividade intelectual, a conclusão é que Monteiro Lobato considerava Nietzsche um modelo de liberdade e independência moral. Até o fim, Lobato permaneceu irmanado ao “seu filósofo”, como se referiu a Nietzsche mais de uma vez.
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