Clarice Lispector e a escrita de ninguém

Autores

  • Alex Keine de Almeida Sebastião Universidade Federal de Minas Gerais

DOI:

https://doi.org/10.17851/2358-9787.30.1.189-205

Palavras-chave:

autoria, escrita de ninguém, Clarice Lispector

Resumo

Trata-se de abordar a questão da autoria, tópico já clássico em teoria da literatura, recorrendo-se, inicialmente, a algumas formulações de Roland Barthes, Michel Foucault e Maurice Blanchot. Todos eles contribuíram para desconstruir a noção de autor como aquele que detinha autoridade sobre a obra. Começando por perguntar “quem escreve?” e passando pela questão “que importa quem escreve?”, o artigo propõe o exame da afirmação “ninguém escreve”, considerando o ocaso do sujeito no processo da escrita. Neste percurso, aponta-se para a dupla valência do termo “ninguém”, em que as funções positiva e negativa podem se alternar, como ocorre, por exemplo, na Odisseia, de Homero. Ao final, recolhem-se algumas passagens da obra de Clarice Lispector que sugerem tratar-se ali de uma escrita de ninguém.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

AGAMBEN, G. O autor como gesto. In: ______. Profanações. Trad. Selvino Assman. São Paulo: Boitempo, 2007. p. 49-57.

BARTHES, R. A morte do autor. In: ______. O rumor da língua. Trad. Mário Laranjeira. São Paulo: Martins Fontes, 2012. p. 57-64.

BLANCHOT, M. O espaço literário. Trad. Álvaro Cabral. Rio de Janeiro: Rocco, 2011.

FOUCAULT, M. O que é um autor? In: ______. Estética: literatura e pintura, música e cinema. Trad. Inês Autran Dourado Barbosa. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2006. p. 264-298.

HOMERO. Odisseia. Trad. Frederico Lourenço. São Paulo: Penguin Classics Companhia das Letras, 2016.

LACAN, J. Le non dupes errent. 13 novembre 1973. In: LE SÉMINAIRE XXI. Inédito. Disponível em: http://ecole-lacanienne.net/wp-content/uploads/2016/04/1973.11.13.pdf. Acesso em: 12 jun. 2020.

LISPECTOR, C. A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Rocco, 1998a.

LISPECTOR, C. Água viva. Rio de Janeiro: Rocco, 1998b.

LISPECTOR, C. Um sopro de vida. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.

LISPECTOR, C. Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres. Rio de Janeiro: Rocco, 1998c.

MALTA, A. A astúcia de ninguém: ser e não ser na Odisseia. Belo Horizonte: Impressões de Minas, 2018.

NINGUÉM. In: FERREIRA, A. B. de H. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. 2. ed. Rio de Janeiro: Ed. Nova Fronteira, 1986. p. 1194.

SANTIAGO, S. Singular e anônimo. O eixo e a roda, Belo Horizonte, v. 5, p. 95-105, 1986. DOI:

Downloads

Publicado

2024-04-23

Edição

Seção

Artigos