Uma bagunça transcendente

o primado da errância e da descontinuidade na poesia de Murilo Mendes

Autores

  • Wesley Thales de Almeida Rocha Instituto Federal do Norte de Minas Gerais

DOI:

https://doi.org/10.17851/2358-9787.31.1.134-160

Palavras-chave:

Murilo Mendes, Poemas (1930), errância, desarticulação, subjetividade

Resumo

Este trabalho discute como a dispersão e a desarticulação marcam a poesia de Murilo Mendes, fazendo-se aspecto constitutivo da subjetividade em expressão e da forma poética dos textos. A análise percorre composições do livro Poemas (1930), destacando o forte senso de tensão que nelas domina, na expressão dos dilaceramentos diversos que aplacam o sujeito lírico. Essa forma de expressão tem em sua base um lirismo convulso, que manifesta um eu em transe, num movimento constante e intenso para “fora de si”, conforme desvelado por Michel Collot em sua teoria; e essa expressão supõe um trabalho com a linguagem e a forma poética também pautado na movimentação convulsiva, em um processo mimético que Luiz Costa Lima denominou de “representação-efeito”. Analisando esses elementos no poema “Mapa”, destrinçamos aspectos fundamentais do processo criativo de Murilo Mendes, evidenciando o poder de expressão da “bagunça transcendente” que, como ele mesmo dizia, promove em sua poesia.

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Referências

Murilo Mendes; Poemas (1930); errância; desarticulação; subjetividade, Murilo Mendes; Poemas (1930); dispersion; desarticulation; subjectivity.

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Publicado

2024-04-23

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Sumário