Rio de Janeiro Afro-atlântica
ler a cidade porosa em perspectiva diaspórica
Palavras-chave:
Literatura brasileira contemporânea, escrita e experiência urbana, Atlântico negro, DiásporaResumo
Com o presente artigo pretende-se investigar as formas de encenar, na literatura brasileira contemporânea em prosa, a cidade do Rio de Janeiro enquanto uma cidade Afro-atlântica, ou seja, uma cidade moldada pelos trânsitos oceânicos caraterísticos da colonização e da escravidão, assim como teatro de conflitos entre alteridades que manifestam a colonialidade do poder no contemporâneo urbano. Na primeira parte, através das reflexões de Beatriz Sarlo (2014), Malcolm Miles (2019) e Renato Cordeiro Gomes (1999), propõe-se uma análise panorâmica da densa relação entre cidade e literatura. Em seguida, tentar-se-á pensar, com Walter Benjamin (1987), a porosidade caraterística da cidade do Rio de Janeiro – como proposto por Bruno de Carvalho (2019) – enquanto típica dos espaços Afro-atlânticos. Por último, a partir das tensões urbanas levantadas, entre outros autores, por Geovani Martins em O sol na cabeça (2018) e por Luiz Antonio Simas em O corpo encantado das ruas (2019), procurar-se-á debater algumas das dinâmicas culturais e das estratégias do poder na contemporaneidade urbana do Rio de Janeiro.
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