Comunidades originárias e livros cartoneros

Ressonâncias de um trabalho escriturístico a partir de narrativas fundacionais

Autores/as

DOI:

https://doi.org/10.17851/2358-9787.34.3.253-266

Palabras clave:

Narrativa, Corpos, Livros Cartoneros

Resumen

Este artigo pesquisa a confecção de livros artesanais feitos a partir capas de papelão descartadas, os chamados “livros cartoneros”, prática desenvolvida por editoras cartoneras e entabula uma leitura do trabalho de coleta, transcrição e encadernação de narrativas de três comunidades originárias do Estado de Mato Grosso, com objetivo de analisar a relação entre corpo e escrita. Para nos referirmos ao território dos livros cartoneros, utilizamos os escritos de Krauss (2024) e Krauss e Llera (2023). Com as leituras de Certeau (2014), e Schierloh (2021), intentamos compreender o entrelaçamento entre o corpo e a escritura no contexto da produção de livros artesanais, a partir das narrativas fundacionais de povos indígenas mato-grossenses. Baseados em Benjamin (2012), dialogamos com o narrador da tradição oral que se torna corpo escriturístico no tecer dos livros cartoneros. Por fim, o artigo aborda o encontro da prática de produção cartonera com a escola de uma das comunidades originárias do Estado de Mato Grosso, a Escola Municipal Isolada de Educação Básica (EMIEB) de Cravari, localizada na aldeia Cravari, pertencente ao povo Manoki, com o desenvolvimento do projeto intitulado: “Cartonera Indígena”.

Biografía del autor/a

  • Flavia Krauss, Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT) | Tangará da Serra | MT | BR

    Bacharel e Licenciada em Letras Português/Espanhol pela Universidade de São Paulo. Mestre em Estudos Linguísticos pela Universidade Federal do Mato Grosso com a dissertação “Sobre a homogeneização do espanhol nos livros didáticos nacionais” (2008). Doutora em Letras pela Universidade de São Paulo com a tese “Eloísa Cartonera: memória e identificações” (2016). Atualmente realiza um estágio pós-doutoral na Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo com a pesquisa “Las cartoneras: um devir editorial latino-americano”. É professora de Língua Espanhola, Literaturas de Língua Espanhola e Estágio Curricular Supervisionado em Língua Espanhola na Universidade do Estado de Mato Grosso desde 2006.

  • Alexandre Mariotto Botton, Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT) | Tangará da Serra | MT | BR

    Alexandre Mariotto Botton é professor de Filosofia pela Universidade do Estado de Mato Grosso desde 2016. Também é doutor em Teoria Literária pela UNICAMP

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Publicado

2025-10-14

Número

Sección

Dossiê: Territórios indivisíveis: Corpo, escrita e política no Brasil e na América hispânica