Catálogo: Coleção mineiriana do Instituto Cultural Amilcar Martins. Belo Horizonte: Instituto Cultural Amilcar Martins, 2001. 343p.
Resumo
Lançado em 2001, o Catálogo: Coleção mineiriana do Instituto Cultural Amilcar Martins constitui o esforço do colecionador em divulgar as obras de seu acervo: livros, obras gerais, obras raras e obras de referência, opúsculos e publicações periódicas, que tratam dos aspectos artísticos, biográficos, econômicos, geográficos, folclóricos, históricos, literários, políticos, religiosos e sociais relativos ao Estado de Minas Gerais. Ampliando o âmbito de sua coleção, o autor criou o Instituto Cultural Amilcar Martins – ICAM -, como uma sociedade civil de direito privado, de natureza cultural e sem fins lucrativos para, entre outros objetivos, "contribuir para o enriquecimento de acervos bibliográfico e documental do Estado, por meio de recebimento de doações, aquisições e identificação de documentos e coleções de interesse histórico, disponibilizando esse material para consulta pública." A obra está organizada por tópicos, fornecendo informações sobre o ICAM, a Diretoria e o Conselho Consultivo do ICAM, incluindo dados sobre a presidente e os membros do Conselho; texto sobre Amilcar Vianna Martins, patrono do Instituto; saudação, proferida pelo diretor do Centro de Pesquisa René Rachou; biografia do Professor Amilcar Vianna Martins, elaborada pelo pesquisador Zigman Brener; currículum vitae do patrono; nota introdutória e a obra propriamente dita, organizada em três partes: a) Livros, b) Opúsculos, ambos com as obras em ordem alfabética pelo sobrenome dos autores, incluindo Orações da Academia Mineira de Letras, c) Periódicos, em ordem alfabética de títulos, Separatas e Anexos – Fotos. O Catálogo constitui uma bibliografia sinalética, relacionando apenas as referências bibliográficas dos documentos citados. Abrange as obras gerais, que constituem tentativas de síntese da história de Minas, e os clássicos da historiografia mineira. A coleção de obras de referência lista trabalhos do porte do Catálogo da Exposição de História do Brasil, trabalho monumental, organizado pelo então diretor da Biblioteca Nacional, Benjamin Franklim Ramiz Galvão; Manual bibliográfico de estudos brasileiros, editado por Rubens Borba de Morais e William Berrien; Dicionário biobibliográfico de autores brasileiros, organizado pelo Centro de Documentação do Pensamento Brasileiro; Dicionário histórico Brasileiro 1930/1983, de Israel Beloch e Alzira Alves de Abreu e, também, obras que têm Minas como foco principal: Antônio de Paiva Moura; Dicionário biográfico de Minas Gerais: Período Republicano: 1889-1991, organizado por Norma Góes Monteiro; Precursores e figuras notáveis de Minas Gerais, de Alménio José de Paulo e Saturnino Ferreira, dentre inúmeras outras. O Catálogo relaciona, ainda, expressivo número de obras consideradas raras por seu organizador: 350 delas publicadas até 1930, sendo que cerca de 50 são do século XIX. A seção de arte e patrimônio histórico inclui trabalhos sobre o período colonial, registrando "iconografia dos conjuntos arquitetônicos das cidades históricas, da arquitetura religiosa, da pintura e decoração das igrejas, das esculturas etc". O acervo é forte em biografias e memórias de mineiros, com cerca de 600 exemplares. As personalidades mais retratadas são Tiradentes e Aleijadinho, seguidos por Juscelino Kubitscheck, Teófilo Ottoni, Artur Bernardes, Antônio Carlos Ribeiro de Andrada, Tancredo Neves, entre outros. Nas centenas de livros sobre economia destacam-se os trabalhos sobre economia colonial, abastecimento da Capitania e industrialização. As obras sobre folclore traçam o perfil do tema em Minas Gerais, tendo entre seus representantes Saul Martins, autor dos seguintes livros: Folclore em Minas Gerais, A dança de São Gonçalo, Os Barranqueiros etc. Geografia e meio ambiente estão representados na coleção por obras significativas, a mais antiga delas é a Geographia do Brasil, da Sociedade de Geografia do Rio de Janeiro, datada de 1922, embora o Catálogo registre edições fac-similares anteriores a ela. A seção de obras sobre histórias municipais e corográficas "apresenta o mesmo tipo de singularidade e ‘raridade’ que a coleção de memórias: muitas obras são edições pequenas, fora do comércio e com circulação... restrita", sendo constituída por 650 volumes relativos a 250 cidades, dentre elas, Belo Horizonte, (mais de 100 obras), seguida por Ouro Preto (cerca de 40). A área de literatura inclui "trabalhos de crítica literária e história da literatura mineira... obras ‘sobre’ Minas e com forte conteúdo regionalista ao invés de obras ‘de’ autores mineiros". Entre os primeiros, destacam-se os trabalhos de Martins de Oliveira: História da literatura Mineira; Waltensir Dutra e Fausto Cunha: Biografia crítica das letras mineiras – esboço de uma história da literatura em Minas Gerais; Oscar Mendes: Poetas de Minas; Eduardo Frieiro: Letras Mineiras, Dois romancistas da terra mineira, Encontro com escritores, O Clube dos grafômanos, A ilusão literária. Inúmeros autores estão presentes na coleção, como Assis Brasil, Helena Bomeny, L. Carlos Abritta, Maria Zilda F. Cury, A. Sérgio Bueno, Fábio Lucas, F. Correa Dias, Blanco Lobo Filho, Affonso R. de Sant’Ana, Francisco Achcar, José M. Cançado, Silviano Santiago, Antônio Barreto, Eneida M. de Souza, Wander M. Miranda e M. Rodrigues Lapa. Obras sobre Minas ou com conteúdo regionalista estão representadas pelos seguintes títulos: Villa Rica, poema, de Cláudio Manoel da Costa, de 1839; A Capital e Morro Velho, de Avelino Foscolo; O amanuense Belmiro, de Cyro dos Anjos, Contemplação de Ouro Preto, de Murilo Mendes, Chapadão do Bugre e Vila dos Confins, de Mário Palmério; Belo Horizonte bem querer, Madrinha Lua e Montanha viva: Caraça, de Henriqueta Lisboa; e Romanceiro da Inconfidência, de Cecília Meireles. Na coleção relativa à política, o autor destaca os livros sobre a Inconfidência Mineira, talvez o acervo de maior significado no Estado. A mais antiga delas é a História da Revolução de Minas Geraes em l842, exposta em hum quadro chornologico organisado de peças officiaes das autoridades legitimas dos actos..., datada de 1843. Segundo o autor, o acervo do ICAM reúne "uma das mais completas coleções de história da religião católica em Minas, com mais de 150 obras sobre os diversos aspectos da religião", o que ocorre, também, com os trabalhos sobre culinária, que conta com cerca de 40 obras de especialistas do porte de Maria S. L. Christo, D. Lucinha, Lígia Junqueira, dentre outros. No assunto sociedade, Martins Filho reuniu obras "sobre a estrutura social do Estado, com estudos de classes sociais, genealogias, comportamento e costumes mineiros, imigração para Minas, o papel da mulher, racismo etc." Além de livros e opúsculos, o Catálogo relaciona expressivo acervo de periódicos, destacando-se os seguintes títulos: Revista do Arquivo Público Mineiro, 1896-; Revista Brasileira de Estudos Políticos; Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais; Barroco (todas com as coleções completas); Minas Gerais; Suplemento Literário do Minas Gerais; Revista Agrícola, Comercial e Industrial Mineira; Revista de História da Arte; Vida de Minas, 1915- e o jornal O Recreador Mineiro, de 1845. Como Anexo, o autor apresenta 48 reproduções de folhas de rosto de obras como: Villa Rica, poema, de Cláudio Manoel da Costa, História da Revolução de Minas Geraes em 1842..., História do Movimento político que no anno de 1842 teve lugar na província de Minas Geraes, de José Antônio Marinho, O Recreador Mineiro. Periódico litterário etc. O diferencial das obras do ICAM em relação às demais coleções de mineiriana reside nos mais de 300 livros de memórias "de homens e mulheres de todas as regiões do Estado e das mais variadas atividades" que são difíceis de se reunir, pois constituem "edições particulares, fora do comércio e de circulação... limitada, difíceis de encontrar." Dessa forma, o acervo constitui importante instrumento "... pelo seu ineditismo e pela possibilidade de ser usado como fonte de estudos da história e dos costumes mineiros a partir da visão particular de seus autores: “... médicos, engenheiros, funcionários públicos, fazendeiros, donas-de-casa, professores e professoras, farmacêuticos etc." O título da obra privilegia o suporte, em detrimento do tema, que é Coleção Mineiriana, garimpada pelo autor ao longo dos anos, e que culminou com a criação do Instituto, em homenagem ao seu progenitor, eminente médico sanitarista e pesquisador da UFMG que, quando cassado em 1969, continuou suas atividades no Centro de Pesquisas René Rachou, em Belo Horizonte. Seu arranjo, por tipo de material, pressupõe o conhecimento do nome do autor, dificultando a pesquisa, uma vez que não incluiu o tão necessário índice de assunto. O sumário deve retratar as partes que compõem o conteúdo da obra. No Catálogo, a subdivisão de Opúsculos: Orações de posse na Academia Mineira de Letras, omite as palavras em destaque, prejudicando sua compreensão. Na página 48, Martins Filho cita a obra de Rubens Borba de Morais, Bibliografia Brasileira, não identificada no corpo do trabalho. Quer nos parecer que pretendia referir-se à Bibliografia Brasileira do Período Colonial, do mesmo autor. Entretanto, esses deslizes não comprometem a importância da publicação. Amilcar Vianna Martins Filho é formado em História pela UFMG, mestre e doutor na mesma área pela University of Illinois, em Urbana, Champaign, com especialização em história quantitativa, pela Northwestern University, de Chicago. Tem vários artigos e livros publicados no Brasil e no exterior e vem desempenhando importante atuação política, tendo sido eleito vereador por duas legislaturas. Foi Presidente da Câmara Municipal de Belo Horizonte, Secretário Municipal da Prefeitura da Capital, Secretário de Estado da Casa Civil, da Comunicação Social e da Cultura de Minas Gerais, dentre outros cargos ocupados. A publicação do Catálogo Coleção Mineiriana do Instituto Cultural Amilcar Martins reveste-se de grande significado ao tornar público o acervo de obras que, antes dele, eram conhecidas somente quando o interessado se dirigia a bibliotecas que reúnem tais livros em salas especiais, como a Biblioteca Pública Estadual Prof. Luís de Bessa, a Fundação João Pinheiro, a Faculdade de Ciências Econômicas da UFMG, o Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico, para citar apenas algumas instituições. Portanto, a partir de seu lançamento, professores, pesquisadores, alunos dos diversos níveis e áreas cobertas pela obra têm agora um instrumento que, mesmo parcial, por ser produto da busca e da aquisição por parte apenas de seu autor, facilitará o levantamento de informações a respeito de assuntos relativos a Minas Gerais.Downloads
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Publicado
2007-11-21
Como Citar
Caldeira, P. da T. (2007). Catálogo: Coleção mineiriana do Instituto Cultural Amilcar Martins. Belo Horizonte: Instituto Cultural Amilcar Martins, 2001. 343p. Perspectivas Em Ciência Da Informação, 7(2). Recuperado de https://periodicos.ufmg.br/index.php/pci/article/view/23435
Edição
Seção
Resenhas