Da plasticidade do crime ao acesso à informação em relatos de homicídios: vicissitudes decorrentes de experiências violentas
Keywords:
violência. Crime. Memória. Acesso à informação. Narrativa autoralAbstract
O artigo disserta sobre as múltiplas implicações decorrentes do crime, sua relação com os efeitos traumáticos e suas consequentes rupturas nas cadeias de memórias. A metodologia aplicada é a análise a partir de dois relatos de pessoas distintas que praticaram o ato de homicídio, haja vista a multiplicidade de violências que são narradas, intencionalmente ou não, por estes sujeitos, além das experiências serem representativas do social. As investigações sobre violência estão ligadas a tríade: crime, trauma e informação, sendo estas sub-ramificações empregadas, em certa medida, na tecitura da própria violência. Verifica-se que a construção de protocolos de acesso à informação e análise das restrições informacionais é salutar para a implementação de políticas públicas para as pessoas presas ou egressas do sistema prisional.
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Na mitologia grega, Minos consta como um semi-deus, filho de Zeus e da princesa fenícia da Europa, que reinou na ilha de Creta em aproximadamente 1406 a.C. a 1204 a.C. Na obra intitulada A divina comédia de Dante Alighieri, Minos é representado como um juiz do inferno que julga todos os que por lá passam, aplicando em cada sujeito um chicote, ou cauda, que, a cada volta enroscada no pecador, determina o quão mais profundo, abaixo da terra e, próximo ao diabo, este deverá pagar por suas mazelas. Minos antecede a entrada de cada alma aos portões do Inferno (ALIGHIERI, 1984). Cabe-nos questionar o direito que permite a todos adquirirem o status de juiz, tal como Minos e, além disso, refletir sobre a seletividade da punição aplicada a cada sujeito que, muitas das vezes, mesmo ao responder pela mesma tipificação criminal do outro, é alocado nas unidades prisionais em condições de tratamento diferenciado ou mesmo nem adentrando as celas por inúmeros fatores passíveis de reflexão.