"O que não tem remédio nem nunca terá"

um estudo a partir do uso abusivo de benzodiazepínico em mulher

Autores

  • Isabella Costa Martins Universidade Estadual do Ceará, Programa de Pós-Graduação em Cuidados Clínicos em Enfermagem e Saúde, Fortaleza CE , Brazil, Enfermeira. Doutoranda em Cuidados Clínicos em Enfermagem e Saúde. Universidade Estadual do Ceará - UECE, Programa de Pós-Graduação em Cuidados Clínicos em Enfermagem e Saúde. Fortaleza, CE - Brasil, Universidade Estadual do Ceará
  • Lia Carneiro Silveria UECE, Programa de Pós-Graduação em Cuidados Clínicos em Enfermagem e Saúde, Fortaleza CE , Brazil, Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Professora Titular. UECE, Programa de Pós-Graduação em Cuidados Clínicos em Enfermagem e Saúde. Fortaleza, CE - Brasil, Universidade Estadual do Ceará
  • Camila de Araújo Carrilho Centro Universitário da Católica de Quixadá, Quixadá CE , Brazil, Enfermeira. Mestre em Cuidados Clínicos em Enfermagem e Saúde. Professora. Centro Universitário da Católica de Quixadá - UNICATÓLICA. Quixadá, CE - Brasil
  • Alcivan Nunes Vieira Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, Curso de Enfermagem, Mossoró RN , Brazil, Enfermeiro. Doutor em Cuidados Clínicos em Enfermagem e Saúde. Professor Titular. Universidade do Estado do Rio Grande do Norte - UERN, Curso de Enfermagem. Mossoró, RN - Brasil, Universidade do Estado do Rio Grande do Norte

DOI:

https://doi.org/10.5935/1415-2762.20170025

Palavras-chave:

Abuso de Substâncias, Psicanálise, Cuidados de Enfermagem, Saúde da Mulher

Resumo

Objetivo: analisar, a partir da singularidade feminina, o abuso de drogas benzodiazepínicas e o papel do enfermeiro na assistência do sofrimento psíquico. Método: estudo de caso referenciado pela pesquisa com psicanálise. Os dados foram produzidos por meio de entrevistas, seguidas da construção do ensaio metapsicológico. Resultados: o uso abusivo de benzodiazepínicos emerge como um fenômeno naturalizado no âmbito dos serviços de saúde, sendo, inclusive, considerado necessário para a mulher contemporânea. O sofrimento psíquico relaciona-se aos conflitos pessoais e familiares, mas sua abordagem encontra-se estruturada em torno do uso do medicamento, desconsiderando a singularidade feminina e as condições em que ele é produzido. Assim, o fármaco não age apenas quimicamente, mas que ele porta efeitos simbólicos e imaginários. O enfermeiro que lida com a administração e controle das prescrições pode ter nesses momentos uma oportunidade de escutar a usuária acerca do lugar que esse medicamento ocupa na sua vida. Conclusão: o tratamento farmacológico não pode ser abordado apenas em sua dimensão química, pois carreia para os sujeitos também uma dimensão simbólica. Esses aspectos podem ser contemplados na clínica de enfermagem, onde o encontro entre o enfermeiro e o paciente torna-se um momento possível para estabelecer uma escuta singularizada. Mas, para que a mulher possa elaborar um saber sobre o que lhe acontece, é necessário que o enfermeiro exima-se do lugar de quem detém o saber e possa se colocar no lugar de quem acompanha o outro na sua própria construção simbólica.

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Referências

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Publicado

09-11-2017

Edição

Seção

Pesquisa

Como Citar

1.
"O que não tem remédio nem nunca terá": um estudo a partir do uso abusivo de benzodiazepínico em mulher. REME Rev Min Enferm. [Internet]. 9º de novembro de 2017 [citado 22º de junho de 2025];21. Disponível em: https://periodicos.ufmg.br/index.php/reme/article/view/49858

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