Vidas precárias do quadrilátero ferrífero de Minas Gerais

Ecocídio, luto, reparação

Autores

DOI:

https://doi.org/10.35699/2316-770X.2020.21479

Palavras-chave:

Ecocídio, Luto, Vidas precárias

Resumo

O objeto deste artigo é tratar da catástrofe ambiental de Córrego do Feijão/Brumadinho sob uma perspectiva que articula elementos subjetivos e sociais. Partindo de uma contextualização histórica e política da atividade mineradora no território, desenvolveremos dois argumentos básicos: a) o ecocídio, compreendido como atentado simultâneo ao caráter natural do ecossistema e à toda sua configuração antropogeográfica; b) as vicissitudes subjetivas e sociais dos arranjos entre luto e reparação. Consideramos as distorções nos processos e nos protocolos de luto público, a quantificação e a mercantilização das mortes em ações indenizatórias e, finalmente, o desencadeamento de formas específicas de sofrimento psíquico. Aludiremos ainda, pontualmente, à catástrofe de Bento Rodrigues/Mariana.

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Biografia do Autor

Guilherme Massara Rocha, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

Psicanalista e Professor-Associado do Departamento de Psicologia da UFMG. Membro da ISPP (International Society of Philosophy and Psychoanalysis) e da FEDEPSY (Fédération Européenne de Psychanalyse). Orcid: https://orcid.org/0000-0002-3155-5725

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Publicado

2021-10-01

Como Citar

ROCHA, B. M. .; ROCHA, G. M. Vidas precárias do quadrilátero ferrífero de Minas Gerais: Ecocídio, luto, reparação. Revista da UFMG, Belo Horizonte, v. 27, n. 2, p. 36–55, 2021. DOI: 10.35699/2316-770X.2020.21479. Disponível em: https://periodicos.ufmg.br/index.php/revistadaufmg/article/view/21479. Acesso em: 26 abr. 2024.

Edição

Seção

Artigos