A vida no morro enquanto o desastre não acontece
faces da injustiça socioambiental na cidade do Recife
DOI:
https://doi.org/10.35699/2316-770X.2020.21639Palavras-chave:
Injustiça ambiental, Moradia, RiscoResumo
A partir da perspectiva construtivista e de conceitos como injustiça e racismo socioambientais, apresento uma reflexão acerca dos efeitos da omissão do Estado sobre a vida dos moradores das áreas de morro do Recife (PE). Mediante o risco ou a ocorrência de um deslizamento de barreira, os indivíduos acionam redes, arranjos e práticas que revelam a família, o parentesco e a vizinhança como instituições fundamentais para sua permanência na cidade. Ao passo que a (auto)responsabilização, a culpabilização e a competição se desencadeiam como as consequências mais perversas. A precarização do espaço de moradia se constitui em medida de forçar a expulsão nas áreas de morro. Assim, as estratégias dos moradores para persistirem nestas áreas se constituem em práticas de resistência.
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