A Escola como fator de desterritorialização dos povos atingidos pelo rompimento da Barragem do Fundão

Desafios para a Escola de Bento Rodrigues

Autores

  • Adriane Cristina de Melo Hunzicker Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
  • Maria Isabel Antunes-Rocha Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
  • Marcelo Loures dos Santos Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP)

DOI:

https://doi.org/10.35699/2316-770X.2020.21879

Palavras-chave:

rompimento da Barragem de Fundão, desterritorialização, Escola de Bento Rodrigues

Resumo

O artigo analisa as repercussões do rompimento da Barragem de Fundão no processo de territorialização, desterritorialização e reterritorialização da Escola Municipal Bento Rodrigues, partindo da compreensão de que esta situa-se em um contexto campesino. Neste sentido, referencia-se na matriz da Educação do Campo e em autores que trabalham com o conceito de território. Como fonte de dados, faz uso de entrevistas realizadas com professores e lideranças da comunidade. Nas conclusões, reafirma que a escola vivencia ainda um processo de desterritorialização, ao mesmo tempo que alerta sobre os desafios a serem vivenciados na dinâmica da reterritorialização a ser realizada no reassentamento da comunidade em nova área.

Biografia do Autor

  • Adriane Cristina de Melo Hunzicker, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

    Doutoranda e Mestra em Educação na Faculdade de Educação (FaE) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

  • Maria Isabel Antunes-Rocha, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

    Professora no Departamento de Ciências Aplicadas à Educação (DECAE) na FaE/UFMG.

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2021-10-01

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Artigos

Como Citar

A Escola como fator de desterritorialização dos povos atingidos pelo rompimento da Barragem do Fundão: Desafios para a Escola de Bento Rodrigues. Revista da UFMG, Belo Horizonte, v. 27, n. 2, p. 80–105, 2021. DOI: 10.35699/2316-770X.2020.21879. Disponível em: https://periodicos.ufmg.br/index.php/revistadaufmg/article/view/21879. Acesso em: 27 dez. 2024.