Reflexões epistemológicas e éticas sobre a inteligência artificial como área da computação cognitiva

Autores

DOI:

https://doi.org/10.35699/2965-6931.2023.47723

Palavras-chave:

cientificidade, modernidade, ética, computação cognitiva, inteligência artificial

Resumo

O texto ora apresentado suscita algumas considerações sobre o progresso científico que possibilitou o surgimento de um campo da Ciência da Computação, a chamada computação cognitiva, cujo feito maior é o advento da Inteligência Artificial, em torno da qual pesquisas e criações tecnológicas vêm mudando radicalmente o ethos humano em proporções jamais experimentadas. Além da abordagem relativa à cientificidade que molda a concepção de mente como metabolismo do cérebro, pretende-se ainda apontar a necessidade de se refletir sobre tais ocorrências no âmbito da Ética Filosófica (Filosofia Prática), eis que parece no mínimo perigoso reduzir epistemologicamente a integralidade da condição humana a mecanismos biológicos. Esta tendência vem sendo atualizada nas discussões sobre IA e agenciamento maquínico, tendência este que subtrai do humano sua espiritualidade ao equipará-lo a entidades maquínicas que simulam sedutoramente os mecanismos do cérebro do sapiens.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Mariah Brochado, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

Professora Titular de Filosofia da Tecnologia e do Direito da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Doutorado e Mestrado em Filosofia do Direito pela UFMG. Professora Visitante no Leibniz-Institut für Medienforschung - Hans-Bredow-Institut (HBI) da Universidade de Hamburgo.

Lucas Magno de Oliveira Porto, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

Doutorando e Bacharel em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Especialista em Direito Processual Civil e Direito da Seguridade Social.

Referências

AGAZZI, Evandro. Conversazione con Evandro Agazzi. Entrevista concedida a Mario Alai, Portale Italiano di Filosofia Analitica. Giornali di Filosofia, n. 6, gennaio, 2012.

BECK, Ulrich. Sociedade de risco: rumo a uma outra modernidade. São Paulo: Editora 34, 2011.

BERGSON, Henri. A evolução criadora. Tradução de Bento Prado Neto. São Paulo: Martins Fontes, 2005.

BERGSON, Henri. L’évolution créatrice. Canadá: Les Échos du Maquis, 2013. Disponível em: https://philosophie.cegeptr.qc.ca/wp-content/documents/L%C3%A9volution-cr%C3%A9atrice.pdf. Acesso em: 15 ago. 2023.

BERNARD, Claude. Introduccion al estudio de la medicina experimental. [S.l.]: Libros Tauro, 2005.

BODEN, Margaret A. Inteligência artificial: uma brevíssima introdução. Tradução de Fernando Santos. São Paulo: Unesp, 2020.

BODEN, Margaret A. Introducción. In: BODEN, Margaret A. (Comp.). Filosofía de la inteligencia artificial. Traducción de Guillermina Feher de la Torre. México: Fondo de Cultura Económica, 1994. p. 9-32.

BROCHADO, Mariah. Prolegômenos a uma filosofia algorítmica futura que possa apresentar-se como fundamento para um cyberdireito. Revista de Direito Público-RDP, Brasília, v. 18, n. 100, p. 131-170, out./dez. 2021b. Disponível em: https://www.portaldeperiodicos.idp.edu.br/direitopublico/article/view/5977/pdf. Acesso em: 8 jan. 2023.

CHAUÍ, Marilena de Souza. Convite à filosofia. 12. ed. São Paulo: Ática, 1999.

COTTINGHAM, John. Dicionário Descartes. Tradução de Helena Martins. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1995.

CORDEIRO, Veridiana Domingos. Novas questões para sociologia contemporânea: os impactos da Inteligência Artificial e dos algoritmos nas relações sociais. In: COZMAN, Fabio G; PLONSKI, Guilherme Ari; NERI, Hugo (Orgs.). Inteligência artificial: avanços e tendências. São Paulo: Instituto de Estudos Avançados, 2021, p. 206-226. E-book. Disponível em: http://www.iea.usp.br/publicacoes/ebooks/inteligencia-artificial. Acesso em: 02 fev. 2023.

CRUZ, Eduardo Rodrigues da. Criatividade, Transhumanismo e a metáfora Co-criador Criado. Quaerentibus, [S.l.], v. 5, n. 9, p. 42-64, 2017. Disponível em: https://philarchive.org/archive/CRUCTE. Acesso em: 12 jan. 2023.

D’AGOSTINI, Franca. Analíticos e continentais: guia à filosofia dos últimos trinta anos. Tradução de Benno Dichinger. São Leopoldo: Unisinos, 1999.

DESCARTES, René. Discurso do método; Meditações; Objeções e respostas; As paixões da alma; Cartas. Introdução de Gilles-Gaston Granger; prefácio e notas de Gerard Lebrun;. Tradução de J. Guinsburg e Bento Prado Júnior. 3ª ed. São Paulo, Abril Cultural, 1983.

DESCARTES, René. Les Meditations Metaphysiqves de Rene Des-Cartes. Tradução do Latim. Paris: Jean Camvsat & Pierre Le Petit, 1657. Disponível em: http://classiques.uqac.ca/classiques/Descartes/meditations_metaphysiques/meditations_metaphysiques_IMAGE.pdf. Acesso em: 15 ago. 2023.

FROHLICH, Joel. Reverse Engineering the Brain: will Europe's Human Brain Project simulate a human brain? Psychology Today, [S.l.]: Sussex Publishers, 09 maio 2017. Disponível em: https://www.psychologytoday.com/us/blog/consciousness-self-organization-and-neuroscience/201705/reverse-engineering-the-brain. Acesso em: 15 jan. 2023.

KANT, Immanuel. Kritik der reinen Vernunft, [s/l], 2014. Disponível em: https://nowxhere.files.wordpress.com/2014/09/kant-kritik-der-reinen-vernunft.pdf. Acesso em: 15 ago. 2023.

KANT Immanuel. Crítica da razão pura. 7. ed. Tradução de Manuela Pinto dos Santos e Alexandre Fradique Morujão. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2010.

KAPP, Ernst. Grundlinien einer Philosophie der Technik. zur Entstehungsgeschichte der Kultur aus neuen Gesichtspunkten (1877). Hamburg: Felix Meiner Verlag, 2015.

MAYOS, Gonçal. La ‘ignorancia prometeica’ frente la revolución de la inteligencia artificial. In: BARBOSA, Mafalda Miranda; BRAGA NETTO, Felipe; SILVA, Michel César; FALEIROS JÚNIOR, José Luiz de Moura. (Coords.). Direito digital e inteligência artificial: diálogos entre Brasil e Europa. Indaiatuba: Foco, 2021. p. 687-703.

MORA, José Ferrater. Dicionário de Filosofia. Tomo IV. São Paulo: Edições Loyola, 2001.

OLIVEIRA, Thaís de Bessa Gontijo de; CARDOSO, Renato César. Consiliência e a possibilidade do neurodireito: da desconfiança à reconciliação disciplinar. Revista Brasileira de Políticas Públicas, Brasília, v. 8, n. 2, p. 117-142, ago. 2018. Disponível em: https://www.publicacoesacademicas.uniceub.br/RBPP/article/view/5340. Acesso em: 19 jan. 2023.

RAMALHO, Daniel José da Silva. Paul Churchland e a problemática da semântica dos estados mentais. 2010. 81 f. Dissertação (Mestrado em Filosofia Contemporânea) – Departamento de Filosofia da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa, Lisboa, 2010. Disponível em: https://run.unl.pt/bitstream/10362/5259/1/Disserta%c3%a7%c3%a3o1.pdf. Acesso: 18 jan. 2023.

RODRIGUES, Bruno Alves. A inteligência artificial no poder judiciário: e a convergência com a consciência humana para a efetividade da justiça. São Paulo: Thomson Reuters Brasil, 2021.

RUSSEL, Bertrand. História do pensamento ocidental: a aventura dos pré-socráticos a Wittgenstein. Tradução de Laura Alves e Aurélio Rabello. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2017.

TEIXEIRA, João de Fernandes. Inteligência artificial. São Paulo: Paulus, 2009.

WHITBY, Blay. Artificial Intelligence: a beginner’s guide. Oxford: Oneworld, 2003.

WHITBY, Blay. Inteligência artificial: um guia para iniciantes. Tradução de Claudio Blanc. São Paulo: Madras, 2004.

WILSON, Edward Osborne. Consilience: the unity of knowledge. New York: Vintage Books, 1999.

Publicado

2024-05-08

Como Citar

BROCHADO, M.; PORTO, L. M. de O. Reflexões epistemológicas e éticas sobre a inteligência artificial como área da computação cognitiva. Revista da UFMG, Belo Horizonte, v. 30, n. fluxo contínuo, 2024. DOI: 10.35699/2965-6931.2023.47723. Disponível em: https://periodicos.ufmg.br/index.php/revistadaufmg/article/view/47723. Acesso em: 21 nov. 2024.