Evidências de uma reestruturação produtiva pós-neoliberal

Estado, racionalização tecno-organizacional e trabalho

Autores

DOI:

https://doi.org/10.35699/2965-6931.2024.54299

Palavras-chave:

pós-neoliberal, racionalização, reestruturação, capitalismo, trabalho

Resumo

As transformações do capitalismo, a partir da segunda década do século XXI, expõem indícios de que estamos imersos num processo de reestruturação produtiva e organizacional com sérias implicações para o mundo do trabalho. Denominamos esse processo vigente de reestruturação produtiva pós-neoliberal. Assim, o objetivo deste artigo é apresentar evidências e refletir a respeito das características e métodos dessa nova fase do sistema do capital. As evidências são abordadas a partir (i) do processo de transição intensificado no pós-crise de 2008, (ii) do processo de mudança do papel do Estado, (ii) da manufatura avançada enquanto baluarte da racionalização tecnológica e organizacional e, por fim, (iii) das novas formas de racionalização e controle do trabalho. Assim, esperamos contribuir para a sistematização de dados e análises a respeito das crises e transformações atuais do capitalismo e seus entrelaçamentos com as reconfigurações do trabalho.

Referências

ABÍLIO, Ludmila Costhek. Uberização: a era do trabalhador just-in-time? Estudos Avançados, São Paulo, v. 34, n. 98, p. 111–126, jan. 2020.

ALVES, Giovanni. Dimensões da reestruturação produtiva. 2. ed. Londrina: Praxis, 2007.

ALVES, Giovanni. Trabalho e subjetividade: o espírito do toyotismo na era do capitalismo manipulatório. São Paulo: Boitempo, 2011.

ALVES, Giovanni. A crise estrutural do capital e sua fenomenologia histórica. Blog da Boitempo. São Paulo, 21 set. 2012. Disponível em: https://blogdaboitempo.com.br/2012/09/21/a-crise-estrutural-do-capital-e-sua-fenomenologia-historica/. Acesso em: 31 Ago. 2024.

AMORIM, Henrique; MODA, Felipe Bruner. Trabalho por aplicativo: gerenciamento algorítmico e condições de trabalho dos motoristas de Uber. Revista Fronteiras - estudos midiáticos, São Leopoldo, v. 22, n.1, p. 59-71, jan/abr. 2020. Disponível em: <http://revistas.unisinos.br/index.php/fronteiras/article/view/fem.2020.221.06/60747739 >. Acesso em: 31 Ago. 2024.

ANTUNES, Ricardo. Os sentidos do trabalho: ensaio sobre a afirmação e a negação do trabalho. 5. ed. São Paulo: Boitempo, 1999.

ANTUNES, Ricardo. Desenhando a nova morfologia do trabalho: as múltiplas formas de degradação do trabalho. Revista Crítica de Ciências Sociais, Coimbra, n. 83, p. 19-34, dez. 2008. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-40142014000200004&script=sci_arttext> Acesso em: Dez. 2017.

ANTUNES, Ricardo. O privilégio da servidão: o novo proletariado de serviços na era digital. São Paulo: Boitempo, 2018. 328 p.

ANTUNES, Ricardo (org.). Uberização, trabalho digital e indústria 4.0. São Paulo: Boitempo, 2020. 333 p.

ARBIX, Glauco et al. Made in China 2025 e Industrie 4.0: a difícil transição chinesa do catching up à economia puxada pela inovação. Tempo Social, São Paulo, v. 30, n. 3, p. 143–170, set. 2018.

ARBIX, Glauco et al. O Brasil e a nova onda de manufatura avançada: o que aprender com Alemanha, China e Estados Unidos. Novos estudos CEBRAP, São Paulo, v. 36, n. 3, p. 29–49, set/nov. 2017.

BALZAC, Honoré de. A comédia humana. Porto Alegre: Globo, 1959. 560 p.

BELLUZZO, Luiz Gonzaga. O Capital e suas metamorfoses. São Paulo: Unesp, 2013.

BELLUZZO, Luiz Gonzaga; GALÍPOLO, Gabriel. Globalização desigual e combinada. Texto para Discussão Unicamp, Campinas, n. 310, jul. 2017. Disponível em: https://www.eco.unicamp.br/images/arquivos/artigos/3539/TD310.pdf. Acesso em: 31 Ago. 2024.

BRAGA, Ruy. Rebeldia do precariado: trabalho e neoliberalismo no Sul global. São Paulo: Boitempo, 2017. 269 p.

DE STEFANO, Valerio. The rise of the "just-in-time workforce": on-demand work, crowdwork and labour protection in the "gig-economy". Comparative Labor Law & Policy Journal, v. 37, n. 3, p. 461–471, jan. 2016.

CHESNAIS, François. A crise econômica mundial sem fim, interpretação e consequências. Revista Fitos, Rio de Janeiro, p. 29-46, 2018. Edição Especial. Disponível em: https://revistafitos.far.fiocruz.br/index.php/revista-fitos/article/view/669/html. Acesso em: 28 set. 2020.

CROCCO, Fábio Luiz Tezini. Trabalho material e imaterial e transferência de expertises do trabalhador à maquinaria tecnológica. Revista Tecnologia e Sociedade, Curitiba, v. 14, n. 32, p. 21-37, 2018. Disponível em: https://periodicos.utfpr.edu.br/rts/article/view/7876/5073. Acesso em: 07 set. 2020.

CROCCO, Fábio Luiz Tezini. Metamorfoses da globalização e a reestruturação produtiva da manufatura avançada. Cadernos do CEAS: Revista crítica de humanidades, [S. l.], v. 46, n. 253, p. 359–387, dez. 2021. Disponível em: https://cadernosdoceas.ucsal.br/index.php/cadernosdoceas/article/view/972. Acesso em: 12 jun. 2024.

CROCCO, Fábio Luiz Tezini. O Brasil na Reestruturação Produtiva da Manufatura Avançada: Políticas, Ações e Desafios. Cadernos do CEAS: Revista crítica de humanidades, [S. l.], v. 47, n. 257, p. 576–600, dez. 2022. Disponível em: https://doi.org/10.25247/2447-861X.2022.n257.p576-600. Acesso em: 12 Jun. 2024.

GERBAUDO, Paolo. O grande recuo: a política pós-populismo e pós-pandemia. Tradução de Érico Assis. São Paulo: Todavia, 2023. 400 p.

GERBAUDO. Paolo. O grande recuo: uma análise sociopolítica do mundo pós-covid. Nexo. 2022. Disponível em: https://www.nexojornal.com.br/estante-trechos/2022/12/23/o-grande-recuo-uma-analise-sociopolitica-do-mundo-pos-covid. Acesso em: 31 Ago. 2024.

GROHMANN, Rafael. Plataformização do trabalho: entre dataficação, financeirização e racionalidade neoliberal. Revista Eletrônica Internacional de Economia Política da Informação da Comunicação e da Cultura, São Cristovão, v. 22, n. 1, p. 106–122, 2020. Disponível em: https://periodicos.ufs.br/eptic/article/view/12188. Acesso em: 30 Ago. 2024.

HARVEY, David. A condição pós-moderna: Uma pesquisa sobre as origens da mudança cultural. São Paulo: Edições Loyola, 1992.

HARVEY, David. O enigma do capital e as crises do capitalismo. São Paulo: Boitempo, 2011.

HOLDREN, John Paul et al. A National strategic plan for advanced manufacturing. U.S. National Science and Technology Council. Washington, DC, 2012. Disponível em: http://www.docin.com/p-391856652.html. Acesso em: 28 Set. 2020.

IANNI, Octavio. Globalização e neoliberalismo. São Paulo em Perspectiva, v. 12, n. 2, p. 27- 44, 1998.

KOERNER, A.. Capitalismo e vigilância digital na sociedade democrática. Revista Brasileira de Ciências Sociais, v. 36, n. 105, p. 1-5, 2021.

LOJKINE, Jean. A Revolução Informacional. São Paulo: Cortez, 1995.

LUCAS, Rob. Origem e limites do Capitalismo de Vigilância. Outras Palavras. 2021. Disponível em: https://outraspalavras.net/tecnologiaemdisputa/origem-limites-do-capitalismo-de-vigilancia/. Acesso em: 31 Ago. 2024.

LUKÁCS, Georg. Ensaios sobre literatura. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1968.

MANDEL, Ernest. O capitalismo tardio. Tradução de Carlos Eduardo Silveira Mato, Regis de Castro Andrade e Dinah de Abreu Azevedo. São Paulo: Abril Cultural, 1982. 417 p.

MARX, Karl. O capital, livro I. São Paulo: Boitempo, 2014.

MARX, Karl. Manifesto Comunista. São Paulo: Boitempo, 2010.

MARX, Karl. Elementos fundamentales para la critica de la Economia Politica (Grundrisse) 1857-1858. 14. ed. México: Siglo Veintiuno, 1986.

MELLO, Alex Fiúza de. Crise mundial e reestruturação produtiva: algumas questões de ordem teórica. Novos Cadernos NAEA, [S.l.], v. 7, n. 1, dez., p. 5-30, 2008. Disponível em: doi:http://dx.doi.org/10.5801/ncn.v7i1.34. Acesso em: 31 Ago. 2024.

MÉSZÁROS, István. A crise estrutural do capital. São Paulo: Boitempo, 2009.

MUSACCHIO, Aldo; LAZZARINI, Sergio G. Reinventando o capitalismo de estado. O Leviatã nos negócios: Brasil e outros países. São Paulo: Portfolio-Penguin, 2015.

NEWLANDS, Gemma. Algorithmic Surveillance in the Gig Economy: The Organization of Work through Lefebvrian Conceived Space. Organization Studies, 42(5), p. 719-737, 2021. Disponível em: https://doi.org/10.1177/0170840620937900. Acesso em: 31 Ago. 2024.

POCHMANN, Márcio. O emprego na globalização. 3ª ed., São Paulo: Boitempo, 2007.

SCHUH, Günther et al. Industrie 4.0 maturity index: managing the digital transformation of companies. Acatech Study, Munich, 2017. Disponível em: https://en.acatech.de/publication/industrie-4-0-maturity-index-managing-the-digital-transformation-of-companies/. Acesso em: 17 Out. 2020.

SCHWAB, Klaus. A Quarta Revolução Industrial. Tradução de Daniel Moreira Miranda. São Paulo: Edipro, 2016. 160 p.

SLEE, Tom. Uberização: a nova onda do trabalho precarizado. São Paulo: Editora Elefante, 2017.

TONELO, Iuri. Uma nova reestruturação produtiva pós-crise de 2008. In: ANTUNES, Ricardo (Org.). Uberização, Tabalho Digital e Indústria 4.0. São Paulo, Boitempo. 2020.

ZUBOFF, Shoshana. Big Other: capitalismo de vigilância e perspectivas para uma civilização de informação. In: BRUNO, Fernanda; CARDOSO, Bruno; KANASHIRO, Marta; GUILHON, Luciana; MELGAÇO, Lucas (orgs). Tecnopolíticas da vigilância: Perspectivas da margem. São Paulo: Boitempo, 2018.

Publicado

2025-01-28

Como Citar

Evidências de uma reestruturação produtiva pós-neoliberal: Estado, racionalização tecno-organizacional e trabalho. Revista da Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, v. 31, n. fluxo contínuo, 2025. DOI: 10.35699/2965-6931.2024.54299. Disponível em: https://periodicos.ufmg.br/index.php/revistadaufmg/article/view/54299. Acesso em: 24 dez. 2025.

Dados de financiamento