Paisagens da Serra do Espinhaço
DOI:
https://doi.org/10.35699/2316-770X.2017.12612Palavras-chave:
Paisagem, Fotografia, Preservação ambientalResumo
Por que fotografar a paisagem? Essa é a pergunta que ouvi mais de uma vez, desde que comecei, em meados dos anos 1980, a me aventurar pelos arredores de Belo Horizonte carregando uma câmara de madeira e metal, algumas objetivas, tripé e um suprimento de folhas de filme de grande formato. A resposta, invariavelmente, referiase a uma preocupação pessoal com aqueles lugares, à percepção de que eles estão sujeitos a processos de transformação, muitas vezes determinados por interesses alheios à realidade das populações locais – interesses que frequentemente desconsideram aspectos particulares da sua paisagem, de suas condições socioambientais e tradições culturais em nome de um suposto progresso econômico, procurando repetir no campo um modelo urbano em claro processo de exaustão nas grandes cidades.
Na região da Serra do Espinhaço – a mais longa cadeia de montanhas do Brasil, reconhecida como Reserva Mundial da Biosfera pela UNESCO – encontram-se cidades e povoados localizados em cenários de grande beleza cênica e importância histórica. A cadeia do Espinhaço compreende também amplas extensões de áreas rurais, ainda com pouca ou nenhuma ocupação humana, que apresentam características ambientais extremamente relevantes em termos de paisagem, geomorfologia e biodiversidade; algumas dessas áreas vêm sendo ameaçadas ou sofrendo interferências significativas em seu equilíbrio ambiental há anos, em razão, entre outros fatores, da expansão da ocupação urbana e da implantação de grandes empreendimentos de extrativismo mineral.
As fotografias desta série procuram resgatar, em imagens, um pouco desse riquíssimo patrimônio ambiental e paisagístico, em uma abordagem que espera contribuir para os esforços cada vez mais necessários à sua preservação.