v. 6 n. 1 (2025): Limiares destituintes: política, direito, teologia e linguagem (jan/jun 2025)
Dossiê especial

Fé e fausto na pós-inundação: devir animal, abjeção do humano em A língua submersa

Marcus Vinicius Xavier de Oliveira
Universidade Federal de Rondônia
Biografia

Publicado 29-06-2025

Palavras-chave

  • direito e literatura,
  • transdisciplinariedade,
  • Manoel Herzog,
  • Giorgio Agamben,
  • devir animal,
  • abjeção humana
  • ...Mais
    Menos

Como Citar

OLIVEIRA, Marcus Vinicius Xavier de. Fé e fausto na pós-inundação: devir animal, abjeção do humano em A língua submersa. (Des)troços: revista de pensamento radical, Belo Horizonte, v. 6, n. 1, p. e57082, 2025. DOI: 10.53981/destrocos.v6i1.57082. Disponível em: https://periodicos.ufmg.br/index.php/revistadestrocos/article/view/57082. Acesso em: 25 dez. 2025.

Resumo

O presente artigo constitui-se num exercício transdisciplinar situado no campo do Direito e da Literatura, e que tem por paradigma teórico o pensamento de Giorgio Agamben, em particular os livros O aberto: O homem e o animal, a série Homo Sacer e Nudez, e como matéria crítica o livro de Manoel Herzog A língua submersa. Esta obra, situada naquilo que se tem denominado de cli-fi/Anthropocene Fiction, se propõe a enfrentar o impensado que é a terra-mundo completamente outra após a elevação dos oceanos por ação do homem. Nessa ficção, o aberto entre o homem e o animal permanece, como hoje, um aberto, no qual devir animal e abjeção do humano se manifestam como consequência das normas jurídicas a partir da díade crente-noia, e as distinções socais permitem àqueles que gozam de privilégios a busca pela satisfação de uma forme de boi, pondo de manifesto a natureza arbitrária e de excepcionalidade política que caracteriza as sociedades biopolíticas contemporâneas. Metodologicamente, adotou-se a transdisciplinariedade e a teoria agambeniana do paradigma, tendo como procedimento a pesquisa bibliográfica.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Referências

  1. AGAMBEN, Giorgio. “Deus não morreu. Ele tornou-se dinheiro”. Trad. Selvino Assmann, Instituto Humanistas Unisinos. São Leopoldo: 30 ago. 2012. Disponível em: http://www.ihu.unisinos.br/noticias/512966-giorgio-agamben. Acesso em: 30 ago. 2012.
  2. AGAMBEN, Giorgio. A amizade. Trad. Marcus Vinícius Xavier de Oliveira. In: DE OLIVEIRA, Marcus Vinícius Xavier. Guerra ao terror: da biopolítica à bioguerra. Porto Alegre: Editora Fi, 2014c. pp. 315-323.
  3. AGAMBEN, Giorgio. Homo sacer: o poder soberano e a vida nua, I. Trad. Henrique Burigo. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2004.
  4. AGAMBEN, Giorgio. L’aperto. L’uomo e l’animale. Turin: Bollati Boringhieri, 2002.
  5. AGAMBEN, Giorgio. La comunitàche viene. Torino: Bollati Boringhieri, 2001.
  6. AGAMBEN, Giorgio. Nota introdutória sobre o conceito de democracia. Trad. Marcus Vinícius Xavier de Oliveira. In: DANNER, Fernando; DANNER, Leno; KONZEN, Paulo Roberto. Democracia, política, representação: ensaios filosóficos. Porto Alegre: FI, 2014a. pp. 11-15.
  7. AGAMBEN, Giorgio. Nudità. Roma: Notterempo, 2009.
  8. AGAMBEN, Giorgio. Signatura rerum: sul método. Torino: Bollati Boringhieri, 2008.
  9. AGAMBEN, Giorgio. Uma fome de boi. Considerações sobre o sábado, a festa e a inoperosidade. Trad. Marcus Vinícius Xavier de Oliveira. In: DANNER, Fernando; DANNER, Leno; KONZEN, Paulo Roberto. Democracia, política, representação: ensaios filosóficos. Porto Alegre: FI, 2014b. pp. 122-132.
  10. AMANTINO, Marcia. As guerras justas e a escravidão indígena em Minas Gerais nos séculos XVIII e XIX. Varia história, Belo Horizonte, v. 22, n. 35, pp. 189-206, 2006.
  11. ARENDT, Hannah. A condição humana. Trad. Roberto Raposo. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2005.
  12. ARENDT, Hannah. Entre o passado e o futuro. Trad. Mauro W. Barbosa. São Paulo: Perspectiva, 2000.
  13. ARISTÓTELES. De anima. Trad. Maria Cecília Gomes dos Reis. São Paulo: Editora 34, 2006.
  14. ARISTÓTELES. Política. Trad. Therezinha M. Deutsch. Rio de Janeiro: Abril Cultural, 2004.
  15. ATIENZA, Manuel. Curso de argumentación jurídica. Madri: Tecnos, 2013.
  16. BÍBLIA vulgata em latim. Disponível em: https://bibliaestudos.com/vulgata/. Acesso em: 20 jan. 2024.
  17. BOETHIUS. Boethius: The theological tractates. Trad. e org. H. F. Stewart e E. K. Rand. Cambridge: Harvard University Press, 1968.
  18. CANTOR, Norman F. The civilization of the middle ages: A completely revised and expanded edition of medieval history. London: Harper Perennial, 1994.
  19. ESPOSITO. Roberto. Le persone e le cose. Torino: Einaudi, 2014.
  20. FERRAZ JÚNIOR, Tércio Sampaio. Introdução ao estudo do direito: técnica, decisão, dominação. 3 ed. São Paulo: Atlas, 2001.
  21. FOUCAULT, Michel. História da sexualidade I: a vontade de saber. 16 ed. Trad. Maria T. da C. Albuquerque e J. A. Guilhon Albuquerque. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2005.
  22. GOHSH, Amitav. Amitav Ghosh: where is the fiction about climate change?. The Guardian, 28 out. 2016b, .Disponível em: https://www.theguardian.com/books/2016/oct/28/amitav-ghosh-where-is-the-fiction-about-climate-change-. Acesso em: 8 jun. 2025.
  23. GOHSH, Amitav. The great derangement: climate change and the unthinkable. Chicago: University of Chicago Press, 2016a.
  24. GOODBODY, Axel; JOHNS-PUTRA, Adeline. The rise of the climate change novel. In: JOHNS-PUTRA, Adeline (org). Climate and literature. Cambridge: Cambridge University Press, 2019. pp. 229-245.
  25. GUTIÉRREZ, Jorge Luis. A controvérsia de Valladolid (1550): Aristóteles, os índios e a guerra justa. Revista USP, São Paulo, n. 101, pp. 223-235, 2014.
  26. HERZOG, Manoel. A língua submersa. São Paulo: Alfaguara, 2023.
  27. JESUS, Nauk Maria de. A guerra justa contra os Payaguá (1ª metade do século XVIII). História em reflexão: revista eletrônica de história, Dourados, v.1, n. 2, pp. 1-17, 2007.
  28. MAQUIAVEL, Nicolló. O príncipe. Trad. Mário e Celestino da Silva. Brasília: Editora do Senado, 2019.
  29. MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. A ideologia alemã. Trad. Luís C. de Castro e Costa. São Paulo: Martins Fontes, 1989.
  30. MOTA, Sara dos Santos. Portunhol e sua re-territorialização na/pela escrit(u)ra literária: os sentidos de um gesto político. 2014. Dissertação (Mestrado em Letras) - Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, 2014.
  31. NOGUEIRA, Pablo. Na pista do “portunhol selvagem”. Jornal da Unesp. Disponível em: https://jornal.unesp.br/2022/08/19/na-pista-do-portunhol-selvagem/. Acesso em: 20 jan. 2025.
  32. OLIVEIRA, Marcus Vinícius Xavier de. A gestão biopolítica do território nas grandes cidades: inclusão, exclusão e abandono. In: DE OLIVEIRA, Marcus Vinícius Xavier. Estudos de Direito Internacional e Teoria e Filosofia do Direito. Porto Velho: Edufro, 2022. pp. 165-181.
  33. OLIVEIRA, Marcus Vinícius Xavier de. Guerra ao terror: da biopolítica à bioguerra. Porto Alegre: Editora Fi, 2014.
  34. PAULO III, Papa. Veritas Ipsa. Roma, 9 jun. 1537. MONTFORT Associação Cultural, 2016. Disponível em: http://www.montfort.org.br/bra/documentos/decretos/veritas_ipsa/. Acesso em: 30 jan. 2021.
  35. PEREZ, Craig Santos. Love in a Time of Climate Change. Poetry Foundation. Disponível em: https://www.poetryfoundation.org/poems/154804/love-in-a-time-of-climate-change. Acesso em: 30 jan. 2021.
  36. RECCHIA PAEZ, J. "Tempo de criar": invenção, deriva e projeção do portunhol a partir da obra Mar Paraguayo (1992) de Wilson Bueno. Manuscrítica: Revista De Crítica Genética, v. 49, pp. 57-79, 2023.
  37. RICCIARDI, Maurizio. Príncipes e razão de Estado na primeira Idade Moderna. In: DUSO, Giuseppe (org.). O poder: história da Filosofia Política Moderna. Petrópolis: Vozes, 1999. pp. 52-59.
  38. SARTRE, Jean-Paul. O ser e o nada: ensaio de ontologia fenomenológica. Trad. Paulo Perdigão. Petrópolis: Editora Vozes, 2015.
  39. SIMAS, Luiz Antônio. O corpo encantado das ruas. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2019.
  40. VICAR of Christ. In: CROSS, F. L.; LIVINGSTONE, E. A. (ed.). The Oxford dictionary of the Christian Church. Oxford: Oxford University Press, 1997. p. 1727.
  41. WITTGENSTEIN, Ludwig. Tractatus logico-philosophicus. Trad. Luiz H. Lopes dos Santos, São Paulo: Edusp, 2017.