v. 2 n. 2 (2021): Dossiê - Constituinte e destituinte: poderes, potências e pensamento (des)instituinte (jul/dez 2021)
Dossiê especial

Destituinte: a formação do conceito entre a prática da crítica e a crítica da prática

Lorena Martoni de Freitas
Universidade Federal de Lavras, Lavras, Brasil
Biografia

Publicado 17-04-2022

Palavras-chave

  • destituinte,
  • poder constituinte,
  • novos movimentos sociais

Como Citar

FREITAS, L. M. de. Destituinte: a formação do conceito entre a prática da crítica e a crítica da prática. (Des)troços: revista de pensamento radical, Belo Horizonte, v. 2, n. 2, p. 67–88, 2022. DOI: 10.53981/destroos.v2i2.36298. Disponível em: https://periodicos.ufmg.br/index.php/revistadestrocos/article/view/36298. Acesso em: 18 abr. 2024.

Resumo

Este trabalho busca explorar a formação do conceito de “destituinte” no interior da prática política e da crítica filosófica. Para tanto, identifica seu surgimento no interior da crise do conceito de poder constituinte instaurada nos estudos constitucionais, no qual é tratado como uma mera questão de princípio da ordem jurídica que, sob uma perspectiva teleológica da história, é absorvido pelo poder constituído uma vez consolidadas as estruturas ditas democráticas do atual Estado de Direito. Nessa esteira, com o suposto intuito de garantir a perenidade dos direitos fundamentais e a estabilidade das instituições democráticas – em especial, após as experiências totalitárias que marcaram o século passado –, a inerente dimensão des-constituinte do poder constituinte vem sendo paulatinamente silenciada. Porém, trata-se de tendência teórica que tem enfrentado sérios desafios face aos novos movimentos sociais que vêm tomando as ruas em vários locais do globo nas últimas décadas, sendo justamente nesse contexto que uma nova abordagem passou a se configurar, voltada a analisar de forma mais aprofundada essa dimensão desconstituinte, e que podemos reunir sob o rótulo de “pensamento do destituinte”.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

  1. AGAMBEN, Giorgio. A potência do pensamento. Trad. Carolina Pizzolo Torquato. Revista do Departamento de Psicologia, v. 18, n. 1, pp. 11-28, 2006.
  2. AGAMBEN, Giorgio. Ideia do poder. In: Ideia de prosa. Trad. João Barrento. Belo Horizonte: Autêntica, pp. 61-62, 1987.
  3. AGAMBEN, Giorgio. Notas sobre a política. In: Meios sem fim: notas sobre a política. Trad. Davi Pessoa. Belo Horizonte: Autêntica, pp. 53-56, 2015.
  4. AGAMBEN, Giorgio. O que é um dispositivo? In: O que é o contemporâneo e outros ensaios. Trad. Vinícius Nicastro Honesko. Chapecó: Argos, pp. 25-54, 2009.
  5. AGAMBEN, Giorgio. O reino e a glória. Trad. Selvino J. Assmann. São Paulo: Boitempo, 2011.
  6. AGAMBEN, Giorgio. O uso dos corpos: homo sacer, IV. 2. Trad. Slevino J. Assmann. São Paulo: Boitempo, 2017.
  7. AGAMBEN, Giorgio. Por uma teoria do poder destituinte. Disponível em: https://5dias.wordpress.com/2014/02/11/por-uma-teoria-do-poder-destituinte-de-giorgio-agamben/. Acesso em 2 set. 2020.
  8. AMATO, Pierandrea et. al. Editorial. Pouvoir destituant: les révoltes métropolitaines, n. 3, pp. 11-16, 2008.
  9. BALESTRINI, Nanni; MORONI, Primo. La horde d’or: la grande vague révolutionnaire et créative, politique et existentielle. Italie 1968-1977. Trad. Jeanne Revel, Jean-Baptiste Leroux, Pierre Vincent Cresceri et Laurent Guilloteau. Paris: L’éclat, 2017.
  10. BEAUD, Olivier. La puissance de l’État. Paris: PUF, 1994.
  11. BENJAMIN, Walter. Para uma crítica da violência. In: BENJAMIN, Walter. Escritos sobre mito e linguagem (1915-1921). Trad. Susana Kampff Lages e Ernani Chaves. São Paulo: Editora 34, pp. 121-156, 2011.
  12. BURDEAU, Georges. Traité de science politique. V. IV. Paris: Librairie Générale de Droit et de Jurisprudence, 1950.
  13. CHRISTODOULIDIS, Emilios. Against substitution: the constitutional thinking of dissensus. In: LOUGHLIN, Martin. WALKER, Neil. The Paradox of constitutionalism: constituent power and constitutional form. Oxford: Oxford University, pp. 189-210, 2007.
  14. COCCO, Giuseppe. Introdução. In: Trabalho imaterial. Trad. Mônica Jesus. Rio de Janeiro: DP&A, pp. 7-24, 2001.
  15. COLLADO, Francis Garcia; MATOS, Andityas Soares de Moura Costa. Más allá de la biopolítica: biopotencia, bioarztquía, bioemergencia. Girona: Documenta Universitaria, 2020.
  16. CUSSET, François. Les nouvelles logiques de la révolte: enquête sur le renouveau pratique et théorique de la contestation. Revue du crier, v. 2, n. 2, pp. 128-43, 2015.
  17. DELEUZE, Gilles. Desejo e prazer. Trad. Luiz B. L. Orlandi. Cadernos de subjetividade, n. especial, pp. 15-25, 1996.
  18. DELEUZE, Gilles; NEGRI, Antonio. O devir revolucionário e as criações políticas. Trad. João H. Costa Vargas. Novos Estudos, n. 28, pp. 67-73, 1990.
  19. ESPOSITO, Roberto. Pensiero instituente: tre paradigmi di ontologia politica. Torino: Giulio Einaudi, 2020.
  20. FREITAS, Lorena Martoni de. A sociedade de segurança segundo Michel Foucault: os limites da efetividade do direito no paradigma da governamentalidade. Dorsal. Revista de estudios foucaultianos, n. 7, pp. 103-122, 2019.
  21. GOMES, Ana Suelen Tossige; MATOS, Andityas Soares de Moura Costa. A proposta de uma forma-de-vida anárquica na obra de Giorgio Agamben: uso inoperoso e não constituinte do poder. Revista da Faculdade de Direito UFMG, n. 71, pp. 47-68, 2017.
  22. HARDT, Michael; NEGRI, Antonio. Commonwealth. Cambridge: Havard University, 2009.
  23. HARDT, Michael; NEGRI, Antonio. assembly. New York: Oxford University, 2017.
  24. INVISÍVEL, Comitê. Agora. Trad. Vinícius Honesko. São Paulo: N-1, 2017.
  25. INVISÍVEL, Comitê. Aos nossos amigos. Trad. Edições antipáticas. São Paulo: N-1, 2016.
  26. LAUDANI, Raffaele. Disobedience in western political thought: a genealogy. Trad. Jason Francis McGimsey. Cambridge: Cambridge University, 2013.
  27. LAZZARATO, Maurizio; NEGRI, Antonio. Trabalho imaterial e subjetividade. In: Trabalho imaterial. Rio de Janeiro: DP&A, pp. 25-42, 2001.
  28. NEGRI, Antonio. Acting in common, and the limites of capital. In: Marx and Foucault. Trad. Ed Emery. Cambridge: Polity, 2017, pp. 63-73.
  29. NEGRI, Antonio. An Italian breakpoint: production versus development. In: Marx and Foucault. Trad. Ed Emery. Cambridge: Polity, pp. 84-93, 2017.
  30. NEGRI, Antonio. Biopower and Biopolitics: Subjectivities in Struggle. Interview with Luca Salza. In: Marx and Foucault. Trad. Ed Emery. Cambridge: Polity, pp. 123-34, 2017.
  31. NEGRI, Antonio. Marx after Foucault: the subject refound. In: Marx and Foucault. Trad. Ed Emery. Cambridge: Polity, pp. 188-198, 2017.
  32. NEGRI, Antonio. O poder constituinte. Trad. Adriano Platti. Rio de Janeiro: DP&A, 2002.
  33. NEGRI, Antonio. Reflections on the use of dialetics. In: Marx and Foucault. Trad. Ed Emery. Cambridge: Polity Press, pp. 37-46, 2017.
  34. PINTO, Luzia Marques da Silva Cabral. O poder constituinte: do tempo das pátrias à era da globalização. (Tese de doutorado) Universidade de Sevilla, 2012. Disponível em: https://idus.us.es/handle/11441/56799. Acesso em 22 jun. 2021.
  35. SITUACIONES, Colectivo. 19 y 20: apuntes para el nuevo protagonismo social. Buenos Aires: Ediciones de mano en mano, 2002.
  36. TARÌ, Marcello. Um piano nas barricadas: autonomia operária (1973-1979). Trad. Edições Antipáticas. Lisboa: Edições Antipáticas, 2013.