Tem extensão na pós-graduação? A experiência do projeto Feira de Trocas como caminho formativo entre a extensão e a pós-graduação
DOI:
https://doi.org/10.35699/2318-2326.2025.59735Palabras clave:
Colonialidade do saber, Projeto de extensão, Pós-graduaçãoResumen
O propósito deste artigo é caracterizar a construção do projeto de extensão Feira de Trocas, discutindo sua contribuição para a formação de pós-graduandos por meio das lentes da decolonialidade do saber, uma vez que a extensão assume uma posição de compromisso das Universidades junto à sociedade, estando orientada a superar barreiras entre os saberes científicos e populares. Para alcançar tal propósito, o referencial teórico aborda sobre a colonialidade do saber no ensino superior e a extensão universitária. A metodologia deste estudo caracteriza-se como qualitativo, de caráter exploratório e descritivo. O método utilizado foi o autoetnográfico. Para tratar as informações coletadas foi utilizada a análise de narrativa temática. Observa-se que os participantes do projeto de extensão analisado conseguem atribuir significados e incorporar outros saberes à sua formação. Evidenciando a potencialidade do projeto coletivo Feira de Trocas de romper com os aspectos da colonialidade no âmbito das universidades e como importante pilar de formação para os discentes, em especial da pós-graduação, mesmo em meio a obstáculos a serem superados. Demonstrando a potencialidade da extensão de contribuir para que a universidade seja um espaço de formação e articulação de diferentes saberes e experiências.
Referencias
ALCADIPANI, R. Resistir ao produtivismo: uma ode à perturbação Acadêmica. Cadernos EBAPE.BR, Rio de Janeiro, v. 9, n. 4, p. 1174–1178, 2011. DOI: https://doi.org/10.1590/S1679-39512011000400015.
ALMEIDA-FILHO, N. Resgate histórico da educação superior no Brasil: casos-índice de colonialidade na universidade. Universidades, [s. l.], v. 75, n. 100, p. 20-41, 2024. Disponível em: https://doi.org/10.36888/udual.universidades.2019.82.57. Acesso em: 14 maio 2024.
AMARAL, I. G.; NAVES, F. O enfrentamento das opressões de gênero numa universidade pública: o papel dos coletivos na ótica do feminismo decolonial. Revista Brasileira de Estudos Organizacionais, Curitiba, v. 7, n. 1, p. 151-184, 2020. DOI: https://doi.org/10.21583/2447-4851.rbeo.2020.v7n1.305.
ASSIS, R. M.; BONIFÁCIO, N. A. A formação docente na universidade: ensino, pesquisa e extensão. Educação e fronteiras, Dourados, v. 1, n. 3, p. 36-50, 2011. Disponível em: https://ojs.ufgd.edu.br/index.php/educacao/article/view/1515. Acesso em:26 maio 2024.
BARRETO, A. L.; FILGUEIRAS, A. L. Origens da universidade brasileira. Química Nova, Campinas, v. 30, n. 7, p. 1780-1790, 2007. Disponível em: https://www.scielo.br/j/qn/a/rzxmW6ggvDDvXJYLBFkg38m/. Acesso em: 15 maio 2024.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal, 1988. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em:14 maio 2024.
BRASIL. Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014. Aprova o Plano Nacional de Educação − PNE e dá outras providências. Ministério da Educação: Brasília, DF, 2014. Disponível em: https://pne.mec.gov.br/18-planos-subnacionais-de-educacao/543-plano-nacional-de-educacao-lei-n-13-005-2014. Acesso em: 14 jun. 2024.
BISPO, M de S. Contradições na pós-graduação em administração brasileira. Revista Eletrônica de Ciência Administrativa, Campo Largo, v. 19, n. 2, p. 169-180, 2020. DOI: http://dx.doi.org/10.21529/RECADM.2020007.
BRITO, L. M.; SANTOS, G. G. Colonialidade do saber e universidade no Brasil: a necessária promoção da justiça cognitiva. In: CONGRESSO INTERNACIONAL EPISTEMOLOGIAS DO SUL, 2., 2017, Foz do Iguaçu. Anais […]. Foz do Iguaçu: Universidade Federal da Integração Latino-Americana, 2018. p. 106-112.
CACIATORI, E. G.; FAGUNDES, L. M. A colonialidade do poder e a dependência do estado latino americano: elementos para refletir a condição periférica regional. Revista Culturas Jurídicas, Niterói, v. 5, n. 12, p. 87-109, 2018. Disponível em: https://periodicos.uff.br/culturasjuridicas/article/view/45144. Acesso em:18 jun. 2024
CARVALHO, C. A.; VIEIRA, M. M. F. Algo está podre no reino da Dinamarca. Revista Organização & Sociedade, [s. l.], v. 10, n. 26, p. 185-187, 2003. Disponível em: https://periodicos.ufba.br/index.php/revistaoes/article/view/10688. Acesso em:12 jul. 2024.
CHAUÍ, M. A universidade operacional. Avaliação: Revista da Avaliação da Educação Superior, Campinas; Sorocaba, v. 4, n. 3, 1999. Disponível em: https://periodicos.uniso.br/avaliacao/article/view/1063. Acesso em:23 jun. 2024.
COORDENAÇÃO DE APERFEIÇOAMENTO DE PESSOAL DE NÍVEL SUPERIOR. CAPES divulga diretrizes para o ciclo avaliativo 2025-2028. 2025. Disponível em: https://www.gov.br/capes/pt-br/assuntos/noticias/capes-divulga-diretrizes-para-o-ciclo-avaliativo-2025-2028. Acesso em: 05 jun. 2025.
CUNLIFFE, A. L. Reflexividade no ensino e pesquisa de Estudos Organizacionais. Revista de Administração de Empresas, [s. l.], v. 60, n. 1, jan.-fev. 2020. DOI: https://doi.org/10.1590/s0034-759020200108.
DUSSEL, E. Europa, modernidade e eurocentrismo. In: LANDER, E. (org.). A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas latinoamericanas. Buenos Aires: CLACSO, 2005.
GADOTTI, M. Extensão Universitária: Para quê? São Paulo: Instituto Paulo Freire. 2017. Disponível em: https://www.paulofreire.org/images/pdfs/Extens%C3%A3o_Universit%C3%A1ria_-_Moacir_Gadotti_fevereiro_2017.pdf. Acesso em: 28 maio 2024.
GONÇALVES, E. C. B. Transformação social: caminhos. Rio de Janeiro: Edição dos Autores, 85 p, 2024.
GROSFOGUEL, R. Descolonizando los Universalismos Occidentales: El Pluri-Versalismo Transmoderno Decolonial desde Aimé Césaire hasta los Zapatistas. In: CASTRO-GÓMEZ, S., GROSFOGUEL, R. (org.). El giro decolonial: reflexiones para una diversidad epistémica más allá del capitalismo global. Bogotá: Siglo del Hombre Editores; Universidad Central, Instituto de Estudios Sociales Contemporáneos y Pontificia Universidad Javeriana, Instituto Pensar, p. 61-77, 2007.
JIMENEZ, M. O. et al. A extensão e a universidade brasileira: do estatuto das universidades até a curricularização da extensão. Educação: Teoria e Prática, [S. l.], v. 33, n. 66, 2023. Disponível em: https://www.periodicos.rc.biblioteca.unesp.br/index.php/educacao/article/view/15304.
LANDER, E. Ciências sociais: saberes coloniais e eurocêntricos. In: LANDER, E. (org.). A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas latinoamericanas. Buenos Aires: CLACSO, 2025.
LUGONES, M. Rumo a um feminismo decolonial. Revista Estudos Feministas, v. 22, p. 935-952, 2014. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ref/a/QtnBjL64Xvssn9F6FHJqnzb. Acesso em: 08 ago. 2024.
MALDONADO-TORRES, N. Sobre la colonialidad del ser: contribuciones al desarrollo de un concepto. El giro decolonial. Reflexiones para una diversidad epistémica más allá del capitalismo global, p. 127-167, 2007. Disponível em: https://ram-wan.net/restrepo/decolonial/17-maldonado-colonialidad%20del%20ser.pdf. Acesso em: 16 jun. 2024.
MAYORGA, C..Reflexões sobre a integralização da extensão nos currículos de graduação. Interfaces – Revista de Extensão da UFMG, Belo Horizonte, v. 9, n. 2, 2021. Disponível em: https://periodicos.ufmg.br/index.php/revistainterfaces/article/view/37719. Acesso em: 02 jul. 2024.
MIGNOLO, W. D. Colonialidade: o lado mais escuro da modernidade. Tradução de Marco Oliveira. Revista brasileira de ciências sociais, São Paulo, v. 32, n. 94, 2017a. Disponível em:https://www.scielo.br/j/rbcsoc/a/nKwQNPrx5Zr3yrMjh7tCZVk/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: 22 jun. 2024.
MIGNOLO, W. D. Desafios decoloniais hoje. Revista Epistemologias do Sul, Foz do Iguaçu, v. 1, n. 1, p. 12-32, 2017b. Disponível em: https://revistas.unila.edu.br/epistemologiasdosul/article/view/772. Acesso em: 23 jun. 2024.
MOITA, F. M. G.; ANDRADE, F. C. B. Ensino-pesquisa-extensão: um exercício de indissociabilidade na pós-graduação. Revista Brasileira de Educação, Rio de Janeiro, v. 14, n. 41, 2009. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbedu/a/gmGjD689HxfJhy5bgykz6qr/. Acesso em:17 jul. 2024.
MOREIRA, T. L.; MAFRA, F. L. N. Descolonização do saber e a complexidade sociopolítica das universidades públicas brasileiras. In: XLVII Encontro da ANPAD – EnANPAD 2023. São Paulo. DOI: https://doi.org/10.21714/2177-2576.
NUNES, F, G. Desafios da pós-graduação: articulação entre ensino, pesquisa e extensão e diálogo com outras formas de produção do conhecimento. Atos de Pesquisa em Educação, [S. l.], v. 12, n. 1, p. 23-35, 2017. Disponível em: https://ojsrevista.furb.br/ojs/index.php/atosdepesquisa/article/view/6070. Acesso em: 03 ago. 2024.
NUNES, A. L. de P. F.; SILVA, M. B. da C. A extensão universitária no ensino superior e a sociedade. Mal-estar e Sociedade, Barbacena, v. 4, n. 7, p. 119-133, 2011. Disponível em: https://revista.uemg.br/index.php/gtic-malestar/article/view/60. Acesso em: 28 jun. 2024.
PEREIRA, E. B.; EUGÊNIO, B. G. Narrativas de formação: potencialidades e possibilidade para a pesquisa em educação. e-Mosaicos, Rio de Janeiro, v. 8, n. 18, 2019. DOI: https://doi.org/10.12957/e-mosaicos.2019.41983.
PIMENTEL, S. K.; MENEZES, P. D. R. de. A Teia dos Povos e a universidade: agroecologia, saberes tradicionais insurgentes e descolonização epistêmica. Ambiente & Sociedade, São Paulo, v. 25, 2022. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/1809-4422asoc20200094r1vu2022L1AO.
POLÍTICA NACIONAL DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA. Fórum de Pró-Reitores das Instituições Públicas de Educação Superior. Manaus, 2012. Disponível em: http://proex.ufsc.br/files/2016/04/Política-Nacional-de-Extensão-Universitária-e-book.pdf. Acesso em: 15 de jun. 2024.
PORTO-GONÇALVES, C. W. Apresentação da edição em português. In: LANDER, E. (org.). A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas latinoamericanas. Coleção Sur Sur. Buenos Aires: CLACSO, 2005. Disponível em: https://ufrb.edu.br/educacaodocampocfp/images/Edgardo-Lander-org-A-Colonialidade-do-Saber-eurocentrismo-e-ciC3AAncias-sociais-perspectivas-latinoamericanas-LIVRO.pdf. Acesso em: 06 jun. 2024.
QUIJANO, A. Colonialidad y modernidad/racionalidad. Perú indígena, Lima, v. 13, n. 29, p. 11-20, 1992. Disponível em: https://www.lavaca.org/wp-content/uploads/2016/04/quijano.pdf. Acesso em: 01 jun. 2024.
QUIJANO, A. Colonialidade do poder, Eurocentrismo e América Latina. In: Lander, E. (org.). A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas latinoamericanas. Buenos Aires: CLACSO, 2005. Disponível em: https://biblioteca.clacso.edu.ar/clacso/sur-sur/20100624103322/12_Quijano.pdf. Acesso em: 02 jun. 2024.
SÁ, M. et al.De onde viemos, para onde vamos? Autocrítica coletiva e horizontes desejáveis aos Estudos Organizacionais no Brasil. RAE, v. 60, n. 2, 2020. DOI: https://doi.org/10.1590/s0034-759020200209.
SANTOS, B. S. A universidade no século XXI: para uma reforma democrática e emancipatória da universidade. Cortez: São Paulo, 2004.
SANTOS, C. M.; BIANCALANA, G. R. Autoetnografia: um caminho metodológico para artes performativas. Revista Aspas, São Paulo, v. 7, n. 2, 2017. DOI: https://doi.org/10.11606/issn.2238-3999.v7i2p53-63.
SILVEIRA, H. E.; Ferreira, O. A. Extensão na pós-graduação: avanços necessários para o desenvolvimento da pesquisa cientifica no Brasil. Em Extensão, Uberlândia, v. 23, n. 1, p. 1-22, 2024. DOI: https://doi.org/10.14393/REE-v23n12024-73722.
SLEUTJES, M. H. S. Refletindo sobre os três pilares de sustentação das universidades: ensino-pesquisa-extensão. RAP, Rio de Janeiro, v. 33, n. 3, 1999. Disponível em: https://periodicos.fgv.br/rap/article/view/7639. Acesso em: 27 maio 2024.
SEPAROVIC, L.; PASSARIN, P. Universidade: Ensino, Pesquisa e Extensão: Definições e Conceitos. A USP no Ensino, na Pesquisa e na Extensão (Conhecendo a USP e o que a Universidade Oferece aos Alunos, Pesquisadores e Comunidade Externa). E-disciplinas Usp, 2017. Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4097657/mod_resource/cont ent/1/Tema%201.pdf. Acesso em: 08 jun. 2024.
SEGATO, R. Crítica da colonialidade em oito ensaios: e uma antropologia por demanda. 1. ed. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2021.
SZLECHTER, D. et al. Estudios Organizacionales en América Latina: hacia una agenda de investigación. RAE – Revista de Administração de Empresas, [S. l.], v. 60, n. 2, p. 84-92, 2020. DOI: https://doi.org/10.1590/s0034-759020200202.
ANDRADE, L. M. S. de. et al. (org.).Catálogo I Encontro Nacional sobre a extensão na Pós-graduação e assessoria técnica para a produção do habitat mais saudável, resiliente e solidário no campo e na cidade: residências acadêmicas, cursos de especialização e grupos de pesquisa e extensão. Brasília, DF: LaSUS FAU: Editora Universidade de Brasília, 2023. Disponível em: https://livros.unb.br/index.php/portal/catalog/book/445. Acesso em: 20 jul. 2024.
VALÊNCIO, N. F. L. S. A indissociabilidade entre Ensino/Pesquisa/Extensão: verdades e mentiras sobre o pensar e o fazer da universidade Pública no Brasil. Revista Proposta, Rio de Janeiro, n. 83, 2000.
WALSH, C.. Shifting the Geopolitics of Critical Knowledge: decolonial thought and cultural studies others‘in the Andes. Cultural Studies, London, v. 21, n. 2-3, p. 224-239, 2007. Disponível em: https://www.tandfonline.com/doi/full/10.1080/09502380601162530. Acesso em: 28 jul. 2024.
ZACCARELLI, L. M.; Godoy, A. S. Deixa eu te contar uma coisa…: Possibilidades do uso de narrativas e sua análise nas pesquisas em organizações. Revista Gestão Organizacional, Chapecó, v. 6, n. 3, 2013. DOI: https://doi.org/10.22277/rgo.v6i3.1521.