v. 2 n. 1 (2023): Dossiê: O espaço colonial: entre ornamento e arquitetura
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Pensar o efêmero – entre a quadratura e as especulações teóricas nas discussões em Santo Antão sob o comando de Inácio Vieira S.J.

Magno Moraes Mello
Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG

Publicado 2023-07-10

Como Citar

Moraes Mello, M. (2023). Pensar o efêmero – entre a quadratura e as especulações teóricas nas discussões em Santo Antão sob o comando de Inácio Vieira S.J. Perspectiva Pictorum, 2(1). Recuperado de https://periodicos.ufmg.br/index.php/revistaperspectivapictorum/article/view/46842

Resumo

Este estudo tem como ponto central discutir um pouco mais as Aulas de Matemática do Colégio de Santo Antão, em Lisboa, ministradas pelo Jesuíta Inácio Vieira. Nesse sentido, esta pesquisa pode estar condicionada a dois manuscritos inéditos, hoje na Biblioteca Nacional de Portugal: o Tratado de Óptica e o Tratado de Perspectiva, respectivamente, 1714 e 1715. Consideramos estes manuscritos como o primeiro momento em que se discutia em Lisboa questões sobre representação perspectivada na produção de pinturas e/ou cenografias. Vieira lecionava, entre os anos de 1709 e de 1721, coincidindo com a presença em Lisboa do florentino Vincenzo Bacherelli, entre os anos de 1701 a 1721. Estes dois decoradores mudaram sistematicamente o contexto da prática pictórica em Portugal durante a primeira metade do século XVIII e ainda influenciaria toda a pintura perspéctica ao longo da centúria. Os dois textos de Vieira, aqui referidos são basilares para um melhor entendimento da perspectiva, da cenografia e, em certa medida, da quadratura durante o reinado de D. João V (1707-1750). Este período caracteriza-se com um novo olhar e um novo conceito de espaço construído nos intradorsos dos templos e edifícios lisboetas. É interessante lembrar que em 1615 outro estudo se fazia sentir em Lisboa sobre perspectiva. Trata-se do texto do dominicano Felipe Nunes, publicado exatamente um século antes do manuscrito de Vieira. São questões interessantes e que nos chama a atenção para o papel fulcral de Vieira no século XVIII, como professor de Matemática. A pintura e a cenografia agora estão em primeiro plano nas discussões teóricas e na formação de alguns artistas, como ainda na produção das pinturas de falsa arquitetura.  O texto de 1615 não era didático em relação à Perspectiva, mas evidenciava um lugar privilegiado desta representação pictórica para as artes figurativas. Foi preciso esperar a força dos Jesuítas e a gama de textos saídos da mão do matemático Inácio Vieira. Um estudioso da Óptica, da Perspectiva e de tantas outras matérias que também explorava as dimensões práticas para a produção cenográfica em teatros ou em tetos. Este estudo irá apresentar a força das suas Aulas e a relação entre seus manuscritos com a prática pictórica no gênero da quadratura.

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