A igreja matriz de Santiago do Iguape: presença cenográfica barroca à beira da Baía do Iguape, no Recôncavo Baiano
Published 2025-03-24
Copyright (c) 2025 Rodrigo Espinha Baeta, Jamile Lima

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Abstract
Numa comunidade remota, à beira da Baía do Iguape, na região do Recôncavo Baiano, surge um monumento totalmente singular por sua grandiosidade, por sua implantação majestosa, por suas proporções equilibradas, por sua trama elegante e erudita: a Igreja Matriz de Santiago do Iguape. É tocante como sua unidade arquitetônica exibe soluções tipológicas, compositivas, volumétricas, formais, espaciais que muito se aproximam de uma série de igrejas paroquiais e de irmandades da Salvador colonial. Esta constatação evidencia a indiscutível influência cultural e econômica que a capital baiana detinha no último quartel do século XVIII (época provável do início da construção do templo) como referência política e cultural para a classe dominante rural – em relação aos centros econômicos açucareiros que viriam a bancar a construção da igreja sede da Freguesia de Santiago do Iguape. Contudo, enquanto as igrejas paroquiais e de irmandade de Salvador despontavam como expressivos acontecimentos cenográficos lançados no denso núcleo urbano barroco, a transposição contemporânea de seu esquema compositivo para a Matriz de Santiago desvela, em sua sublime e dramática implantação nas margens da baía, o desejo barroco de exaltação de poder da então classe dominante rural. A partir da abolição da escravidão a sede paroquial passa a atender as comunidades quilombolas locais. São estes grupos étnicos, predominantemente constituídos pela população negra rural – descendentes daqueles escravizados que trabalharam nos antigos e abandonados engenhos de açúcar –, que usufruem, apoiam e sustentam a Freguesia e a Igreja Matriz de Santiago do Iguape hoje.
