ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO UTILIZADAS POR TRABALHADORES DA INDÚSTRIA TÊXTIL FRENTE AO TRABALHO REPETITIVO
DOI:
https://doi.org/10.35699/2238-037X.2022.39983Palavras-chave:
Indústria têxtil, Estratégia de enfrentamento, Uso de siResumo
A indústria têxtil é, sem dúvida, uma importante atividade econômica, dentre as existentes no mercado brasileiro, grande geradora de empregos e faturamento. Entretanto, as tarefas exigidas neste ambiente podem afetar negativamente a saúde de seus trabalhadores, como, por exemplo, a realização de movimentos repetitivos por longo períodos, característicos de trabalhos industriais que utilizam de máquinas em seu processo produtivo. Para tentar “driblar” os empecilhos encontrados na realização das atividades, muitos trabalhadores se veem obrigados a utilizar alternativas para fugir, amenizar e/ou enfrentar tais riscos. É a partir do conhecimento dessas situações que temos como objetivo identificar as estratégias de enfrentamento utilizadas por trabalhadores de uma indústria têxtil, frente a realização de trabalho repetitivo. A pesquisa foi realizada com trabalhadores de uma indústria têxtil, do interior do Brasil, que realizam movimentos repetitivos em sua jornada laboral diária. O estudo de caso associou recursos metodológicos da Análise Ergonômica do Trabalho (AET) aos pressupostos e conceitos da Abordagem Ergológica do Trabalho. Em uma primeira fase exploratória houve aproximação do problema de pesquisa levantando informações sobre a empresa e seus trabalhadores. Em um segundo momento a investigação aprofundou a questão com entrevistas individuais semiestruturadas com nove trabalhadores, observando-os durante a realização de suas atividades. Nas situações de trabalho selecionadas para estudo, constatamos riscos do trabalho, como a realização de movimentos repetitivos, tais como postura forçada e inadequada, levantamento e transporte de peso, ruído intenso, longos períodos em pé, excesso de poeira de algodão no ar e riscos de acidentes com máquinas. Enfocando especificamente a realização dos movimentos repetitivos, encontramos como estratégias de enfrentamento, a redução do ritmo e intensidade de trabalho, a construção de saberes a respeito das máquinas e materiais, a ingestão de medicamentos para dor, a busca por evitar erros que posteriormente devem ser reparados em atividades ainda mais desgastantes, os alongamentos antes e durante o trabalho, os saberes em relação ao modo de transportar as caixas, a ação de fazer dobra de lata, entre outros. Assim, pudemos validar alguns pressupostos da Abordagem Ergológica do Trabalho, que considera que os sujeitos não são meros executores de tarefas, mas sim, possuidores de saberes, vontades, valores, inteligências e histórias, e isso configura as maneiras como eles realizam as atividades, através de construções coletivas ou individuais de métodos de se protegerem no trabalho. Trazendo para destaque três pontos chave: a relação entre as estratégias, renormalizações e saúde; os riscos multicausais de adoecimentos (físicos, organizacionais) e; a não absoluta positividade das consequências da utilização de estratégias de enfrentamento, que tem como objetivo assegurar a saúde.
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