UBERIZAÇÃO E TRABALHO DOCENTE

UMA DISCUSSÃO A PARTIR DA PLATAFORMA SUPERPROF

Autores

DOI:

https://doi.org/10.35699/2238-037X.2024.53283

Palavras-chave:

Trabalho Docente, Uberização, Superprof

Resumo

A precarização do trabalho docente é uma recorrência histórica no Brasil e mesmo com as tentativas de resistência, tornou-se cultural. O que resulta em baixos salários, excesso de aluno em salas de aula, necessidade de multijornadas, redução das horas de planejamento, entre outras. As mudanças nas concepções do trabalho sempre ocorreram, mas sofreram alterações relevantes com o neoliberalismo instituído como uma racionalidade vigente. No caso do trabalho docente, a precarização ocorre pelos novos modos de exercer a profissão a partir da articulação do neoliberalismo tecnológico e da flexibilização das leis trabalhistas. Nesse contexto, a uberização é compreendida como uma nova forma de organização do trabalho, baseada na expansão tecnológica. Este artigo tem como objetivo apresentar uma análise dos processos de precarização do trabalho docente no Brasil, a partir do enfoque na plataforma Superprof. O percurso metodológico foi realizado com a análise do trabalho docente na plataforma digital Superprof apoiada nos escritos de Michel Foucault considerando o funcionamento da plataforma e os perfis docentes selecionados. Como resultado foi possível notar que que as contratações de docentes pela plataforma Superprof são uberizadas e ocorrem com a máxima precarização e exploração do trabalho.

Biografia do Autor

  • Maura Jeisper Fernandes Vieira, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)

    Doutoranda em Educação pela UFRGS, Mestra em Educação pela UFRGS, Graduada em Pedagogia pelo Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES).

  • Dimitrius Gonçalves Machado, Universidade Luterana do Brasil (ULBRA)

    Doutorando em Educação pela Universidade Luterana do Brasil. Mestre em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Graduando em Psicologia pela Faculdade Mario Quintana. Graduado em Licenciatura em Música pelo Centro Metodista Instituto Porto Alegre. Graduado em Licenciatura em Filosofia pela Uninter. Pesquisa nas áreas de Estudos Culturais e estudos foucaultianos em Educação.

  • Kamyla Stanieski Dias, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)

    Doutoranda em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Mestre em Educação pela Universidade Luterana do Brasil, Licenciada em História pela Universidade Luterana do Brasil. Professora de História no Estado do Rio Grande do Sul.

  • Cristianne Maria Famer Rocha, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)

    Professora Associada da Escola de Enfermagem e de Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Doutora e Mestra em Educação pela UFRGS.

Referências

ABÍLIO, Ludmila Costhek. Uberização do trabalho: subsunção real da viração. Blog da Boitempo, 2017. Disponível em: https://blogdaboitempo.com.br/2017/02/22/uberizacao-dotrabalho-subsuncao-real-da-viracao/. Acesso em: 05 nov. 2021.

ABÍLIO, Ludmila Costhek. Uberização: Do empreendedorismo para o autogerenciamento subordinado. Psicoperspectivas: individuo y sociedad, nov. 2019. 1-11.

ABÍLIO, Ludmila Costhek. Breque no despotismo algorítmico: uberização, trabalho sob demanda e insubordinação. Blog da Boitempo. 2020a. Disponível em: https://blogdaboitempo. com.br/2020/07/30/breque-no-despotismo-algoritmico-uberizacao-trabalho-sob-demanda-einsubordinacao/. Acesso em 30 jul. 2020.

ABÍLIO, Ludmila Costhek. Plataformas digitais e uberização: a globalização de um Sul administrado? Revista Contracampo, v. 39, n. 1, p.12-26, 2020b.

ABÍLIO, Ludmila Costhek. Uberização: gerenciamento e controle do trabalhador just-in-time. In: ORG., R. A. Uberização, trabalho digital e indústria 4.0. São Paulo: Boitempo, 2020c. p. 111 - 124.

ANTUNES, Ricardo. Adeus ao trabalho? Ensaios sobre as metamorfoses e a centralidade do mundo do trabalho 8. ed. São Paulo: Cortez; Campinas: Editora da Unicamp, 2003.

ANTUNES, Ricardo. A servidão involuntária. Folha de São Paulo, 6 jun. 2015. Disponível em: https://m.folha.uol.com.br/opiniao/2015/06/1637855-ricardo-antunes-a-servidaoinvoluntaria.shtml. Acesso em 12 out. 2021.

ANTUNES, Ricardo. O privilégio da servidão: o novo proletariado de serviços na era digital. São Paulo: Boitempo, 2018.

BRASIL. Decreto-lei nº 5.452, de 1 de maio de 1943. Brasília: Casa Civil, 1943. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm. Acesso em: 19 jul. 2021.

Brasil. Lei nº 9394/96, de 20 de dezembro de 1996. Brasília: MEC, 1996. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm.

BRASIL. Lei nº 13.429, de 31 de março de 2017. Brasília: Casa Civil, 2017. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/l13429.htm. Acesso em: 22 jun. 2021.

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2018.

BRASIL, Ministério da Saúde. Síndrome de Burnout. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/s/sindrome-de-burnout. Acesso em: 31 out. 2024.

CADONÁ, Marco. André. Pandemia e Repercussões no Trabalho: implicações e desafios olhados a partir da experiência brasileira. In: Dinámicas territoriales en América Latina: La necesidad de repensar y proponer una nueva agenda de desarrollo regional. Río Cuarto: UniRío Editora, p. 52 – 79, 2022.

CAMARGO, Gilson. Professores estão trabalhando em dobro e ganhando menos na pandemia, revela pesquisa. Extraclasse. Disponível em: https://www.extraclasse.org.br/educacao/2021/04/professores-estao-trabalhando-em-dobro-erecebendo-menos-na-pandemia-revela-pesquisa/. Acesso em: 12 abr.2021.

CAMUS, Albert. O mito de Sísifo. Rio de Janeiro: Record, 2019.

CINTRA, André. Brasil tem 9,2 milhões de desempregados e 4 milhões de desalentados. Vermelho. Disponível em: https://vermelho.org.br/2023/03/31/brasil-tem-92-milhoes-de-desempregados-e-4-milhoes-de-desalentados/ Acesso em: 18/09/2023.

COMITÊ INVISÍVEL. Motim e destituição agora. São Paulo: n-1, 2018.

COSTA, Simone da Silva da. Pandemia e desemprego no Brasil. Revista de Administração Pública, v. 54, n.4, p. 969-978, 2020.

COSTA, Wander Medeiros Arena da; SOUZA, Kellcia Rezende; SCAFF, Elisangela Alves da Silva. Flexibilização dos direitos trabalhistas e as consequências para o trabalho docente. Laplage em Revista, v. 7, n. 1, p. 20-30, 2021.

CRARY, Jonathan. 24/7: Capitalismo tardio e os fins do sono. São Paulo: Ubu, 2016.

DARDOT, Pierre; LAVAL, Christian. A nova razão do mundo: ensaio sobre a sociedade neoliberal. São Paulo: Boitempo, 2016.

FARINELLI, Victor. México obrigará empresas a pagarem luz e internet de trabalhadores em home office. Forum. Disponível em: https://revistaforum.com.br/global/2020/12/10/mexicoobrigara-empresas-pagarem-luz-internet-de-trabalhadores-em-home-office-87465.html. Acesso em: 10 dez. 2020.

FISCHER, Maria Rosa Bueno. Escrita Acadêmica: arte de ensinar o que se lê. In: COSTA, Marisa Vorraber; BUJES, Maria Isabel Edelweiss (orgs.) Caminhos Investigativos III: riscos e possibilidades de pesquisar nas fronteiras. Rio de Janeiro: DP&A, 2005. p.117-140.

FOUCAULT, Michel. Estruturalismo e pós-estruturalismo. In: FOUCAULT, Michel. Arqueologia das ciências e história dos sistemas de pensamento. Coleção Ditos e Escritos. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2000, p. 307-334.

FUTEMA, Fabiana. Um ano depois, reforma trabalhista não gera empregos esperados. Veja. Disponível em: https://veja.gemabril.com.br/economia/um-ano-depois-reforma-trabalhistanao-gera-empregos-esperados/. Acesso em: 10 nov. 2018.

GONSALES, Marco. INDÚSTRIA 4.0: empresas plataformas, consentimento e resistência. In: (ORG), Ricardo. Antunes. Uberização, trabalho digital e indústria 4.0. São Paulo: Boitempo, 2020. p. 125-139.

GROHMANN, Rafael. Plataformização do trabalho: entre dataficação, financeirização e racionalidade neoliberal. Revista Eptic, Aracaju, v. 22, n. 1, p. 106-122, jan./abr., 2020.

HAN, Byung-Chul. Sociedade do cansaço. Petrópolis, RJ: Vozes, 2015.

HASENBALG, Carlos. Estatística do Século XX: Educação. Rio de Janeiro: IBGE, 2006.

IMPOSTURAS FILOSÓFICAS. Episódio 186: Rolem a pedra enquanto eles dormem. Podcast. Disponível em: https://open.spotify.com/episode/1N3rC7IDw7CeQooivOs3Vk. Acesso em: 22 jan. 2022.

MONLEVADE, João Antônio Cabral de. Valorização salarial dos professores: o papel do piso salarial profissional nacional como instrumento de valorização dos professores da educação básica pública. 2000.317 p. Tese (Doutorado em Educação) - Faculdade de Educação. Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2000.

NICOLI, Luís Gustavo. Ajuda de custo home office: a empresa é obrigada a pagar? Nicoli Sociedade de Advogados, 2021. Disponível em: https://nicoliadvogados.adv.br/direitotrabalhista/ajuda-de-custo-home-office/. Acesso em: 15 dez. 2022.

PELLEGRINI, Carolina. de. Meneses. Cardoso. Trabalho, emprego e renda na era da plataformização digital: o caso das trabalhadoras de cuidado. In: Políticas públicas de trabalho, emprego e renda: Retratos do retrocesso no Brasil. SALVAGNI, Julice. Porto Alegre: UFRGS, 2022. Cap. 1, p. 15 - 29.

ROSSO, Sadi. Dal. Tempos de trabalho em redução: continuar as lutas para construir direitos. In: ROSSO, Sadi. Dal., et al. O futuro é a redução da jornada de trabalho. Porto Alegre: Cirkula, 2022. p. 31 - 47.

SAMPAIO, Maria das Mercês Ferreira; MARIN, Alda Junqueira. Precarização do trabalho docente e seus efeitos sobre as práticas curriculares. Educação & Sociedade, v. 25, n.89, p.1203-1225, 2004.

SAVIANI, Dermeval. História das ideias pedagógicas no Brasil. Campinas: Autores Associados, 2013.

SELIGMANN-SILVA, E. Saúde mental relacionada ao trabalho: as visões teóricas sob a pressão da precarização. In: MACÊDO, Kátia Barbosa; et al. (Org.). Organização do trabalho e adoecimento – uma visão interdisciplinar. Goiânia: Ed. da PUC Goiás, 2016.

SILVA, Paulo Roberto. O que são plataformas digitais e como elas nos afetam? Inovação Aberta. Disponível em: https://inovacao-aberta.com/o-que-sao-plataformas-digitais/. Acesso em: 2 jun. 2020. Sindicato dos Professores do Ensino Privado do Rio Grande do Sul (SINPRO/RS).

Ranking salarial do ensino privado no RS. Disponível em: https://www.sinprors.org.br/salario/ranking-salarial/. Acesso em: 22 set. 2022.

SUPERPROF. Site oficial. Disponível em https://www.superprof.com.br/. Vários acessos em 2022.

SLEE, Tom. Uberização: a nova onda do trabalho precarizado. São Paulo: Elefante, 2017.

SRNICEK, Nick. Platform capitalism. Cambridge: Polity Press, 2017.

UBER. Dados e fatos sobre a empresa, 27 ago. 2020. Disponível em:https://www.uber.com/pt-BR/newsroom/fatos-e-dados-sobre-uber/. Acesso em: 11 jul. 2023.

UOL, 2022. Vecina: Corrupção, má gestão e mortes resumem governo Bolsonaro na Saúde. Disponível em: https://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2022/05/23/uolnews-manha-entrevista-gonzalo-vecina-neto-oms-queiroga-pandemia-covid.htm. Acesso em 28 ago. 2022.

VAN DOORN, Niels. Platform labor: on the gendered and racialized exploitation of low-income service work in the ‘on-demand’economy. Information, Communication & Society, v. 20, n. 6, p. 898-914, 2017.

VEIGA-NETO, Alfredo. Foucault e Educação. Belo Horizonte: Autêntica, 2007.

Downloads

Publicado

2024-12-29

Edição

v. 33 n. 3 (2024)

Seção

ARTIGOS

Licença

Copyright (c) 2024 Trabalho & Educação

Creative Commons License
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License. Os autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.

Como Citar

UBERIZAÇÃO E TRABALHO DOCENTE: UMA DISCUSSÃO A PARTIR DA PLATAFORMA SUPERPROF. Trabalho & Educação, Belo Horizonte, v. 33, n. 3, p. 53–69, 2024. DOI: 10.35699/2238-037X.2024.53283. Disponível em: https://periodicos.ufmg.br/index.php/trabedu/article/view/53283. Acesso em: 28 mar. 2025.

Artigos Semelhantes

1-10 de 422

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.