AS REFORMAS EDUCACIONAIS E AS POLÍTICAS DE FORMAÇÃO DOCENTE NO BRASIL
O CAMINHO PARA SUA MERCANTILIZAÇÃO
DOI:
https://doi.org/10.35699/2238-037X.2021.9857Palavras-chave:
Crise do capital, Políticas educacionais, Formação docenteResumo
Este artigo apresenta os principais fundamentos estruturais e ideo-políticos que atuam sob a formação docente no Brasil, cujas implicações resultam no processo de sua mercantilização. Nossa pesquisa - bibliográfica e documental - estabelece discussões sobre a relação entre as diretrizes do Movimento de Educação para Todos (EPT) e as reformas educacionais brasileiras, destacando seus desdobramentos nas políticas de formação de professores. Em seguida, coletamos dados do Censo da Educação Superior que indicam a crescente mercantilização da formação docente. A análise buscou na teoria marxista as categorias para melhor compreender as mediações e contradições do movimento recíproco entre a particularidade histórica e a totalidade na qual o objeto está inserido. Encontramos nos documentos do estado brasileiro a reafirmação das premissas do movimento de Educação para Todos (EPT) que, por sua vez, coadunam com o projeto neoliberal assumido pelas classes dirigentes do Brasil. Nisso constatamos que a configuração da formação docente neste início de século se insere na lógica crescente de desmonte da esfera público-estatal, especialmente no Ensino Superior, determinado pelo interesse privado e o direcionamento do mercado.
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