Lepra, políticas sanitárias e controle social: isolamento e cotidiano na Lazarópolis Santo Antônio do Prata, Pará

Authors

  • Rhuan Carlos dos Santos Lopes Universidade do Estado do Rio de Janeiro

DOI:

https://doi.org/10.31239/vtg.v12i1.12114

Keywords:

Arqueologia da Arquitetura, instituição total, hanseníase, Arqueologia Histórica

Abstract

Analiso os remanescentes arquitetônicos da Colônia de Leprosos Santo Antônio do Prata, no estado do Pará, Amazônia brasileira. O debate considera o contexto nacional referente à política de combate à hanseníase, em específico, na primeira metade do século XX. O foco de análise recai sobre a organização espacial, em particular a arquitetura da instituição. Para isso, apliquei modelos de análise morfológico-espacial em dois pavilhões de internamento. Tais informações foram conjugadas com dados etnográficos e históricos. Argumento que a infraestrutura material da instituição foi constituída enquanto tecnologia de poder sobre os corpos dos grupos a ela submetidos, com objetivos de políticas de Estado que tinham como pressuposto o binômio reclusão e exclusão. 

References

ALMEIDA, B. L. C. de. 2007. A profilaxia da Lepra no estado do Pará: o contexto da fundação da Lazarópolis do Prata (1920-1925). 55f. Monografia (Graduação em História), Faculdade de História, Universidade Federal do Pará, Belém.
BARRETO, J.; GASPARONI, J. M.; POLITANI, A. L.; REZENDE, L. M. d.; EDILON, T. S.; FERNANDES, V. G. & LIM, V. M. 2013. Hanseníase e estigma. Hansenologia Internationalis, vol. 38, n. 1-2:14-25. Bauru.
BELTRÃO, J. F. 2012. Histórias ‘em suspenso’: os Tembé ‘de Santa Maria’, estratégias de enfrentamento do etnocídio ‘cordial’. Revista História Hoje, vol. 1, n. 2:195-212. São Paulo.
BELTRÃO, J. F. & Lopes, R. C. d. S.. 2014. Diásporas, homogeneidades e pertenças entre os Tembé Tenetehara de Santa Maria. ACENO, vol. 1. n. 1:123-143. Cuiabá.
BLANTON, R. E. 1994. House and households - A comparative study. Plenum Press, New York/London.
CABRAL, D. 2013. Lepra, medicina e políticas de saúde no Brasil (1894-1934). Coleção História e Saúde. Editora Fiocruz, Rio de Janeiro.
CÂMARA, C. S. 2009. O começo e o fim do mundo: estigmatização e exclusão social de internos da colônia do Bonfim. 147f. Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais), Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais, Universidade Federal do Maranhão, São Luis.
CHING, D. K. 2010. Dicionário visual de arquitetura. Editora WMF Martins Fontes, São Paulo.
DUCATTI, I. 2007. Discurso científico e legitimação política: hanseníase e isolamento compulsório (Brasil, século XX). Projeto História, vol. 34:303-315. São Paulo.
FERNANDES, R. d. F. 2015. Tembé Tenetehara de Santa Maria do Pará: Retomando os fios da história. Estudos Amazônicos, vol. XIII, n. 1:214-249. Belém.
FLEXNER, J. L. 2012. An Institution that was a Village: Archaeology and Social Life in the Hansen’s Disease Settlement at Kalawao, Moloka‘i, Hawaii. Int. J. Histor. Archaeol., vol. 16:135-163.
FOUCAULT, M. 1977. Vigiar e Punir. Vozes, Petrópolis.
FOUCAULT, M. 1978. História da Loucura. Perspectiva, São Paulo.
FOUCAULT, M. 1979. Microfísica do poder. Edições Graal, Rio de Janeiro.
FRENCH, D. E. 1995. Ideology, politics and power: the socio-historical of the Archaeology of the D'Arcy Island Leper Colony, 1891-1924. 270f. Tese (Doutorado em Antropologia), Faculty of Graduate Studies, The University of British Columbia, Vancouver.
GOFFMAN, E. 1974. Manicômios, prisões e conventos. Editora Perspectiva, São Paulo.
HENRIQUE, M. C. 2012. Escravos no purgatório: o leprosário do Tucunduba (Pará, século XIX). História, Ciências, Saúde – Manguinhos, vol. 19 (supl.):53-177. Rio de Janeiro.
HILLIER, B. & HANSON, J. 1984. The Social Logic of Space. Cambridge University Press, Cambridge.
HILLIER, B.; HANSON, J. & GRAHAM, H. 1987. Ideas are in things: an application of the space syntax method to discovering genotypes. Environment and Planning B: Planning and design, vol. 14:363-385.
HOCHMAN, G. 1993. Regulando os Efeitos da Interdependência: sobre as relações entre saúde pública e construção do Estado (Brasil 1910-1930). Estudos históricos, vol. 6 , n. 11:40-61. Rio de Janeiro.
KAMP, K. A. 1993. Towards an Archaeology of Architecture: clues from a modern Syrian village. Journal of Anthropological Research, vol. 49, n. 4:293-317. Chicago.
LACERDA, F. G. 2010. Vida cotidiana em núcleos coloniais do Pará na virada do século XIX para o século XX. In CANCELA, C. D. & CHAMBOULEYRON, R. (Org.). Migrações na Amazônia. Editora Açaí, Belém. Pp. 67-80.
LEANDRO, J. A. 2013. Em prol do sacrifício do isolamento: lepra e filantropia na Argentina e no Brasil, 1930-1946. História, Ciências, Saúde – Manguinhos, vol. 20, n. 2:913-938. Rio de Janeiro.
LEONE, M. P. & POTTER Jr, P. B. 1988. The recovery fo meaning: Historical Archaeology in eastern United States. Smithsonian Institute Press, Washington.
LOPES, R. C. d. S. 2017. Tempos, espaços e cultura material na Vila Santo Antônio do Prata, Pará - Arqueologia em uma instituição total amazônica. 170f. Tese (Doutorado em Antropologia), Programa de Pós-Graduação em Antropologia, Universidade Federal do Pará, Belém.
LOPES, R. C. d. S. 2016. Políticas indigenistas na Amazônia e a resistência étnica dos Tembé/Tenetehara de Santa Maria do Pará, Amazônia brasileira. Espaço Ameríndio, vol. 10, n. 2: 162-193. Porto Alegre.
LOPES, R. C. d. S.. 2015. Os Tembé/Tenetehara de Santa Maria do Pará: entre representações e diálogos antropológicos. Iluminuras, vol. 16, n. 38:219-254. Porto Alegre.
LOPES, R. C. d. S. & BELTRÃO, J. F. 2017. Patrimônio histórico e memória social: entre indígenas e ex-internos na Vila Santo Antônio do Prata, Amazônia brasileira. ContraCorrente, Revista de Estudos Literários e da Cultura, vol. 9, n. 9:1-15. Manaus.
LOPES, R. C. d. S. & SCHAAN, D. P. 2016. Projeto arqueológico Vila Santo Antônio do Prata, Igarapé-Açu (PA)Relatório final. Núcleo de Pesquisa e Ensino em Arqueologia/Programa de Pós-Graduação em Antropologia Universidade Federal do Pará, Belém.
LOPES, R. C. d. S.. 2015. Projeto arqueológico Vila Santo Antônio do Prata, Igarapé-Açu (PA) - 2º relatório parcial. Núcleo de Pesquisa e Ensino em Arqueologia/Programa de Pós-Graduação em Antropologia Universidade Federal do Pará, Belém.
MACHADO, R.; LOUREIRO A.; LUZ, R. & MURICY, K. 1978. Danação da norma: medicina social e constituição da psiquiatria no Brasil. Vol. 3. Saber e Sociedade. Edições Graal, Rio de Janeiro.
MONTEIRO, Y. N. 2003. Prophylaxis and exclusion: compulsory isolation of Hansen’s disease patients in São Paulo. História, Ciências, Saúde – Manguinhos, vol. 10 (Suplemento):95-12. Rio de Janeiro.
MONTEIRO, Y. N.. 1998. Violência e profilaxia: os preventórios paulistas para os filhos de portadores de hanseníase. Saúde e Sociedade, vol. 7, n. 1:3-26. São Paulo.
MOREIRA, J. M. B. & SOARES, F. C. 2015. Muralhas que comunicam: fortificações catarinenses como portais de acesso ao Brasil Meridional. In SOARES, F. C. (Org.). Arqueologia das fortificações: perspectivas. Lagoa, Florianópolis. Pp. 101-148.
MUNIZ, P. 1913. O Instituto do Prata (Município de Igarapé-Assú). Typ. da Livraria Escolar, Belém.
NAJJAR, R. 2011. Para além dos cacos: a Arqueologia Histórica a partir de três superartefatos (estudo de caso de três igrejas jesuíticas). Boletim do Museu Paraense Emilio Goeldi. Ciências Humanas, vol. 6, n. 1:71-91. Belém.
PRATA, Colônia do. 1954-. Prontuários da Colônia Santo Antônio do Prata.
REBOUÇAS, J. Q. 2013. Paricatuba: um monumento arqueológico de caráter histórico. 30f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Arqueologia), Faculdade Arqueologia, Universidade do Estado do Amazonas, Iranduba.
SERIQUE, R. V. X. 2015. Espaço Educandário: Análise Histórica, Arquitetônica e Proposta de refuncionalização do antigo prédio em Santo Antônio do Prata, PA. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Arquitetura), Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade Federal do Pará, Belém.
SILVA, J. B. d. 2009. A ex-colônia de hansenianos de Marituba: perspectivas histórica, sociológica e etnográfica. Paper NAEA¸vol. 234: 1-43. Belém.
SOUZA ARAUJO, H. C. d. 1948. História da lepra no Brasil - Período republicano (1889-1946). Vol. II. Imprensa Nacional, Rio de Janeiro.
SOUZA ARAUJO, H. C. d. 1924. Lazaropolis do Prata: a primeira colonia agrícola de leprosos fundada no Brasil. Empreza Graphica Amazonia, Belém.
STEADMAN, S. R. 1996. Recent research in the archaeology of architecture: beyond the foundations. Journal of Archaeological Research, vol. 4, n. 1:51-93.
STEPAN, N.L. 2004. Eugenia no Brasil, 1917-1940. In HOCHMAN, G. & ARMUS, D. (Orgs.). Cuidar, controlar, curar: ensaios históricos sobre saúde e doença na América Latina e Caribe. Editora FIOCRUZ, Rio de Janeiro. Pp. 330-391.
ZARANKIN, A. 2008. Los guardiones del capital: arqueologia de la arquitectura de los bancos de Buenos Aires. In ACUTO, F. A. & ZARANKIN, A. Sed non Satita II: acercamientos sociales em La arqueologia latino-americana. Encuentro Grupo Editor Editado, Córdoba. Pp. 325-339.
ZARANKIN, A. 2005. “Walls of Domestication”. Archaeology of the architecture of capitalist elementary public schools; The case of Buenos Aires. In FUNARI, P. P.; ZARANKIN, A. & STOVEL, E. (Orgs.) Global Archaeological Theory: contextual voices and contemporary thoughts. Kluwer-Plenum, New York. Pp. 237-264.
ZARANKIN, A. 2001. Paredes que domesticam: arqueologia da arquitetura escolar capitalista: o caso de Buenos Aires. 255f. Tese (Doutorado em História), Programa de Pós-Graduação em História, Universidade de Campinas, Campinas.
ZARANKIN, A. 1999. Arqueología de la arquitectura: another brick in the wall. Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo, vol. 3:119-129. São Paulo.
ZARANKIN, A. & NIRO, C. 2010. A materialização do sadismo: arqueologia da arquitetura dos centros clandestinos de detenção da ditadura militar argentina (1976-1983). Revista Internacional de Direito e Cidadania, vol. 6:17-32. São Paulo.

Published

2018-10-15

Issue

Section

Artigos

How to Cite

Lepra, políticas sanitárias e controle social: isolamento e cotidiano na Lazarópolis Santo Antônio do Prata, Pará. (2018). Vestígios - Revista Latino-Americana De Arqueologia Histórica, 12(1), 59-84. https://doi.org/10.31239/vtg.v12i1.12114