Quanto vale seu dedo mindinho? A monetarização do corpo e dos sentidos
DOI:
https://doi.org/10.31239/vtg.v9i1.10589Palabras clave:
monetarização, corpo, sentidos, listas de compensação medievais, apólices de seguros modernasResumen
Você já parou para se perguntar quanto vale seu dedo mindinho? Por mais estranha que a pergunta possa parecer, ela não é totalmente descabida, principalmente se pensarmos que nos últimos anos tem crescido o número de “celebridades” que colocam alguma parte de seus corpos no seguro. Madonna, por exemplo, fez o seguro dos seios pelo valor de dois milhões de dólares; Jeniffer Lopez colocou seu bumbum no seguro e hoje ele vale cerca de nove milhões de dólares; Gene Simmons, vocalista do Kiss, segurou a sua língua em um milhão de dólares; David Beckham colocou suas pernas no seguro pela bagatela de 144 milhões de euros!!!! Mas a prática de atribuir valor financeiro ao corpo ou a partes do corpo não é algo novo. Durante a Idade Média, danos causados por terceiros ao corpo ou a partes do corpo de uma pessoa eram compensados a partir de pagamentos em dinheiro. No mundo islâmico, mesmo nos dias de hoje, a prática da Dyia, determina o pagamento de valores monetários àqueles que sofreram algum tipo de injuria no corpo ou nos sentidos. Mais recentemente nos Estados Unidos, soldados acidentados durante as campanhas militares recebem ressarcimento financeiro de acordo com o tipo de dano sofrido. No Brasil, assim como em outros países que passaram por regimes ditatoriais violentos, torturados políticos têm sido compensados financeiramente pelo sofrimento físico e psicológico. Leis trabalhistasem países modernos têm assegurado o direito à compensação financeira em caso de acidentes que causam algum tipo de dano físico ao trabalhador durante sua jornada de trabalho. Em todos estes casos há uma clara monetarização do corpo, onde cada membro, cada órgão, cada sentido tem seu próprio valor monetário estabelecido. Entender os princípios que regem a monetarização do corpo e dos sentidos nos permite analisar como o corpo ou partes dele são social e cultural mente valorizados. Com este objetivo em mente, eu pretendo discutir as Listas de Compensação presentes nas chamadas Leis bárbaras medievais e nas Apólices de Seguro do Ocidente Moderno.
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