O caso do sítio arqueológico Fazenda Braúna I

análise de um sítio histórico sertanejo

Autores

DOI:

https://doi.org/10.31239/vtg.v18i1.47490

Palavras-chave:

ocupação histórica, sertão baiano, economia rural

Resumo

A ocupação histórica do sertão nordestino, na região do Sítio Fazenda Braúna I está relacionada à colonização do sertão baiano, em especial à expansão dos currais de gado. Esta pesquisa é desenvolvida no município de Nordestina, Bahia e objetiva contribuir para a compreensão da ocupação histórica nesta localidade que de acordo com a história oficial data do ano de 1937. A metodologia incluiu escavação e análise dos vestígios arqueológicos e entrevistas com residentes locais. A fazenda margeava o rio Itapicuru apresentando sede, olaria e casa de farinha, indicando certa autossuficiência dessas famílias sertanejas. A construção da fazenda remonta a finais do século XIX, anterior aos dados historiográficos oficiais. A escavação de 184 quadras resultou em sete líticos, 695 cerâmicas, 247 louças, 459 vidros, 115 metais e quatro fragmentos de madeira. Observam-se muitos itens para o preparo de alimentos como panelas, fragmentos de tigelas e potes cerâmicos de produção local-regional; fragmentos de pratos, xícaras e pires de louças, talheres, garrafas de bebida e frascos de medicamentos em vidro. A variabilidade da cultura material aponta para uma economia sertaneja com autonomia rural, mesmo com a presença de objetos produzidos no Sudeste, indicando interesse pela modernidade da época.

Referências

Araújo, F. E. (2016). As coisas e os homens: casas de farinha, cultura material e experiências do cotidiano das farinhadas. Temporalidades - Revista de História, 8(3), 337-360.

Banco Central do Brasil. (2004). Dinheiro no Brasil. 2a edição. Brasília: BCB.

Batista, M. R. R. (2001). Laudo Antropológico do Grupo Autodenominado Tumbalalá – Bahia. Vol. I. Os Tumbalalá. Rio de Janeiro: UFPB/UFRJ.

Brancante, E. da F. (1981). O Brasil e a cerâmica antiga. São Paulo: s/e.

Brochado, J. P. (1974). Contatos entre europeus e indígenas: um estudo de aculturação através das mudanças na cultura material. Revista do IFCH/ UFRGS, 2, 11-47.

Chmyz, I. (1976). Terminologia arqueológica brasileira para a cerâmica. Cadernos de Arqueologia, Museu de Arqueologia e Artes Populares, Paranaguá, 1, 119-148.

Cordaro, R. (2019). Dona Cadu - Oralidade, memórias e saberes centenários. Dissertação (Mestrado). Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, Centro de Artes, Humanidades e Letras, Mestrado Profissional em História da África, da Diáspora e dos Povos Indígenas, Cachoeira.

De Lima, D. R., Bessa, S. L. A., & Eires, R. (2019). As origens da construção vernacular no Sertão do Nordeste Brasileiro. In 2º Seminário de Arquitetura Vernacular. Belo Horizonte: Editora da Universidade Federal de Minas Gerais.

De Sousa, G. S. D. (1851). Tratado descriptivo do Brazil em 1587. Rio de Janeiro: Typgraphia Universal de Laemmert.

Dias Jr., O. F. (1988). A Cerâmica neo-brasileira. Arqueo-IAB, Textos Avulsos, 1, 3-13.

Diniz, M. (2005). Sesmarias e posse de terras: política fundiária para assegurar a colonização brasileira. Histórica Revista online do Arquivo Público de São Paulo. Arquivo Público do Estado de São Paulo, São Paulo. Disponível em:

<http://www.historica.arquivoestado.sp.gov.br/materias/anteriores/edicao02/materia03/Sesmarias.pdf>. [cons. 08 dez. 2021]

Faccio, N. B., & Di Baco, H. M. (2008). O grés, a cerâmica vidrada e os vidros dos sítios históricos Itatiba e Itatiba II. Revista Tópos, 2(1), 20-41.

Gheno, D. A., & Machado, N. T. G. (2013). Arqueologia Histórica – Abordagens. História: Questões & Debates, 58, 161-183.

Hohenthal Junior, W. D. (1960). The general characteristics of Indian cultures in the São Francisco Valley. Revista do Museu Paulista, 12, 73-86.

IBGE. Cidades. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. 2022. Disponível em: <https://cidades.ibge.gov.br/brasil/ba/nordestina/panorama> [cons. 17 fev. 2022]

Juliani, L. de J. C. O., & Santos, M. do C. M. (2003). Levantamento arqueológico na Ferronorte (MS/MT): resultados e reflexões. Em Morais, J. L. de, Coutinho Afonso, M., & Martins, D. C. (Eds.). Anais do 12º Congresso da Sociedade de Arqueologia Brasileira. São Paulo: SAB.

La Salvia, F., & Brochado, J. P. (1989). Cerâmica Guarani. Porto Alegre: Posenato Arte e Cultura.

Lima, T. A. (1989). Arqueologia Histórica: algumas considerações teóricas. Clio, 5, 87-99.

Lima, T. A. (1995). Pratos e mais pratos: louças domésticas, divisões culturais e limites sociais no Rio de Janeiro, século XIX. Anais do Museu Paulista: história e cultura material, 3, 129-191.

Lima, T. A. (1997). Chá e simpatia: uma estratégia de gênero no Rio de Janeiro oitocentista. Anais do Museu Paulista: história e cultura material, 5, 93-129.

Manfrini, M. R. (2021). Variabilidade decorativa na cerâmica paulista colonial: influências e resistências. Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, 37, 178-203.

Mascarenhas, M. J. R. (2017). Micro-produção na Bahia colonial-1760-1808. In XII Congresso Brasileiro de História Econômica & 13ª Conferência Internacional de História de Empresas. Vol. 20, No. 8. Disponível em: . [cons. 08 dez. 2021]

Mattoso, K. M. de Q. (1992). Bahia, século XIX. Uma Província do Império. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira.

Moedas do Brasil (2015). [Blog post]. Disponível em: <https://www.moedasdobrasil.com.br/moedas/catalogo.asp?s=204&xm=1376>. [cons. 10 out. 2015]

Neves, E. F. (2012). Perspectivas Historiográficas do Império e da Primeira República sobre os Sertões da Bahia. Revista Binacional Brasil-Argentina: Diálogo entre as ciências, 1(2), 11-32.

Oliveira, C., Borges, L. E. P., Pedroza, I., Arnaldo, E. A., Castro, V., & Ghetti, N. C. (2016). Estudos do Processo de Queima da Cerâmica Pré-Historica do Sítio Arqueológico Serra do Evaristo I–Baturité-CE/Brasil. Colloquium Humanarum, 13(1), 116-135.

O malho (1923). O grande depurativo do sangue: Elixir de Nogueira. O malho, 1110(1), 65.

Pacheco, A. D. C., dos Santos, S. L., & de Castilho, C. J. M. (2017). Condições de trabalho em casas de farinha: continuidade ou mudança no tempo-espaço? Revista Movimentos Sociais e Dinâmicas Espaciais, 6(1), 175-194.

Pompa, C. (2003). Religião como tradução: missionários, Tupi e "Tapuia" no Brasil colonial. Bauru: EDUSC.

Próspero, M. F. (2009). Achados em vidro no Sítio Arqueológico São Francisco (SSF-01), São Sebastião (SP): levantamento e identificação dos vestígios entre os anos de 1992 e 1995. Dissertação (Mestrado). Universidade de Santo Amaro, São Paulo.

Gordilho, V. (Org.). (2009). Ruínas Fratelli Vita: intervenções. Teoria e técnicas de processos artísticos. Salvador: MAMETO.

Silva, B. B. D., Alves, J. J., Cavalcanti, E. P., & Dantas, R. T. (2002). Potencial eólico na direção predominante do vento no Nordeste brasileiro. Revista brasileira de engenharia agrícola e ambiental, 6, 431-439.

Silva, J. C. (2003). Arqueologia no médio São Francisco. Indígenas, vaqueiros e missionários. Dissertação (Mestrado). Universidade Federal de Pernambuco, Programa de Pós-Graduação em História da, Recife.

Souza, A. M. D. (1997). Dicionário de arqueologia. Rio de Janeiro: ADESA.

Souza, R. A. (2013). Não somos estrangeiras! Pelas louças brasileiras. Cadernos do LEPAARQ (UFPEL), 10(20), 159-182.

Symanski, L. C. P. (2008). Práticas econômicas e sociais no sertão cearense no século XIX: um olhar sobre a cultura material de grupos domésticos sertanejos. Revista de arqueologia, 21(2), 73-96.

Zanettini, P. E., & Camargo, P. B. (1999). Cacos e mais cacos de vidro: o que fazer com eles? São Paulo: Zanettini Arqueologia.

Downloads

Publicado

2024-01-29

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

O caso do sítio arqueológico Fazenda Braúna I : análise de um sítio histórico sertanejo. (2024). Vestígios - Revista Latino-Americana De Arqueologia Histórica, 18(1), 73-92. https://doi.org/10.31239/vtg.v18i1.47490