Orfeu negro em cores: mito e realismo no filme de Cacá Diegues
DOI:
https://doi.org/10.17851/2317-2096.8..15-24Palavras-chave:
Brazilian cinema, black, Orpheus.Resumo
Resumo: Orfeu, de 1999, dirigido por Carlos Diegues, um dos raros filmes atuais a falar do negro, retoma a tradicional apologia do afro-descendente por seus dotes musicais. Vinicius de Moraes, com sua peça Orfeu da Conceição, que deu base ao filme Orfeu negro (1959) e ao Orfeu de Diegues, pretendeu universalizar a música negra (e, portanto, a música brasileira), ampliando-a de seu reduto de classe baixa, ligada às orgias do carnaval e aos transes de terreiro, para a experiência sublime do amor absoluto. Para tanto, recorreu ao mito órfico do poder encantatório da música, recurso claramente anti-realista. Ao adaptar Vinicius, Diegues acrescentou uma dimensão realista à história, tentando não perder os aspectos míticos e trágicos. De fato, no filme, a utopia do paraíso negro desenvolve-se pari passu com a dura realidade da favela.
Palavras-chave: cinema brasileiro; negro; Orfeu.
Abstract: Carlos Diegues’s Orpheus, 1999, one of the few contemporary films to focus on blacks, makes the traditional panegyric of the African descendents for their musical skills. Vinicius de Moraes, with his play Orfeu da Conceição, on which Black Orpheus (1959) and Diegues’s Orpheus were based, intended to universalise black music (therefore Brazilian music), upgrading it from its low class niche associated with carnival orgies and voodoo trances, to the sublime experience of absolute love. To that end, he resorted to the enchanting power of music contained in the Orphic myth, in a clearly anti-realistic attitude. When he adapted de Moraes, Diegues added a realistic dimension to the story, while trying to keep the mythic and tragic ones. Indeed, in the film, the utopia of black paradise merges with the hard reality of Rio slums.
Keywords: Brazilian cinema; black; Orpheus.
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Referências
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