Compaixão animal

Autores

  • Márcio Seligmann-Silva Universidade Estadual de Campinas

DOI:

https://doi.org/10.17851/2317-2096.21.3.39-51

Palavras-chave:

compaixão, empatia, compaixão assassina

Resumo

O trabalho estuda a questão da compaixão, que na história do pensamento foi ora tratada como uma marca da humanidade, ora pensada como uma marca de nossa origem natural e animal. Para Lactâncio, por exemplo, sem piedade o homem é um animal. O texto parte de uma discussão de Buffon, que falava de uma compaixão como uma de nossas “affections naturelles”. Para ele, “a alma tem menos a ver do que o corpo nesse sentimento de piedade natural e os animais, assim como o homem, são suscetíveis a ele; o grito de dor os comove, eles correm para socorrer; eles retrocedem diante da visão de um cadáver da sua espécie.” O animal compassivo é posto, no texto, diante do homem compassivo. Em ambos os casos aflora, por detrás da compaixão “natural”, o espectro da violência aniquiladora.

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Publicado

2011-12-31

Como Citar

Seligmann-Silva, M. (2011). Compaixão animal. Aletria: Revista De Estudos De Literatura, 21(3), 39–51. https://doi.org/10.17851/2317-2096.21.3.39-51

Edição

Seção

Dossiê - Zoopoéticas Contemporâneas: O Animal e os Limites do Humano