Bem-aventurados os que podem impunemente praticar o mal: “A causa secreta”, de Machado de Assis
DOI:
https://doi.org/10.17851/2317-2096.27.1.271-286Palavras-chave:
A causa secreta, conto, crueldade, Machado de AssisResumo
O artigo dedica-se à leitura do conto “A causa secreta”, de Machado de Assis, buscando discernir alguns dos “níveis de realidade” (Italo Calvino) presentes na narrativa. A crueldade, a agressividade e a maldade são, por assim dizer, decantadas pelo escritor na figura de Fortunato, que pode exercê-las sob o disfarce do altruísmo e, dada a sua condição social, sem qualquer receio de castigo ou sanção, mas também se deixam entrever, modificadas para além de qualquer reconhecimento imediato e com consequências muito diversas, em vários aspectos da vida e das ações humanas formalizadas no conto. É assim que podem ser divisadas, com base no conceito freudiano de “pulsão de morte”, na origem da curiosidade de Garcia, que é também compartilhada pelos leitores, ou na própria criação e fruição estética, em que estão envolvidos escritor e leitor.
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