Sobre o caderno de Janmari e a sobrevida das linhas — de fuga

Autores

  • Adriana Bolite Frant Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio)

DOI:

https://doi.org/10.17851/2317-2096.28.2.69-84

Palavras-chave:

linha de errância, linha de fuga, gesto, escrita, Fernand Deligny

Resumo

O presente artigo busca investigar algumas propostas teórico-artísticas de Fernand Deligny, articulando o seu pensamento com o de Jacques Derrida. Para tanto, pretende-se abordar o caderno de Janmari, uma criança acolhida pela rede criada por Deligny em Cevenas, que, apesar ser uma criança muda e autista, ainda assim possuía, segundo Deligny, a mão fértil em linhas. O gesto escritural de Janmari é retomado a partir da leitura operada pelo próprio Deligny, que vê aí uma correspondência entre estas linhas com as linhas de mesmo feitio produzidas pelo chefe dos índios Nambiquara em seu encontro com Lévi-Strauss, de acordo com seu relato em “lição de escrita”. Em suma, este artigo busca pensar as consequências políticas e ontológicas de tomarmos os rastros de gestos de povos ameríndios e de crianças autistas como propulsores de uma outra noção de escrita.

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Biografia do Autor

Adriana Bolite Frant, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio)

Adriana Frant é doutoranda pelo programa de Literatura, Cultura e Contemporaneidade da Puc-Rio

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Publicado

2018-06-29

Como Citar

Frant, A. B. (2018). Sobre o caderno de Janmari e a sobrevida das linhas — de fuga. Aletria: Revista De Estudos De Literatura, 28(2), 69–84. https://doi.org/10.17851/2317-2096.28.2.69-84

Edição

Seção

Dossiê – Deslocamentos, Linhas de Fuga, Confins