Cultura negra e sobrevivência: samba, rap, funk e o racismo sintomático

Autores

  • Isadora Almeida Rodrigues Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais
  • Roniere Menezes Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais

DOI:

https://doi.org/10.17851/2317-2096.28.4.137-154

Palavras-chave:

cultura negra, racismo, sintoma, sobrevivência, democracia racial

Resumo

Este ensaio discute as ideias de sintoma e sobrevivência – como elaboradas por Georges Didi-Huberman – a partir de uma comparação do lugar social de três movimentos musicais brasileiros fortemente associados à negritude: o samba, o rap e o funk carioca. Observa-se que o tratamento, em grande medida discriminatório, dado pela sociedade brasileira ao samba, no passado, e ao rap e ao funk, no presente, explicita o caráter sintomático do racismo em nosso país. Ainda que desde a década de 1930 se venha construindo um discurso que busca disseminar a ideia de democracia racial no Brasil, o racismo insiste em ressurgir nas mais variadas relações sociais, da maior probabilidade de morte por meios violentos enfrentada pela população negra às dificuldades que se impõem a suas produções artísticas.

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Biografia do Autor

Isadora Almeida Rodrigues, Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais

Mestre em Estudos Literários pela Universidade Federal de Minas Gerais e doutoranda em Estudos de Linguagens (Literatura, Cultura e suas Tecnologias) pelo CEFET-MG.

Roniere Menezes, Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais

Possui graduação em Letras pela Universidade Federal de Minas Gerais (1991), mestrado em Literatura Brasileira pela Universidade Federal de Minas Gerais (2000) e doutorado em Literatura Comparada pela Universidade Federal de Minas Gerais (2008). Desenvolveu projeto de Pós-Doutorado sobre produções de arte e literatura no período da Política da Boa Vizinhança - II Guerra Mundial - junto ao Programa Avançado de Cultura Contemporânea - PACC-UFRJ (2016). Em 2011 lançou o livro O traço, a letra e a bossa: literatura e diplomacia em Cabral, Rosa e Vinicius, pela Ed. UFMG. É professor da Pós-graduação em Estudos de Linguagens, da graduação em Letras e do curso Técnico do CEFET-MG. É líder do Núcleo de Estudos ATLAS (Análises Transdisciplinares em Literatura, Arte e Sociedade), vinculado ao CNPq, e pesquisador do Núcleo de Estudos do Acervo de Escritores Mineiros da UFMG. Desenvolve estudos nas áreas de literatura, música popular e cultura brasileira, atuando principalmente nos seguintes temas: memória, espaço-tempo, biopolítica e processos criativos.

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Arquivos adicionais

Publicado

2018-12-28

Como Citar

Rodrigues, I. A., & Menezes, R. (2018). Cultura negra e sobrevivência: samba, rap, funk e o racismo sintomático. Aletria: Revista De Estudos De Literatura, 28(4), 137–154. https://doi.org/10.17851/2317-2096.28.4.137-154

Edição

Seção

Dossiê – A Cultura Negra na Literatura e nas Artes