O efêmero e o fait divers na crônica de João do Rio
DOI:
https://doi.org/10.17851/2317-2096.29.2.103-118Palavras-chave:
João do Rio, crônica, efêmero, fait diversResumo
Este artigo examina a posição de João do Rio (1881-1921) a partir da visão que ele próprio tinha de seu ofício e de sua época. Baseada em crônicas extraídas dos volumes Cinematógrafo: (crônicas cariocas) (1909), Vida vertiginosa (1911), Psicologia urbana (1911), As religiões no Rio (1951) e A alma encantadora das ruas (1952), mostro que – em meio a uma configuração urbana polarizada entre o utopos e o distopos –, João do Rio, na tentativa de apreender esses loci polarizados, aciona dois modos de apresentação inovadores: o efêmero (Baudelaire, 1988) e o fait divers (Barthes, 1970). Para definir o gênero crônica, parto de Gilberto Amado (1956), Luiz Edmundo (1958) e Antonio Candido (1992). As considerações de Florestan Fernandes (1960), Afonso Arinos de Melo Franco (1973) e Nicolau Sevcenko (1983) são essenciais para o entendimento do contexto histórico da época.
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