Por uma filologia do futuro

O que resta da polêmica entre Wilamowitz e o círculo de Nietzsche para os Estudos Clássicos hoje?

Autores

DOI:

https://doi.org/10.35699/2317-2096.2022.36911

Palavras-chave:

História da educaçao, História dos Estudos Clássicos, Filologia, Nietzsche, Wilamowitz

Resumo

Resumo: Com o objetivo de revisitar a recepção do primeiro livro do então jovem filólogo Friedrich Nietzsche, O nascimento da tragédia a partir do espírito da música, publicado em 1872, partimos de algumas das principais questões em jogo para o campo da chamada Altertumswissenschaft (Ciência da Antiguidade) na segunda metade do século XIX. Após explicitar referências importantes para a fundação moderna desse campo (principalmente Friedrich August Wolf), abordamos os principais documentos publicados na época da polêmica em torno ao livro de estreia de Nietzsche e explicitamos alguns desdobramentos desse violento debate: a nosso ver, as críticas de Wilamowitz à abordagem filológica de Nietzsche, pejorativamente batizada de Zukunftsphilologie (filologia do futuro), bem como as que Rohde faz a Wilamowitz, referindo-se a uma Afterphilologie (filologia retrógrada), junto com as reflexões de Wagner e as do próprio Nietzsche, ainda podem dar a pensar sobre o potencial desse campo para uma ação crítica e criativa no presente.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Rafael Guimarães Tavares Silva, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Belo Horizonte, Minas Gerais / Brasil

    Estudante de Língua e Literatura Clássicas (Grego Antigo) pela UFMG, com interesses que vão da História e da Filosofia (Antigas e Contemporâneas) à Teoria da Literatura, além de teoria e prática da Tradução.

  • Teodoro Rennó Assunção, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Belo Horizonte, Minas Gerais / Brasil

    Professor Associado (Faculdade de Letras - NEAM)

Referências

BOECKH, August. Encyklopädie und Methodologie der philologischen Wissenschaften. Hrsg. von E. Bratuscheck. Leipzig: B. G. Teubner, 1877.

BRUHNS, Hinnerk. Grecs, Romains et Germains au XIXe siècle : quelle Antiquité pour l’État national allemand. Anabases, v. 1, p. 17-43, 2005.

CALDER, William M., III. The Wilamowitz-Nietzsche Struggle: New Documents and a Reappraisal. Nietzsche Studien, v. 12, p. 214-254, 1983.

COZZO, Andrea. F. A. Wolf, la Scienza dell’Antichità e noi: Come possiamo uscire dal XIX secolo ? Mètis, n. 9, p. 339-364, 2011.

CREUZER, Friedrich. Das akademische Studium des Alterthums, nebst einem Plane und des philologischen Seminarium auf der Universität zu Heidelberg. Heidelberg: Mohr & Zimmer, 1807.

DIETERICH, Hermann; HILLER, Friedrich (Eds.). Usener und Wilamowitz: Ein Briefwechsel (1870-1905). Leipzig, Berlin: B. G. Teubner, 1934.

FOWLER, Robert L. Blood for the Ghosts: Wilamowitz in Oxford. Syllecta Classica, v. 20, p. 171-213, 2009.

FRIES, Almut. Martin Litchfield West (1937-2015). Studia Metrica et Poetica, v. 2, n. 2, p. 152-158, 2015.

GRAFTON, Anthony. Wilhelm von Humboldt. The Phi Beta Kappa Society, v. 50, n. 3, p. 371-381, 1981.

GRAFTON, Anthony; MOST, Gleen; ZETZEL, James. Introduction. In: WOLF, Friedrich August. Prolegomena to Homer: 1795. Translated with Introduction and Notes by Anthony Grafton, Glenn Most and James Zetzel. New Jersey: Princeton University Press, p. 1-35, 1985.

HARTOG, François. O confronto com os antigos. In: HARTOG, François. Os antigos, o passado e o presente. Organização de José Otávio Guimarães; tradução de Sonia Lacerda, Marcos Veneu e José Otávio Guimarães. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2003. p. 113-154.

HÜBSCHER, Bruno. Werner Jaeger e o “Terceiro Humanismo”: O ideal político antigo na Alemanha, 1914-1936. 2016. 236f. Tese (Doutorado em História Social), Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, São Paulo. 2016.

HUMMEL, Pascale. Histoire de l’histoire de la philologie: Étude d’un genre épistémologique et bibliographique. Genève: Librairie Droz, 2000.

LEGHISSA, Giovanni. Incorporare l’antico: Filologia classica e invenzione della modernità. Udine: Mimesis Edizioni, 2007.

MACHADO, Roberto. Introdução: Arte, ciência, filosofia. In: MACHADO, Roberto (org.). Nietzsche e a polêmica sobre ‘O nascimento da tragédia’. Texto de Rohde, Wagner e Wilamowitz-Möllendorff. Tradução de Pedro Süssekind. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2005. p. 7-34.

MALTA, André. A musa difusa: visões da oralidade nos poemas homéricos. São Paulo: Anna Blume Clássica, 2015.

MANSFELD, Jaap. The Wilamowitz-Nietzsche Struggle: Another New Document and Some Further Comments. Nietzsche Studien, v. 15, n. 1, 1986, p. 41-58.

NIEBUHR, Barthold Georg. Die Sikeler in der Odyssee. 1827. In: NIEBUHR, B. G. Kleine historische und philologische Schriften. 2. Sammlung. Bonn: Eduard Weber, 1843. p. 224-227. Original publicado em 1827.

NIETZSCHE, Friedrich. Considerações intempestivas. Tradução de Lemos de Azevedo. Lisboa: Editorial Presença; São Paulo: Livraria Martins Fontes, 1976. Original publicado em 1874.

NIETZSCHE, Friedrich. A gaia ciência. Tradução de Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 2012. Original publicado em 1882.

NIETZSCHE, Friedrich. Homero e a filologia clássica. Tradução de Juan A. Bonaccini. Princípios, v. 13, n. 19-20, p. 169-199, 2006. Original publicado em 1869.

NIETZSCHE, Friedrich. Humano, demasiado humano. Tradução de Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 2000. Original publicado em 1878.

NIETZSCHE, Friedrich. Humano, demasiado humano II. Tradução de Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 2008. Original publicado em 1886.

NIETZSCHE, Friedrich. Nachgelassene Fragmente. Digitale Kritische Gesamtausgabe Werke und Briefe. Paris: 2009. Disponível em: <http://www.nietzschesource.org/#eKGWB/NF-1875,3[70]>. Acesso em 03 abr. 2021. Original publicado em 1875.

NIETZSCHE, Friedrich. O nascimento da tragédia. Ou helenismo e pessimismo. Tradução de J. Guinsburg. São Paulo: Companhia das Letras, 2007. Original publicado em 1872.

NIMIS, Steve. Fussnoten: Das Fundament der Wissenschaft. Arethusa, v. 17, n. 2, 1984, p. 105-134.

NORTON, Robert. Wilamowitz at War. International Journal of the Classical Tradition. v. 15, n. 1, p. 74-97, 2008.

PECK, Harry Thurston. A History of Classical Philology: From the Seventh Century B.C. to the Twentieth Century A.D. New York: The MacMillan Company, 1911.

PFEIFFER, Rudolf. History of Classical Scholarship: From the beginnings to the End of the Hellenistic Age. Oxford: Clarendon Press, 1968.

PFEIFFER, Rudolf. History of Classical Scholarship: From 1300 to 1850. Oxford: Clarendon Press, 1976.

PORTER, James I. “Don’t Quote Me on That !”. Journal of Nietzsche Studies, v. 42, n. 1, 2011, p. 73-99.

PORTER, James I. Nietzsche and the Philology of the Future. Stanford: Stanford University Press, 2000.

READINGS, Bill. University in Ruins. Cambridge: Harvard University Press, 1996.

RIGHI, Gaetano. Breve storia della Filologia Classica. Roma: G. C. Sansoni Editore, 1962.

RINGER, Fritz. Declínio dos Mandarins Alemães: A Comunidade Acadêmica Alemã, 1890-1933. Tradução de Dinah de Abreu Azevedo. São Paulo: Edusp, 2001.

ROHDE, Erwin. Filologia retrógrada [Afterphilologie]. In: MACHADO, Roberto (org.). Nietzsche e a polêmica sobre ‘O nascimento da tragédia’. Texto de Rohde, Wagner e Wilamowitz-Möllendorff. Tradução de Pedro Süssekind. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2005a, p. 87-128.

ROHDE, Erwin. Psyche: Seelencult und Unsterblichkeitsglaube der Griechen. Freiburg im Breisgau: Mohr, 1890-1894.

ROHDE, Erwin. Resenha publicada no Nordeutsche Allgemeine Zeitung de 26 de maio de 1872. In: MACHADO, Roberto (org.). Nietzsche e a polêmica sobre ‘O nascimento da tragédia’. Texto de Rohde, Wagner e Wilamowitz-Möllendorf. Tradução de Pedro Süssekind. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2005b, p. 43-54.

SANDYS, John Edwin. A History of Classical Scholarship. 3 v. Cambridge: University Press, 1903–1908.

SILK, Michael Stephen; STERN, Joseph Peter. Nietzsche on tragedy. Cambridge: Cambridge University Press, 1981.

TURNER, James. Philology: The Forgotten Origins of the Modern Humanities. Princeton; Oxford: Princeton University Press, 2014.

USENER, Hermann. Philologie und Geschichtswissenschaft 1882. In: USENER, Hermann. Vorträge und Aufsätze. Leipzig; Berlin: B. G. Teubner, p. 1-36, 1907. Original publicado em 1882.

WAGNER, Richard. Carta aberta a Friedrich Nietzsche, publicada no Norddeutsche Allgemeine Zeitung de 23 de junho de 1872. In: MACHADO, Roberto (org.). Nietzsche e a polêmica sobre ‘O nascimento da tragédia’. Texto de Rohde, Wagner e Wilamowitz-Möllendorff. Tradução de Pedro Süssekind. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2005. p. 79-86.

WILAMOWITZ-MOELLENDORFF, Ulrich von. Filologia do futuro! Primeira Parte. Berlim, 1872. In: MACHADO, Roberto (org.). Nietzsche e a polêmica sobre ‘O nascimento da tragédia’. Texto de Rohde, Wagner e Wilamowitz-Möllendorf. Tradução de Pedro Süssekind. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2005. p. 55-78.

WILAMOWITZ-MOELLENDORFF, Ulrich von. Geschichte der Philologie. Mit einem Nachwort und Register von Albert-Henrichs. 3. Auflage. Stuttgart; Leipzig: Springer Fachmedien Wiesbaden GmbH, 1998. Original publicado em 1921.

WILAMOWITZ-MOELLENDORFF, Ulrich von. Greek Historical Writing and Apollo. Two lectures delivered before the University of Oxford, June 3 and 4, 1908. Translation by Gilbert Murray. Oxford: Clarendon Press, 1908.

WOLF, Friedrich August. Darstellung der Alterthums-Wissenschaft. In: WOLF, Friedrich August; BUTTMANN, Philipp (eds.). Museum der Alterthums-Wissenschaft. 1. ed. Berlin: Realschulbuchhandlung, 1807, p. 1-145. Disponível em: <https://digi.ub.uni-heidelberg.de/diglit/museum-alterthumswissenschaft>. Acesso em 03 abr. 2021.

WOLF, Friedrich August. Prolegomena ad Homerum. Halle: Halis Saxonum / Libraria Orphanotrophei, 1795.

Downloads

Publicado

2023-01-01

Edição

Seção

Dossiê: Romantismo e Classicismo: atualidades de uma velha batalha

Como Citar

Silva, R. G. T., & Assunção, T. R. (2023). Por uma filologia do futuro: O que resta da polêmica entre Wilamowitz e o círculo de Nietzsche para os Estudos Clássicos hoje?. Aletria: Revista De Estudos De Literatura, 32(3), 36–57. https://doi.org/10.35699/2317-2096.2022.36911