Um andarilho por vocação
continuidades e reelaborações da flânerie na crônica de Lima Barreto
DOI:
https://doi.org/10.35699/2317-2096.2022.37663Palavras-chave:
Lima Barreto, república, crônica, flâneur, andarilhoResumo
Este artigo problematiza os modos como a crônica de Afonso Henriques de Lima Barreto (1881-1922) dialogou com as transformações da rua carioca por meio de uma particular experiência corporal, reelaborando a alegoria do flâneur parisiense. A partir da análise de opções estilísticas empreendidas para organizar deslocamentos pelo espaço urbano, a crônica do escritor foi colocada em diálogo com a formulação teórica e histórica de Walter Benjamin sobre o flâneur com o objetivo de apurar continuidades e rupturas na participação de Lima Barreto na imprensa brasileira. Conduzidos por passeios pelos subúrbios da capital reformada no início do século XX, veremos que o cronista escolheu a experiência subjetiva de percorrer a cidade como “andarilho” para renovar na representação da flânerie. O registro alcançado pôde ser lido como uma autêntica intervenção literária e midiática na nova paisagem urbana construída pela República no Brasil.
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