Das páginas efêmeras da imprensa à posteridade dos livros
a Bibliotheca do jornal fluminense O Globo (1874 - 1875), de Quintino Bocaiúva
DOI:
https://doi.org/10.35699/2317-2096.2023.41080Palavras-chave:
literatura brasileira, coletânea de livros, Quintino Bocaiúva, imprensa, romance-folhetimResumo
No artigo abordamos a Bibliotheca do Globo, uma breve coletânea de livros lançada pela Tipografia do jornal fluminense O Globo, e que contemplou os seguintes títulos: A mão e a luva (1874), de Machado de Assis; Marabá (1875), de Salvador de Mendonça; e Ouro sobre azul (1875), de Silvio Dinarte – pseudônimo de Visconde de Taunay. Lançados como folhetins no próprio jornal e vindo a integrar a Bibliotheca logo em seguida, cogitamos a hipótese de que tais romances possam reverberar as particularidades de um “fazer literário” concebido por entre as malhas discursivas da imprensa oitocentista. Interessa-nos compreender as possíveis escolhas estéticas do jornalista-editor Quintino Bocaiúva por trás do periódico e dos livros. E, em nosso horizonte de expectativas, também figuram a questão moral e a temática da representação feminina, afinal, e conforme demonstraremos, a tríade converge ao tratar de perfis femininos cujas sinas são marcadas por questões de gênero, de (i)moralidade e de transgressão social.
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