Uma poética da permanência em Chinês com sono, de Leonardo Fróes
Palavras-chave:
Leonardo Fróes, permanência, tempo, poesiaResumo
Resumo: O presente ensaio assume uma chave de leitura do livro Chinês com sono, de Leonardo Fróes (2005), que aponta para uma poética da permanência. Esta interessa aos estudos que vimos fazendo acerca da desaceleração vivenciada junto à literatura. Críticos como Jonathan Crary (2016) e Rodrigo Turin (2019) apontam para a aceleração e monetização da vivência do tempo no mundo moderno capitalista. Já o filósofo Franco Berardi (2020) e a crítica Rebecca Solnit (2002) apontam eventuais formas de resistir à imposição constante dessa dinâmica acelerada. A autora norte-americana nos fala que o gesto de caminhar pode ser um ato político poético, o italiano, por sua vez, fala sobre a insurreição da linguagem por meio da poesia. Por fim, Ailton Krenak (2022), com sua problematização acerca do tempo e da ancestralidade, ajuda a lapidar nossa leitura crítica. A partir desse breve pano de fundo crítico, lemos o livro mencionado de Fróes como uma insurgência (e urgência) que nos coloca em outra dimensão temporal, vivida, esta, numa poesia que aproxima o campo simbólico e a natureza.
Palavras-chave: Leonardo Fróes; permanência; tempo; poesia.
Abstract: The present essay assumes a reading of the book Chinês com sono (Sleepy Chinese), by Leonardo Fróes (2005), pointing to a poetics of permanence. This is related to the studies we have been doing about deceleration experienced in literature. Critics like Jonathan Crary (2016) and Rodrigo Turin (2019) discuss the acceleration and monetization of the experience of time in the modern capitalist world. The philosopher Franco Berardi (2020) and critic Rebecca Solnit (2002) point out possible ways of resisting the constant imposition of this accelerated dynamic. The American author tells us that the gesture of walking can be a poetic political act; the Italian, in turn, discusses the insurrection of language through poetry. Finally, Ailton Krenak (2022), when questioning about time and ancestry, helps to refine our critical reading. From this brief critical background, we read Fróes’s book as insurgency (and urgency) that places us in another temporal dimension, living in poetry that brings together the symbolic field and nature.
Keywords: Leonardo Fróes; Permanence; Time; Poetry.
Downloads
Referências
ANDRADE, Carlos Drummond de. Nova reunião: 23 livros de poesia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.
BERARDI, Franco. Asfixia: capitalismo financeiro e a insurreição da linguagem. Trad. Humberto do Amaral. São Paulo: Ubu Editora, 2020.
CANCLINI, Néstor García. Culturas híbridas: estratégias para entrar e sair da modernidade. Trad. Heloísa Pezza Cintrão e Ana Regina Lessa. 8 ed. São Paulo: Edusp, 2019.
CRARY, Jonathan. 24/7: Capitalismo tardio e os fins do sono. São Paulo: Ubu Editora, 2016.
FRÓES, Leonardo. Chinês com sono. Rio de Janeiro: Rocco, 2005.
FRÓES, Leonardo. Natureza: a arte de plantar. Organização Victor da Rosa. Recife: CEPE, 2021a.
FRÓES, Leonardo. Poesia reunida (1968-2021). São Paulo: Editora 34, 2021b.
KRENAK, Ailton. Futuro ancestral. São Paulo: Companhia das Letras, 2022. Ebook
NETO, João Cabral de Melo. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994.
PEREIRA, Edimilson de Almeida. Entre orfe(x)u e exunouveau: análise de uma estética de base afrodiaspórica na literatura brasileira. São Paulo: Fósforo Editora, 2022.
SOLNIT, Rebecca. L’art de marcher. Arles: Babel, 2002.
SONTAG, Susan. Contra a interpretação: e outros ensaios. Trad. Denise Bottmann. São Paulo: Companhia das Letras, 2020.
TURIN, Rodrigo. Tempos precários: aceleração, historicidade e semântica neoliberal. Rio de Janeiro e Copenhague: Zazie Edições, 2019. E-book: Disponível em: https://zazie.com.br/wp-content/uploads/2021/05/TURIN2.pdf. Acesso em: 16 nov. 2022.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2023 Cristiano de Sales (Autor)
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja The Effect of Open Access).