“Perto do fragmento, a totalidade”: percepções sobre a literatura moçambicana

entrevista com o pesquisador e intelectual Francisco Noa

Autores

  • Luciana Brandão Leal Universidade Federal de Viçosa (UFV), Florestal, Minas Gerais / Brasil

Palavras-chave:

Francisco Noa, Crítica Literária, Literaturas Africanas de Língua Portuguesa, Moçambique

Resumo

Francisco Noa é intelectual, professor, crítico literário e ensaísta moçambicano, pesquisador reconhecido nos centros de pesquisas do Brasil, Portugal e África. Doutor em Literaturas Africanas de Língua Portuguesa, pela Universidade Nova de Lisboa (2001), professor de Literatura Moçambicana, na Universidade Eduardo Mondlane (Maputo) e professor convidado nas Universidades de Montes Claros (Brasil), Santiago de Compostela (Espanha), Genebra (Suiça), Abidjan (Costa do Marfim), Agostinho Neto (Angola). Dedica-se à investigação de temas como a colonialidade, nacionalidade e transnacionalidade literária, a literatura como conhecimento e o diálogo intercultural no Oceano Índico. Autor dos seguintes livros: Literatura moçambicana: memória e conflito (Imprensa Universitária, 1997); A escrita infinita (1. ed., Livraria Universitária, 1998; 2. ed., Ndjira, 2013); Império, mito e miopia: Moçambique como invenção literária (Caminho, 2002) e (Kapulana, 2015), A letra, a sombra e a água (Texto Editores, 2008) e Perto do fragmento, a totalidade: olhares sobre a literatura e o mundo (Kapulana; Ndjira, 2012); Uns e outros na literatura moçambicana: ensaios, (Kapulana, 2017). Francisco Noa é uma referência importante para pesquisadores e professores que buscam pressupostos teóricos e críticos sobre a literatura moçambicana, sobretudo, a literatura do período colonial, além de referências sobre a literatura transnacional e o conceito de literatura mundo. Nesta entrevista, Francisco Noa apresenta suas considerações sobre literatura colonial, partindo da etimologia da palavra “colere”, que significa ocupar. Define os impactos da colonização na formação do sistema literário moçambicano, reafirmando que, nesse espaço, a escrita surge como uma arma contra o sistema dominante. Discute e explicita pressupostos críticos e teóricos sobre a produção literária de seu país, a partir de reflexões já expostas em obras publicadas no Brasil, em Moçambique e em Portugal. Nesse empenho, salienta a importância das revistas literárias que circularam em meados do século XX. Evidencia, também, como a oralidade é um pilar estruturante da poesia e da prosa moçambicana. Francisco Noa considera a literatura Índica e sua importância de conformar trânsitos de pessoas, culturas e saberes no espaço moçambicano. Assim, refere-se ao conceito de “zona de contacto”, de Mary Louse Pratt (1991), salientando que pensar Moçambique e sua literatura exige considerar suas “múltiplas e diversificadas interseções”. Esta entrevista foi concedida à professora Luciana Brandão Leal, da Universidade Federal de Viçosa, bolsista de produtividade CNPq e pesquisadora da FAPEMIG, que se dedica aos estudos sobre a produção poética dos países africanos de língua portuguesa.

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Biografia do Autor

Luciana Brandão Leal, Universidade Federal de Viçosa (UFV), Florestal, Minas Gerais / Brasil

Doutora e mestre em Letras - Literaturas de Língua Portuguesa, pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.  Em 2017, atuou como pesquisadora visitante, com bolsa CAPES de doutorado-sanduiche na Universidade de Lisboa - Portugal. Professora Adjunto II na Universidade Federal de Viçosa. Integra o corpo editorial do literÁfricas (UFMG). 

Referências

GURNAH, Abdulrazac. Junto ao mar. Lisboa: Cavalo de Ferro, 2022.

MACEDO, Tania Celestino de; MAQUÊA, Vera. Literaturas de língua portuguesa: marcos e marcas. São Paulo: Arte & ciência, 2007.

NOA, Francisco. Império, mito e miopia: Moçambique como invenção literária. São Paulo: Editora Kapulana, 2015.

NOA, Francisco. Noémia de Sousa: a metafísica do grito. São Paulo: Editora Kapulana, 2016.

NOA, Francisco. Perto do fragmento, a totalidade: olhares sobre a literatura e o mundo. São Paulo: Editora Kapulana, 2012.

NOA, Francisco. Uns e outros na literatura moçambicana – ensaios. São Paulo: Editora Kapulana, 2017.

PRATT, Mary Louise. A crítica na zona de contato: nação e comunidade fora de foco. Travessia, Florianópolis, n. 38, p. 7-29, jan./jun. 1999. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/travessia/article/view/14665. Acesso em: 1 fev. 2023.

ROSÁRIO, Lourenço Joaquim da Costa. A narrativa africana da expressão oral: transcrita em português. Lisboa: Instituto de Cultura e Lingua Portuguesa; Angolê, 1989.

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Publicado

2023-08-31

Como Citar

Leal, L. B. (2023). “Perto do fragmento, a totalidade”: percepções sobre a literatura moçambicana: entrevista com o pesquisador e intelectual Francisco Noa. Aletria: Revista De Estudos De Literatura, 33(2), 224–234. Recuperado de https://periodicos.ufmg.br/index.php/aletria/article/view/44992