A Paris moderna dos poemas em prosa de J.-K. Huysmans
DOI:
https://doi.org/10.35699/2317-2096.2022.37944Palavras-chave:
J.-K. Huysmans, Paris, poema em prosa, modernidade literária, naturalismoResumo
Na segunda metade do século XIX, o poema em prosa esteve associado à modernidade literária, sobretudo após Le spleen de Paris, de Baudelaire, no qual a capital francesa é representada em seus aspectos cotidianos. J.-K. Huysmans, ao praticar tal gênero literário, propõe questões estéticas semelhantes às de Baudelaire, em especial relacionadas à estetização do banal, porém inseridas na proposta naturalista. Nelas, a representação do espaço urbano com suas diferentes facetas associa-se pela descrição à pintura e ao desenho, contribuindo para a construção literária do mito da Paris moderna. Por meio da forma indecisa e errante do poema em prosa, que parece a mais adequada para o objeto literário, e a partir do olhar percuciente de um narrador-flâneur, são narrados os imprevistos e contingências da vivência da cidade moderna em locais de diversão ou em espaços secretos e degradados.
Referências
TTALA, Daniel; ROSIAU, Violaine. Introduction. In: ATTALA, Daniel; ROSIAU, Violaine (org.) Chute et rédemption dans la littérature. Rennes: Presses Universitaires de Rennes, 2018. p. 1-10.
BAGULEY, David. Le Naturalisme et ses genres. Paris: Nathan, 1995.
BAUDELAIRE, Charles. Le peintre de la vie moderne. In: BAUDELAIRE, Charles. L’Art romantique. Paris: Michel-Levy Frères, 1870. p. 51-77.
BAUDELAIRE, Charles. Les fleurs du mal. In: BAUDELAIRE, Charles. Œuvres complètes. Paris: NRF-Gallimard, 1961. p. 1-226. (Bibliothèque de la Pléiade).
BAUDELAIRE, Charles. Pequenos poemas em prosa: O spleen de Paris. Prefácio de Marcelo Jacques de Moraes. Tradução de Isadora Petry e Eduardo Veras. São Paulo: Via Leitura, 2018.
BENJAMIN, Walter. Charles Baudelaire: um lírico no auge do capitalismo. São Paulo: Brasiliense, 1994.
BERGEZ, Daniel. Littérature et peinture. Paris: Armand Colin, 2004.
BERNARD, Suzanne. Le Poème en prose : de Baudelaire jusqu’à nos jours. Paris: Nizet, 1959.
BERTRAND, Aloysius. Gaspard de la nuit : fantaisies à la manière de Rembrandt et de Callot. Paris: Poésie, 1980.
BOURDIEU, Pierre. As regras da arte: gênese e estrutura do campo artístico. Tradução de Maria Lúcia Machado. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.
BOURGEOIS, Bertrand. Échanges transdisciplinaires et légitimation générique : le poème en prose et les arts plastiques. Transtext(e)s Transcultures, Lyon, n. 12, p. 1-14, 2017. Disponível em: https://bit.ly/3R7lXw1. Acesso em: 20 dez. 2021.
CABANÈS, Jean-Louis. Les Croquis Parisiens ou le naturalisme en tension. In: PAGÈS, Alain (org.). Les Cahiers naturalistes, Paris, n. 81, p. 31-46, 2007.
CATHARINA, Pedro Paulo Garcia Ferreira. Livros, quadros e crítica na constituição de um campo autônomo para a arte. In: FÓRUM INTERNACIONAL DE ANÁLISE DO DISCURSO: Homenagem a Patrick Charaudeau, 2., set. 2010, Rio de Janeiro. Anais […]. Rio de Janeiro: Faculdade de Letras da UFRJ, 2010. p. 1-14.
COUTELET, Nathalie. Les Folies-Bergère : une pornographie “select”. Romantisme, Malakoff, n. 163, p. 111-124, 2014. Disponível em: https://bit.ly/3IhhVNs. Acesso em: 4 jan. 2022.
DEPEYROT, Thierry. De Guyancourt à Paris… La Bièvre. Paris: Depeyrot, 2019.
DISEGNI, Silvia. Poème en prose et formes brèves au milieu du XIXe siècle. Études françaises, Montréal, v. 44, n. 3, p. 69-85, 2008. Disponível em: https://bit.ly/3OJRbrt. Acesso em: 12 mar. 2022.
FLAUBERT, Gustave. [correspondência]. Destinatário: Louise Colet. Croisset, 12 set. 1853. Disponível em: https://bit.ly/3nHG8mI. Acesso em: 10 out. 2021
FORNERET, Xavier. Vapeurs : ni vers, ni prose. Paris: E. Duverger, 1838.
GONZALES-QUIJANO, Lola. Le système réglementariste dans les communes annexées : le cas de Grenelle (1842-1914). Histoire urbaine, [s. l.], n. 49, p. 55-74, 2017. Disponível em: https://bit.ly/3ReFnz5. Acesso em: 10 jan. 2022.
GROJNOWSKI, Daniel. Du poème en prose au roman : J.-K. Huysmans et l’antienne de Pantin. In: CABANÈS, Jean-Louis (org.). Voix de l’écrivain : mélanges offerts à Guy Sagnes. Toulouse: Presses universitaire du Mirail, 1996. p. 223-230.
GUÉRIN, Maurice. Le Centaure et la bacchante. Toulon: Les Bibliophiles de Provence, 1929.
HAMON, Philippe. Du descriptif. Paris: Hachette, 1993.
HUYSMANS, Joris-Karl. Croquis parisiens. Paris: Henry Vaton, 1880.
HUYSMANS, Joris-Karl. L’Art moderne. Paris: Stock, 1901.
HUYSMANS, Joris-Karl. La Bièvre et Saint-Severin. Paris: Stock, 1898.
HUYSMANS, Joris-Karl. Les mystères de Paris. Edição de Philippe Barascud. Paris: Manacius, 2009.
HUYSMANS, Joris-Karl. Lettres inédites à Émile Zola. Genève-Lille: Droz-Giard, 1953.
HUYSMANS, Joris-Karl. Œuvres complètes. T. I (1867-1879). Edição de Jean-Marie Seillan. Paris: Classiques Garnier, 2017.
HUYSMANS, Joris-Karl. Romans et nouvelles. Edição de André Guyau e Pierre Jourde. Paris: Gallimard, 2019. (Bibliothèque de la Pléiade).
KALIFA, Dominique et al. (org.). La civilisation du journal: histoire culturelle et littéraire de la presse française au XIXe siècle. Paris: Nouveau monde, 2011.
LANIER, Doris. Absinthe, the cocaine of the Nineteenth Century: a history of the hallucinogenic drug and its effect on artists and writers in Europe and the United States. Jefferson: McFarland and Company, 1995.
LEBON, Stéphanie. Vers une poétique du poème en prose. Revista de Lenguas Modernas, San Pedro, n. 13, p. 95-109, 2010. Disponível em: https://bit.ly/3nGwocc. Acesso em: 19 mar. 2022.
LIMA, Cláudio Flores Serra. O teatro de variedades de J.-K. Huysmans: elementos da cenografia enunciativa. 2010. Dissertação (Mestrado em Letras Neolatinas) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2010.
LOCMANT, Patrice. Poésie en prose et prose poétique : Le cas du Drageoir aux épices de Huysmans. In: SOLAL, Jérôme (org.). Huysmans, ou comment extraire la poésie de la prose. Paris: Lettres Modernes Minard-Classique Garnier, 2015. p. 15-29.
LOUVEL, Liliane. A descrição pictural: por uma poética do iconotexto. In: ARBEX, Marcia (org.). Poéticas do visível: ensaios sobre a escrita e a imagem. Belo Horizonte: Faculdade de Letras da UFMG, 2006. p. 191-220.
MANET, Édouard. Um bar no Folies-Bergère. 1882. Pintura, óleo sobre tela, 96 cm × 130 cm. Disponível em: < https://courtauld.ac.uk/whats-on/permanent-collection-display/#&gid=1&pid=7>. Acesso em: 08 jan. 2022.
MEUNIER, Anna. Huysmans. Les hommes d’aujourd’hui. Paris, Vanier, n. 263, 1885.
MURAT, Michel. Le dernier livre de la bibliothèque : une histoire du poème en prose. In: MACÉ, Marielle; BARONI, Raphaël (org.). Le Savoir des genres. Rennes: Presses universitaires de Rennes, 2007. p. 281-296.
REVERZY, Éléonore. Croquis parisiens. La différence de Huysmans. In: SOLAL, Jérôme (org.). Huysmans, ou comment extraire la poésie de la prose. Paris: Lettres Modernes Minard-Classique Garnier, 2015. p. 81-97.
SANDRAS, Michel. Proust et le poème en prose fin de siècle. Bulletin d’informations proustiennes, Paris, n. 40, p. 77-92, 2010. Disponível em: https://bit.ly/3yGZfn0. Acesso em: 19 mar. 2022.
SIEBURTH, Richard. Une idéologie du lisible : le phénomène des Physiologies. Romantisme, Malakoff, n. 47, p. 39-60, 1985. Disponível em: https://bit.ly/3NEePEk. Acesso em: 10 jan. 2022.
THÉRENTY, Marie-Ève. La Littérature au quotidien : poétiques journalistiques au XIXe siècle. Paris: Seuil, 2007.
THÉRENTY, Marie-Ève. Misteriomania: difusão e limites da globalização cultural no século XIX. Escritos, Rio de Janeiro, n. 8, p. 27-43, 2014. Disponível em: <https://bit.ly/3NPaM8a>. Acesso em: 10 jan. 2022.
VADÉ, Yves. Le Poème en prose et ses territoires. Paris: Editions Belin, 1996.
VAILLANT, Alain. La modernité littéraire. In: KALIFA, Dominique et al. (org.). La Civilisation du journal : histoire culturelle et littéraire de la presse française au XIXe siècle. Paris: Nouveau monde, 2011. p. 1523-1531.
VANLIN, Nicolas. Aloysius Bertrand : le sens du pittoresque. Rennes: Presses universitaires de Rennes, 2010.
VINCENT-MUNNIA, Nathalie. Premiers poèmes en prose : spleen de la poésie. Littérature, Paris, n. 91, p. 3-11, 1993. Disponível em: https://bit.ly/3add0k9. Acesso em: 23 mar. 2022.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2022 Rubens Vinícius Marinho Pedrosa, Pedro Paulo Garcia Ferreira Catharina (Autor)
![Creative Commons License](http://i.creativecommons.org/l/by/4.0/88x31.png)
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja The Effect of Open Access).