Determinantes do não uso de serviços odontológicos por crianças de cinco anos

Autores

  • Adriana Benquerer Oliveira Palma Universidade Estadual de Montes Claros - UNIMONTES
  • Raquel Conceição Ferreira Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG
  • Andréa Maria Eleutério Barros Martins Universidade Estadual de Montes Claros - UNIMONTES
  • Katyane Benquerer Oliveira Assis Universidade Cruzeiro do Sul - UNICSUL
  • Danilo Antônio Duarte Universidade Cruzeiro do Sul - UNICSUL

DOI:

https://doi.org/10.7308/aodontol/2015.51.1.02

Resumo

Objetivo: Estudo transversal, que avaliou a prevalência e fatores associados ao não uso dos serviços odontológicos entre crianças de cinco anos de Montes Claros/MG. Foi realizado estudo populacional com amostra probabilística por conglomerados aleatoriamente selecionada. Material e Métodos: A amostra incluiu 997 crianças, que foram submetidas a um exame epidemiológico por examinadores calibrados (kappa > 0,60). Os pais ou responsáveis responderam a um questionário sobre condições socioeconômicas, necessidades percebidas e utilização de serviços odontológicos. Análises bivariada e múltipla empregando Regressão de Poisson Robusta, com estimativa das Razões de Prevalência foram empregadas para testar a associação da variável dependente “uso de serviços odontológicos” e as independentes, segundo Modelo Comportamental de Andersen e Davidson. O programa SPSS 18.0 foi utilizado para análise dos dados. Resultados: Uma proporção de 64,3% (n = 603) nunca usou serviços odontológicos na vida. Houve maior prevalência de crianças que não usaram os serviços odontológicos entre aquelas que não receberam informações sobre como evitar problemas bucais (1,38; IC95% 1,27-1,50), com menor renda (1,73; IC95% 1,22-2,47), filhos de mães com menor escolaridade, que não utilizavam flúor (1,41; IC95% 1,20-1,65) e crianças filhas de mães que não percebiam necessidade odontológica nos seus filhos (1,31; IC95% 1,17-1,47). A prevalência de não uso de serviços odontológicos foi menor nas crianças sem cobertura pela Estratégias de Saúde da Família (ESF) (0,90; IC95% 0,80-1,00) e diminuiu com o aumento do número de dentes decíduos obturados (0,26; IC95% 0,14-0,47). Conclusão: Houve uma baixa prevalência de uso de serviços odontológicos. Os resultados sugerem uma distribuição desigual no uso de serviços, principalmente determinada por fatores sociais.

Descritores: Estudos transversais. Pré-escolares. Assistência odontológica para crianças.

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Biografia do Autor

Adriana Benquerer Oliveira Palma, Universidade Estadual de Montes Claros - UNIMONTES

Departamento de Odontologia, Universidade Estadual de Montes Claros (UNIMONTES), Montes Claros, MG.

Raquel Conceição Ferreira, Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG

Departamento de Odontologia Social e Preventiva, Faculdade de Odontologia, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Belo Horizonte, MG.

Andréa Maria Eleutério Barros Martins, Universidade Estadual de Montes Claros - UNIMONTES

Departamento de Odontologia, Universidade Estadual de Montes Claros (UNIMONTES), Montes Claros, MG.

Katyane Benquerer Oliveira Assis, Universidade Cruzeiro do Sul - UNICSUL

Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde, Universidade Cruzeiro do Sul (UNICSUL), São Paulo, SP.

Danilo Antônio Duarte, Universidade Cruzeiro do Sul - UNICSUL

Departamento de Odontopediatria, Universidade Cruzeiro do Sul (UNICSUL), São Paulo, SP.

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Publicado

2016-06-14

Como Citar

Palma, A. B. O., Ferreira, R. C., Martins, A. M. E. B., Assis, K. B. O., & Duarte, D. A. (2016). Determinantes do não uso de serviços odontológicos por crianças de cinco anos. Arquivos Em Odontologia, 51(1). https://doi.org/10.7308/aodontol/2015.51.1.02

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