Efeito da modificação térmica nas propriedades físicas da madeira de
Pinus Caribaea
var.
Hondurensis
Barrett & Golfari
Vaniele Bento dos Santos
1
*; Gilmar Correia Silva
2
DOI: https://doi.org/10.35699/2447-6218.2021.26590
Resumo
A madeira do gênero Pinus é amplamente utilizada na indústria florestal, principalmente no setor moveleiro e civil, e por isso,
faz-se necessário a busca por técnicas que melhorem e aperfeiçoem as suas propriedades tecnológicas. Neste sentido, o
presente estudo teve como objetivo avaliar o efeito da modificação térmica nas propriedades físicas da madeira de Pinus
caribaea var. hondurensis sob duas diferentes temperaturas. Foram utilizadas três árvores com idade de 14 anos, coletadas no
campo experimental da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, em Vitória da Conquista, BA, das quais foram
produzidas amostras com dimensões de 30 x 30 x 50 mm. O processo de modificação térmica foi realizado em uma estufa
laboratorial a 160°C e 200°C de temperatura final de ciclo que, somados ao controle, representaram três tratamentos em
análise. Foram realizados os ensaios de densidade aparente, umidade, perda de massa, taxa de absorção de água e estabilidade
dimensional. Concluiu-se que a modificação térmica alterou as propriedades físicas avaliadas, tornando a madeira menos
higroscópica e com maior estabilidade dimensional, além de ter influenciado na coloração da madeira em relação a sua
aparência natural.
Palavras-chave:
Estabilidade dimensional. Higroscopia. Termorretificação. Tratamento térmico.
Effect of thermal modification on the physical properties of Pinus caribaea var.
hondurensis
Barrett & Golfari wood
Abstract
Pinus wood is widely used in the forestry industry, mainly in the furniture and civil sector, and for that reason, it is necessary
to search for techniques that improve and perfect its technological properties. In this sense, the present
study aimed to evaluate
the effect of thermal modification on the physical properties of Pinus caribaea var. hondurensis
under two different temperatures.
Three trees were used at the age of 14, collected in the experimental field of the State University of Southwest Bahia, in
Vitória da Conquista, BA, of which they were produced with dimensions of 30 x 30 x 50 mm. The thermal modification
process was carried out in a laboratory oven at 160°C and 200°C of final cycle temperature, which, added to the control,
represented three treatments under analysis. The data of apparent density, humidity, loss of mass, water absorption rate and
dimensional stability were performed. It was concluded that the thermal modification altered the physical properties
evaluated, making the wood less hygroscopic and with greater dimensional stability, in addition to influencing the color of the
wood in relation to its natural appearance.
Keywords:
Dimensional stability. Heat treatment. Hygroscopy. Thermorectification.
Recebido para publicação em 07 de dezembro de 2020. Aceito para publicação em 19 de janeiro de 2021.
e-ISSN: 2447-6218 /
ISSN: 2447-6218. Atribuição CC BY.
CADERNO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
Agrarian Sciences Journal
2
Santos, V. B. e Silva, G. C.
Introdução
A madeira é um material orgânico e heterogêneo
que
pode apresentar restrições de uso a depender do
produto
final devido a algumas propriedades intrínsecas, como
higroscopicidade, anisotropia e susceptibilidade ao
ataque
biológico. A sua higroscopicidade está relaciona- da à
estrutura química da parede celular, onde contém os
polímeros de celulose, hemicelulose e lignina, que formam
os grupos hidroxílicos. Dentre esses polímeros, a
hemicelulose é a mais hidrófila favorecendo a troca de água
com o meio e, consequentemente, a variação
dimensional da
madeira (Hill, 2006; Modes et al., 2017).
concentradas as indústrias de painéis de madeira e polos
moveleiros (IBÁ, 2020).
Reconhecendo assim a potencialidade da modifi-
cação térmica, e dado que as características tecnológicas da
madeira geram parâmetros adequados para avaliar a sua
qualidade, este estudo teve como objetivo analisar o
efeito da
modificação térmica sobre as propriedades físicas
da madeira de
Pinus caribaea var. hondurensis Barrett & Golfari através
dos ensaios de densidade aparente, umi- dade, perda de
massa, taxa de absorção de água, testes
de contração e
inchamento volumétrico, e coeficiente de
anisotropia.
E dentre as tecnologias utilizadas para melhorar a
qualidade e uso da madeira, encontra-se a modificação
térmica, a qual consiste em um processamento da ma- deira
a altas temperaturas com o propósito de alterar a sua
composição química e proporcionar melhorias em
suas
propriedades, como por exemplo, a cor, estabilidade
dimensional e a vantagem ambiental de aumentar a resis-
tência
à biodeterioração da madeira sem a impregnação ou
utilização de produtos químicos (Batista, 2019).
Material e todos
Obtenção do material e confecção dos corpos de
prova
O estudo foi conduzido no Laboratório de Tec-
nologia de Produtos Florestais da Universidade Estadual do
Sudoeste da Bahia (UESB), campus de Vitória da
Conquista, BA. Foram utilizadas três árvores de Pinus
caribaea var. hondurensis Barrett & Golfari com idades de 14
anos, cultivadas no campo experimental da UESB, com
espaçamento de 3 x 3 m, nas coordenadas geográficas de
14°53’12”S e 40°48’7”W. A região de Vitória da Conquista
tem altitude relativa de aproximadamente 900 m, clima
caracterizado como tropical de altitude (Cwb), segundo a
classificação de Köppen; temperatura média anual de
21°C,
com precipitação pluviométrica irregular, variando
entre 700 e
1.100 mm anuais (Novaes et al., 2007).
O processo de modificação térmica, geralmente, é
realizado com temperaturas de 150 a 280°C e períodos de
tempo variando entre 15 minutos a 24 horas, a depender das
características do material, do processo utilizado e do aspecto
desejado ao produto final (Kamdem et al., 2002). Entretanto,
dependendo da temperatura e tempo utilizado no processo, pode
ocorrer a perda da resistência mecânica
do material. De acordo
Moura et al., (2011), madeiras de Pinus caribaea var.
hondurensis quando submetidas a modificação térmica com
temperaturas acima de 200°C,
são necessários cuidados
adicionais em situações nas quais
a resistência ao cisalhamento
seja um fator importante.
As árvores selecionadas possuíam alturas e DAP
(diâmetro à altura do peito) semelhantes, com médias de
12,6
m e 17,80 cm, respectivamente. Após a derrubada,
foram
retirados discos de dez centímetros de espessura a
0%
(iniciando a 10 cm de altura do solo), 25% e 50% da
altura
comercial e na altura do DAP. Utilizaram-se discos
até 50%
da altura comercial por se tratar de árvores de pequeno
diâmetro. Os corpos de provas foram divididos em três lotes
iguais, com 36 amostras para cada, nas dimensões de 30 x
30 x 50 mm (espessura x largura x comprimento), conforme
a NBR 7190 (ABNT, 1997).
Visto que o lenho do gênero Pinus tende a apre-
sentar algumas limitações tecnológicas, como alto grau de
higroscopicidade, a madeira deste nero m sido uma das
mais utilizadas no processo de modificação térmica
com o
intuito de agregar maior valor ao produto final. Se- gundo a
International ThermoWood Association (2020), 48% da
madeira tratada pelo processo ThermoWood
®
no
ano de 2019,
foi representada pelas espécies de pinus. No continente
europeu, a madeira submetida a este tra-
tamento térmico tem
uma larga aplicação para usos ao ar
livre, como decks,
móveis para jardim, componentes de
portas e janelas, bem
como, mobiliário interno, estruturas
de saunas e banheiros
(Esteves e Pereira, 2009).
Processo de modificação térmica
Os corpos de prova, com umidade inicial de 12%,
foram modificados termicamente a 160°C e 200°C em uma
estufa com circulação e renovação de ar. Um dos lotes não
passou pelo processo, sendo assim utilizado para o controle.
Embora esse processo não esteja consolidado no
Brasil, é evidente a importância do gênero de Pinus para o
país, que, dos 9 milhões de hectares de árvores
plantadas no
território nacional, 1,64 milhão de hectares
são de espécies de
pinus. No ano de 2019, os plantios de pinus apresentaram um
aumento de aproximadamente 4% de produtividade em
relação ao ano anterior, de- monstrando assim uma
tendência de aumento no mer- cado, principalmente na
região Sul do país, onde estão
O programa utilizado no processo de modificação
térmica (Tabela 1) foi desenvolvido com base na literatura
(Modes et al., 2013; Poubel et al., 2013; Nunes et al., 2016;
Santos et al., 2016). Após o processo, as amostras
Cad. Ciênc. Agrá., v. 13, p. 0107, https://doi.org/10.35699/2447-6218.2021.26590
3
Efeito da modificação térmica nas propriedades físicas da madeira de
Pinus Caribaea
var.
Hondurensis
Barrett & Golfari
foram aclimatizadas e, posteriormente, determinadas suas
propriedades físicas.
Tabela 1 Programa utilizado no processo de modificação térmica das madeiras de Pinus caribaea var. hondurensis
Barrett & Golfari.
Etapas
Ciclos de temperatura
Tempo
I
II
Aquecimento da temperatura inicial de 30°C até 100°C
Manutenção de 100°C
30 minutos
120 minutos
30 a 60 minutos, a depender da
temperatura final
120 minutos
120 minutos
III
Aquecimento até a temperatura final (160°C e 200°C)
I
V
V
Manutenção da temperatura final (160°C e 200°C)
Resfriamento
Determinação das propriedades físicas
até peso constante. Sendo assim calculada pela equação 4.
Foram utilizadas 12 amostras de cada tratamento
térmico e 12 de controle para os ensaios de umidade,
densidade e perda de massa; 12 para a taxa de absorção
de
água; e 12 para os ensaios de contração e inchamento
volumétrico, e coeficiente de anisotropia.
(Eq. 4)
Em que: T.A. = taxa de absorção de água (%); M1 = massa úmida (g); e
M2 = massa seca (g).
O teor de umidade foi medido de acordo com a
NBR 14929 (ABNT, 2003), pela diferença de massa das
amostras antes e depois da secagem em estufa a 103±2°C
até
massa constante. O cálculo do teor de umidade da madeira
foi realizado pela equação 1.
O ensaio de estabilidade dimensional foi realiza-
do
de acordo com a NBR 15261 (ABNT, 2005), onde as
amostras foram imersas em água até saturação completa
e as
dimensões foram mensuradas com um paquímetro digital
nos três sentidos estruturais (longitudinal, tan- gencial e
radial). As mesmas foram conduzidas a estufa a 103±2°C
durante 24 horas e as dimensões novamente mensuradas.
Assim, foram determinadas a contração volumétrica (v),
contração de inchamento volumétrico (v) e o coeficiente de
anisotropia (C.A.) pelas equações 5, 6 e 7, respectivamente.
(Eq. 1)
Em que: T.U. = teor de umidade (%); Mu = massa úmida (g); e Ms
= massa seca (g).
A densidade aparente anidra foi determinada de
acordo com a recomendação e adaptação da NBR 7190
(ABNT, 1997), em que a massa absolutamente seca da
madeira foi medida em uma balança de precisão e o volume
foi medido por meio das dimensões da amostra com o
auxílio de um paquímetro digital. O cálculo foi realizado
pela equação 2.
(Eq. 5)
(Eq. 6)
(Eq. 7)
Em que: v = contração volumétrica (%); Vu = volume úmido (mm); V0 =
volume seco (mm); v = inchamento volumétrico (%); C.A. = coeficiente
de anisotropia; (t,r) = coeficiente de contração linear.
(Eq. 2)
Em que: Da = densidade aparente anidra (g/cm³); M = massa seca (g); e V
= volume da amostra (cm³).
Análise estastica
A perda de massa foi determinada apenas para as
amostra tratadas termicamente, pela relação entre a
diferença da massa seca antes e após a modificação térmica,
sendo calculada pela equação 3.
Os resultados foram analisados em função do
efeito da modificação térmica nas propriedades físicas da
madeira. Foram avaliados por meio da análise de variân-
cia e
do teste de Tukey, ambos a 5% de probabilidade,
utilizando-se o programa Excel®.
(Eq. 3)
Resultados e discussão
Em que: P.M. = perda de massa (%); Mnt = massa seca antes do
tratamento (g); e Mt = massa seca após o tratamento (g).
Os valores médios para a umidade e taxa de
absorção de água da madeira modificada termicamen- te de
Pinus caribaea var. hondurensis Barrett & Golfari
apresentaram resultados menores que àqueles obtidos
Para a taxa de absorção de água, as amostras foram
imersas em água por 24 horas e, posteriormente,
passaram
pelo processo de secagem em estufa a 103±2°C
Cad. Ciênc. Agrá., v. 13, p. 0107, https://doi.org/10.35699/2447-6218.2021.26590
4
Santos, V. B. e Silva, G. C.
para o controle, contudo, não houve diferença estatís- tica
entre as temperaturas de tratamento. Em relação à perda de
massa, as madeiras modificadas apresentaram resultados
significativos, sendo que, as maiores médias foram
encontradas para a maior temperatura (200°C).
Entretanto, mesmo a amostras modificadas termicamente
apresentarem um menor valor para a densidade aparente,
não
houve diferença significativa entre os tratamentos estudados
(Tabela 2).
Tabela 2 dias e coeficiente de variação (%) dos parâmetros avaliados da madeira de Pinus caribaea var. hondurensis
Barrett & Golfari.
T.U.
(%)
Da
(g/cm³)
T.A.
(%)
P. M.
(%)
Tratamentos
12,0 a
(3,55)
7,88 b
(1,30)
6,42 b
(6,32)
0,42 a
(6,73)
0,40 a
(8,46)
0,40 a
(5,91)
80,06 a
(10,03)
74,97 b
(3,06)
70,95 b
(3,04)
-
-
5,55 a
(5,09)
8,20 b
(4,99)
Controle
160°C
200°C
Em que: T.U = teor de umidade; Da = densidade aparente; T.A. = taxa de absorção de água; P.M = perda de massa. Médias seguidas por uma mesma letra
em uma mesma coluna não diferem estatisticamente entre si pelo Teste de Tukey à 5% de significância.
A redução no teor de umidade da madeira de P.
caribaea var. hondurensis está diretamente relacionada
com
as alterações químicas que a modificação térmica pro- move nos
constituintes da parede celular, principalmente
dos grupos
hidroxilas, como por exemplo, a celulose e
hemicelulose,
tornando assim a madeira menos higroscó- pica (Kocaefe et
al., 2008; Lengowski et al., 2018). Neste sentido, a taxa de
absorção de água das madeiras tratadas
neste trabalho
demonstra a eficiência e importância da modificação térmica
na redução da higroscopicidade, visto que, seus valores
foram estatisticamente menores que as do controle, havendo
assim, uma tendência de decréscimo conforme o aumento
da temperatura.
as madeiras de Pinus elliottii, Eucalyptus sp., Pouteria
caimito e P. elliottii, respectivamente, e não apresentaram
diferença para esse parâmetro. Isto indica que, durante o
processo de modificação térmica, o aumento de tempera- tura
não provocou nas amostras uma diminuição de massa
proporcional à diminuição de volume, apontando assim, que a
densidade aparente não se apresentou como uma boa
propriedade para avaliar a qualidade do tratamento térmico
(Calonego et al., 2012).
Em relação à estabilidade dimensional, o proces-
so
de modificação térmica reduziu significativamente a
contração volumétrica e o inchamento volumétrico da
madeira de Pinus caribaea var. hondurensis, proporcionan- do-
a assim uma menor instabilidade dimensional, porém,
não
houve diferença estatística entre as temperaturas de
tratamento. Já para o coeficiente de anisotropia, o
procedimento térmico não influenciou no resultado final
(Tabela 3).
A perda de água livre e higroscópica presente nas
paredes celulares da madeira, juntamente com a
decomposição dos seus constituintes químicos, também
influenciaram na perda de massa das amostras. Além de que,
madeiras de menor densidade, como as do gênero
Pinus,
espera-se maior redução percentual de massa quan-
do
submetidas a tratamentos térmicos, pois, as mesmas têm
menos massa por unidade de volume (Hill, 2006.; Lobato et
al., 2020).
Os fenômenos de inchamento e contração que
ocorrem na madeira devido a entrada e saída de água de adesão
podem causar defeitos nas peças, como rachaduras e
fendilhamentos. Neste sentido, reduzir a instabilidade di-
mensional da madeira por meio de tratamentos térmicos,
como
no presente estudo, melhora a sua qualidade para
determinados setores, como construção civil, movelaria,
decoração entre outros (He et al., 2019).
Assim, resultados semelhantes aos dos parâme- tros
estudados foram encontrados por Bellon (2013), que ao
trabalhar com madeiras de Pinus taeda tratadas a 160°C
obteve umidade final de 7,60% e densidade de 0,41 g/cm³; e
por Moura et al. (2011) e Schulz et al. (2020) trabalhando a
200°C com Pinus caribaea var. hondurensis e Pinus
elliottii, obtiveram 7,51% e 7,38%, respectivamente, de
redução de massa.
A eficiência do aumento da estabilidade dimen-
sional nas amostras de P. caribaea var. hondurensis pode ser
explicada pela degradação das hemiceluloses, que é o
componente estrutural mais hidrofílico, e, conse-
quentemente redução da higroscopicidade. que, a menor
retratibilidade ocorre pela redução dos sítios de sorção,
sobretudo das hidroxilas, que se envolvem com as moléculas
de água durante as trocas de umidade com o ambiente
externo (Jämsä e Viitaniemi, 2001; Kocaefe
Os valores das densidade aparente não terem sido
significativos (Tabela 2), manifestou a mesma tendência
dos
estudos de Conte et al. (2014), Juizo et al. (2018), Lobato et
al. (2020) e Schulz et al. (2020), onde analisa- ram diferentes
tratamentos de modificação térmica para
Cad. Ciênc. Agrá., v. 13, p. 0107, https://doi.org/10.35699/2447-6218.2021.26590
5
Efeito da modificação térmica nas propriedades físicas da madeira de
Pinus Caribaea
var.
Hondurensis
Barrett & Golfari
et al., 2015). Valores similares foram apresentados por
Conte et al. (2014), 8,25% de contração volumétrica, com
madeiras de Pinus elliottii var. elliottii tratadas a 210°C; e
por Poubel et al. (2013), 8,16% de inchamento volumé- trica,
com madeiras de Pinus caribaea tratadas a 200°C.
Tabela 3 Médias e coeficiente de variação (%) da contração volumétrica, inchamento volumétrico e coeficiente de
anisotropia dos tratamentos de Pinus caribaea var. hondurensis Barrett & Golfari.
v (%)
v (%)
Tratamentos
C.A.
13,52 a
(9,62)
9,32 b
(18,37)
8,20 b
(18,16)
15,66 a
(11,21)
10,22 b
(19,03)
8,98 b
(19,23)
0,89 a
(9,63)
0,86 a
(16,57)
0,86 a
(18,01)
Controle
160°C
200°C
Em que: v = contração volumétrica; v = inchamento volumétrico; C.A. = coeficiente de anisotropia. Médias seguidas por uma mesma letra em uma mesma
coluna não diferem estatisticamente entre si pelo Teste de Tukey à 5% de significância.
Mesmo não apresentando diferença significativa entre
os tratamentos estudados, os valores do coeficiente de
anisotropia demostraram que a espécie de P. caribaea
var.
hondurensis apresenta uma madeira de boa quali- dade
(Tabela 3), visto que, quanto mais próximo de 1 melhor é a
qualidade da madeira, que um coeficiente de anisotropia
igual a 1 representa uma alteração igual de dimensões nos
sentidos radial e tangencial, situação considerada ideal e que
não provocaria formação de tensões internas (Durlo e
Marchiori, 1992). Resultados
para o coeficiente de anisotropia
apresentados por Bellon
(2013) e Candaten et al. (2020), em
madeiras tratadas de Pinus taeda e Handroanthus
chrysotrichus, respecti-
vamente, indicaram que a modificação térmica também não
alterou esta propriedade física.
Quanto ao aspecto visual das amostras estu- dadas,
verificou-se que a modificação térmica também
influenciou,
visualmente, na coloração da madeira, prin-
cipalmente
àquelas tratadas a 200°C (Figura 1). Quirino (2003), explica
que espécies de baixa densidade, como as do gênero de
Pinus, adquirem uma maior alteração na cor original das
peças após a modificação térmica. Isto ocorre pela
combinação de vários fatores, como a formação de produtos
oxidativos e produtos da degra- dação das hemiceluloses e
lignina, os quais migram às superfícies da madeira (Esteves
et al., 2008).
Figura 1 Corpos de prova da madeira de Pinus caribaea var. hondurensis Barrett & Golfari.
A: Controle; B: modificadas termicamente a 160°C; C: modificadas termicamente a 200°C.
Lengowski et al. (2018), Mendoza et al. (2020) e
Schulz et al. (2020), também constataram a alteração
da cor
das peças de madeira após os diferentes processos
de
modificação térmica, sendo a maior variação da cor
observada no tratamento de maior temperatura final. Neste
sentido, a modificação térmica demonstra ser um
processo
vantajoso, pois, além de ser eficiente na melhoria
das
propriedades físicas da madeira, ainda agrega valor
Cad. Ciênc. Agrá., v. 13, p. 0107, https://doi.org/10.35699/2447-6218.2021.26590
6
Santos, V. B. e Silva, G. C.
as suas peças, que, madeiras com coloração escura
tendem a apresentar maior valor comercial.
evidentes na exposição a maior temperatura. Além de ter
influenciado visualmente na coloração da madeira em
relação a sua aparência natural, agregando assim, valor nas
peças e as potencializando para diversos setores, como para
fins estruturais, aplicações exteriores e setor moveleiro.
Conclusão
O processo de modificação rmica influenciou
nas
propriedades avaliadas da madeira de Pinus caribaea
var.
hondurensis Barrett & Golfari. Houve alteração das
características físicas, que, em função da redução da
umidade de equilíbrio, associada a uma maior perda de
massa, tornou a madeira menos higroscópica e com
maior
estabilidade dimensional, sendo estes valores mais
Agradecimentos
Os autores agradecem à Universidade Estadual
do
Sudoeste da Bahia (UESB) e ao Programa de Iniciação
Científica (PIC/UESB).
Referências
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). 1997. NBR 7190:
Projeto de Estruturas de Madeira. Rio de Janeiro.
Indústria Brasileira de Árvores, IBÁ: Relatório 2020 Ano base 2019. São
Paulo, SP, 2020. Disponível em: https://iba.org/datafiles/publicacoes/
relatorios/relatorio-iba-2020.pdf.
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). 2003. NBR 14929:
Determinação do teor de umidade da madeira. Rio de Janeiro.
International Thermowood Association. 2020. Thermowood production
statistics 2019. Disponível em: https://asiakas.kotisivukone.com/files/
en.thermowood.palvelee.fi/uutiset/Productionstatistics2019.pdf.
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). 2005. NBR 15261:
Determinação da variação dimensional da madeira. Rio de Janeiro.
Jämsä, S.; Viitaniemi, P. 2001. Heat treatment of wood - Better durability
without chemicals. In: Proceedings of special seminar held in Antibes,
France.
Batista, D. C. 2019. Retificação térmica, termorretificação, tratamento
térmico, tratamento com calor ou modificação térmica? Ciência Florestal,
29:463-480. Doi: https://doi.org/10.5902/1980509822577.
Juizo, C. G. F.; Zen, L. R.; Klitzke, W.; França, M. C.; Cremonez, V. G.;
Klitzke, R. J. 2018. Propriedades tecnológicas da madeira de eucalipto
submetida ao tratamento térmico. Nativa, Sinop, 6: 537-542. Doi:
http://dx.doi.org/10.31413/nativa.v6i5.5666.
Bellon, K. R. R. 2013. Modificação térmica da madeira de três espécies de
florestas plantadas pelo processo VAP HolzSysteme®. Curitiba:
Universidade Federal do Paraná, 101f. Dissertação Mestrado. Disponível
em:
https://acervodigital.ufpr.br/handle/1884/37706.
Kamdem, D. P.; Pizzi, A.; Jermannaud, A. 2002. Durability of heat-
treated Wood. Holz als Roh-und Werkstoff. Berlin: Springer-Verlag. p.1-6.
Doi: https://doi.org/10.1007/s00107-001-0261-1.
Calonego F. W.; Severo, E. T. D.; Ballarin, A. W. 2012. Physical and
mechanical properties of thermally modified wood from E. grandis.
European Journal of Wood and Wood Products, 70:453-460. Doi:
https://doi.org/10.1007/s00107-011-0568-5.
Kocaefe, D.; Poncsák, S.; Doré, G.; Younsi, R. 2008. Effect of heat
treatment on the wettability of white ash and softmaple by water. Holz
als
Roh-und Werkstoff, 66: 355-361. Doi: https://doi.org/10.1007/ s00107-
008-0233-9.
Candaten, L.; Costa, H. W. D.; Trevisan, R.; Eloy, E.; Kulcynski, S.
M. 2020. Physical-mechanical properties and biological resistance of
thermally modified juvenile Handroanthus chrysotrichus wood. Revista
de
Ciências Agrárias, 63:1-8. Disponível em: https://periodicos.ufra.
edu.br/index.php/ajaes/article/view/3258.
Kocaefe, D.; Huang, X.; Kocaefe, Y. 2015. Dimensional Stabilization of
Wood. Current Forestry Reports, 1 : 151 -161. Doi: https://doi.
org/10.1007/s40725-015-0017-5.
Conte, B.; Missio A. L.; Pertuzzatti, A.; Cademortori, P. H. G.; Gatto, D. A.
2014. Propriedades físicas e colorimétricas da madeira termorretificada de
Pinus elliottii var. elliottii. Scientia Forestalis, 42: 555-563. Disponível
em:
https://www.ipef.br/publicacoes/scientia/nr104/cap09.pdf.
Lengowski, E. C.; Muñiz, G. I. B.; Klock, U.; Nisgoski, S. 2018. Potential
use of nir and visible spectroscopy to analyze chemical properties of
thermally treated wood. Maderas, Ciencia y Tecnología, Concepción,
20:627-640. Doi: http://dx.doi.org/10.4067/S0718- 221X2018005041001.
Durlo, M. A.; Marchiori, J. N. C. Tecnologia da madeira: retratibilidade.
Santa
Maria: CEPEF/FATEC, 1992. 33p. (Série Técnica, 10).
Lobato, C. C. S.; Do Vale, I.; Souza, L. M.; Abreu, J. L. L.; Ferreira, G. C.;
Bufalino, L. 2020. Densidade básica e estabilidade dimensional de
madeiras tropicais modificadas por tratamentos térmicos. Nativa, Sinop, 8:
708-714. Doi: https://doi.org/10.31413/nativa.v8i5.10630.
Esteves, B.; Velez, M. A.; Domingos, I.; Pereira, H. 2008. Heat induced
colour changes of pine (Pinus pinaster) and eucalyptus (Eucalyptus
globulus) wood. Wood Science and Technology 42: 369-384. Doi:
https://doi.org/10.1007/s00226-007-0157-2.
Mendoza, Z. M. S. H.; Borges, P. H. M.; Morais, P. H. M. 2020.
Modificação térmica em madeiras tropicais. Enciclopédia Biosfera, Centro
Científico Conhecer - Goiânia, 17:382. Doi: https://doi.org/10.18677/
EnciBio_2020B34.
Esteves, B. M.; Pereira, H. M. 2009. Wood modification by heat treatment: a
review. BioResources, 4: 370-404. Disponível em: https://ojs.cnr.ncsu.
edu/index.php/BioRes/article/view/BioRes_04_1_%23%23%23%23_
Esteves_P_Wood_Mod_Heat_Treatment.
Modes, K. S.; Santini, E. J.; VIVIAN, M. A. 2013. Hygroscopicity of
wood from Eucalyptus grandis and Pinus taeda subjected to thermal
treatment. Cerne, Lavras, 19: 19-25. Doi: https://doi.org/10.1590/ S0104-
77602013000100003.
He, Z.; Qu, L.; Wang, Z.; Qian, J.; Yi, Y. 2019. Effects of zinc chloride
silicone oil treatment on wood dimensional stability, chemical
components, thermal decomposition and its mechanism. Scientific
Reports,
9:e1601. Doi: https://doi.org/10.1038/s41598-018-38317-5.
Modes, K. S.; Santini, E. J.; Vivian, M. A.; Garlet, A. 2017. Influência da
termorretificação na resistência a degradação biológica das madeiras de
Pinus taeda e Eucalyptus grandis. Ciência Florestal, 27: 993-1002. Doi:
https://doi.org/10.5902/1980509828672.
Hill, C. A. S. 2006. Wood Modification: Chemical, Thermal and Other
Processes. Chichester: John Wiley & Sons.
Cad. Ciênc. Agrá., v. 13, p. 0107, https://doi.org/10.35699/2447-6218.2021.26590
7
Efeito da modificação térmica nas propriedades físicas da madeira de
Pinus Caribaea
var.
Hondurensis
Barrett & Golfari
Moura, L. F.; Brito, J. O.; Bortoletto Júnior,G. 2011. Efeitos da
termorretificação na perda de massa e propriedades mecânicas de
Eucalyptus grandis e Pinus caribaea var. hondurensis. Floresta, 42: 305
314. Doi: http://dx.doi.org/10.5380/rf.v42i2.17635.
Poubel, D. S.; Garcia, R. A.; Santos, W. A.; Oliveira, G. L.; Abreu, H. S.
2013. Efeito da termorredificação nas propriedades físicas e químicas da
madeira de Pinus caribae. Cerne, 19: 391-398. Doi: http://dx.doi.
org/10.1590/S0104-77602013000300005.
Novaes, A. B.; Longuinhos, M. A. A.; Rodrigues, J.; Santos, I. F.; Gusmão,
J. C. 2007. Caracterização e demanda florestal da Região Sudoeste da Bahia.
In: Santos, A. F.; 422 Novaes, A.B.; Santos, I.F.; Longuinhos,
M.A.A. (Org.). Memórias do II Simpósio sobre Reflorestamento na
Região Sudoeste da Bahia. ed. Colombo: Embrapa Florestas, 1: 25-43.
Quirino, W. F. 2003. Utilização energética de resíduos vegetais. Brasília,
DF:
IBAMA/LPF. Disponível em: http://www.mundoflorestal.com.br/
arquivos/aproveitamento.pdf.
Santos, P. V.; Silva, M. S.; Dias Junior, A. F.; Carvalho,A. M.; Nascimento,
A. M.; 2016. Qualidade tecnológica da madeira de Corymbia citriodora
(Hook.) K.D. Hill & L.A.S. Johnson submetida ao processo de
termorretificação. Scientia Forestalis, 44: 343-350. Doi: https://doi.
org//10.18671/scifor.v44n110.07.
Nunes, C. S.; Nascimento, A. M.; Garcia, R. A.; Lelis, R. C. C. 2016.
Qualidade de adeo das madeiras de Corymbia citriodora e Eucalyptus pellita
modificadas termicamente. Scientia Forestalis, 44: 41-56. 2016.
Doi:
http://dx.doi.org/10.18671/scifor.v44n109.04.
Schulz, H. R.; Acosta, A. P.; Barbosa, K. T.; Gallio, E.; Beltrame, R.;
Gatto, D. A. 2020. Efeito do tratamento térmico da madeira de Pinus
elliottii nos parâmetros físico-mecânicos e colorimétricos. Biofix Scientific
Journal, 5: 86-93. Doi: https://doi.org//10.5380/biofix.v5i1.68111.
Cad. Ciênc. Agrá., v. 13, p. 0107, https://doi.org/10.35699/2447-6218.2021.26590