Avaliação da substituição da silagem de milho por volumoso extrusado na dieta de ovinos
Débora Adriana de Paula Silva
1
; Gustavo Roberto Dias Rodrigues
2
; Marco Túlio Santos Siqueira
3
; Erica Beatriz
Schultz4*; Karla
Alves Oliveira5; Gilberto de Lima Macedo Júnior6
DOI: https://doi.org/10.35699/2447-6218.2021.32930
Resumo
Objetivou-se avaliar os efeitos da substituição da silagem de milho por volumoso extrusado (Urochloa brizantha cv
Marandu) sobre o consumo e digestibilidade da matéria seca, comportamento ingestivo, curva glicêmica e metabó- litos
sanguíneos de ovinos. Foram utilizadas 20 ovelhas da raça Santa Inês com idade superior a três anos e peso corporal médio
de 54,5 kg, distribuídas em delineamento inteiramente casualizado, com quatro tratamentos e cinco repetições. Os tratamentos
consistiram na inclusão de volumoso comercial extrusado, Foragge® 70% (F) (Nuttrata®) em substituição à silagem de milho
(S) nas proporções: 20%F:80%S; 40%F:60%S; 60%F e 40%S e 80%F:20%S. Foi realizada a análise de regressão a 5% de
significância. À medida que aumentou a inclusão de volumoso extrusado houve aumento no consumo de matéria seca (CMS),
CMS em relação ao peso corporal, CMS em relação ao peso me- tabólico, peso de fezes na matéria natural e matéria seca
(P<0,05). Houve aumento linear para eficiência de ingestão, eficiência de ruminação, eficiência de mastigação, ureia e
glicemia (P<0,05). A digestibilidade da matéria seca, e os metabolitos energéticos não foi alterada (P>0,05). O tempo de
ruminação obteve resposta quadrática quanto a substituição da silagem de milho pelo volumoso extrusado (P<0,05). Conclui-
se que a substituição da silagem em até 80% pelo volumo extrusado é recomendada, por melhorar o consumo sem efeitos
deletérios na digestibilidade e metabólitos sanguíneos.
Palavras chave:
Extrusão. Ovis aries. Ruminantes. Urochloa brizantha.
Evaluation replacement of corn silage by extruded roughage on sheep diet
Abstract:
The aim was to evaluate the effects of replacing corn silage with extruded roughage (Urochloa brizantha cv Marandu) on dry
matter intake and digestibility, ingestive behavior, glycemic curve and blood metabolites of sheep. Twenty Santa Inês ewes,
with more three years old and average body weight of 54.5 kg were used, assign in a completely randomized design, with
four treatments and five repetitions. The treatments were use the extruded commercial roughage, Foragge® 70% (F)
(Nuttrata®) to replace corn silage (S) in the proportions: 20% F: 80% S; 40% F: 60% S; 60% F and 40% S and 80% F: 20% S.
Regression analysis was performed at 5% significance level. As the inclusion of extruded roughage increased, there was an
increase in the dry matter intake (DMI), DMI relation to body weight, DMI relation to metabolic weight, weight of feces in
natural and dry matter. There was linear increase to efficiency of
1Universidade Federal de Uberlândia. Uberlândia, MG. Brasil.
https://orcid.org/0000-0003-3052-0544
2Universidade Federal de Uberlândia. Uberlândia, MG. Brasil.
https://orcid.org/0000-0001-9438-3724
3Universidade Federal de Uberlândia. Uberlândia, MG. Brasil.
https://orcid.org/0000-0002-2098-8568
4Universidade Federal de Viçosa. Viçosa, MG. Brasil.
http://orcid.org/0000-0003-1916-2117
5Universidade Estadual Paulista. Jaboticabal, SP. Brasil.
https://orcid.org/0000-0002-7792-2615
6Universidade Federal de Uberlândia. Uberlândia, MG. Brasil.
https://orcid.org/0000-0001-5781-7917
*Autor para correspondência: ericabeatrizschultz@gmail.com
CADERNO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
Agrarian Sciences Journal
2
Silva, D. A. de P. et al.
eating, rumination and chewing, urea and blood glucose (P <0.05). The dry matter digestibility and energy metabo- lites was
not altered (P> 0.05). The rumination time showed a quadratic response regarding the replacement of corn silage by extruded
roughage (P <0.05). It is concluded that the replacement of silage in up to 80% by the extruded volume is recommended, as it
improves intake without deleterious effects on digestibility and blood metabolites.
Key words:
Extrusion. Ovis aries. Ruminants. Urochloa brizantha.
Introdução
A alimentação dos animais ruminantes é pre-
dominantemente composta por alimentos volumosos em
pastagens. Entretanto, no Brasil, o clima tropical
influencia
diretamente em duas estações definidas: água e seca, sendo a
última responsável por reduzir a qualidade e produtividade das
pastagens nessa época do ano. Sendo
assim, no intuito de
evitar déficits produtivos, a prática de ensilagem é
amplamente realizada na finalidade de garantir ofertas
qualitativas e quantitativas alimentares ao requerimento
animal e ao mesmo tempo aumentar a eficiência da
utilização das pastagens (Macêdo et al., 2019).
mentares, uma vez que as proteínas, energia, minerais,
aditivos e fibras tornam-se um único alimento e com isso, a
fermentação ruminal é ampliada e resulta em melhor
aproveitamento dos alimentos pelos animais, como
demonstrado por Oliveira et al. (2019) e Silva et al. (2020).
Além disso, o ambiente ruminal é benefi- ciado, uma vez
que os ingredientes serão liberados em
equilíbrio no men
de forma sincronizada, contribuindo
para manutenção do pH
ruminal sem a necessidade de tamponantes. Por fim, a
digestibilidade dos alimentos também é aumentada, uma vez
que a extrusão quebra a fibra das paredes celulares (Reddy &
Reddy, 2015).
A silagem de milho é a ensilagem de maior ex-
pressão no Brasil, uma vez que esse alimento produz boa
quantidade de matéria seca por área, fornecendo energia e
proteína, além da aceitabilidade pelos animais ruminantes
(Mourão et al., 2012). Em contrapartida, para a obtenção de
uma silagem de qualidade, verifica-se a necessidade de
seguir
rigorosamente os processos de ensilagem, como,
implementação da cultura, tratos culturais, fertilidade do
solo, composição químico-bromatológica, estágio de
maturação da forrageira, manejo de colheita, grau de
processamento do material, higiene de silo, tipo, tempo de
fechamento, compactação e vedação do silo (Macêdo et al.,
2019). Todas essas práticas refletem na qualidade
da silagem
que será obtida, sendo fundamentais para que
o alimento
fornecido aos animais esteja com qualidade nutricional
próxima à forrageira de origem, visto que os
aspectos
nutritivos da silagem estão amplamente ligados
à composição
e digestibilidade da forrageira de origem.
Portanto nossa hipótese é que a substituição da
silagem de milho por volumoso extrusado pode me- lhorar a
dinâmica ruminal e o aproveitamento da dieta para ovinos.
Objetivou-se avaliar níveis de substituição da silagem de
milho por volumoso extrusado (Urochloa
brizantha cv
Marandu) sobre o consumo e digestibilidade da matéria seca,
comportamento ingestivo e metabólitos
sanguíneos de ovinos.
Material e Métodos
O ensaio experimental foi realizado no setor de
caprinos e ovinos presente na fazenda Capim Branco, da
Universidade Federal de Uberlândia (UFU), durante o mês
de julho de 2017 com duração total de 21 dias. Os quinze
primeiros dias do experimento foram destinados à adaptação
dos animais a dieta experimental, e os últi- mos seis dias
para mensuração e coleta de fezes, urina,
sangue, água,
amostras de sobras e ofertado de alimento.
Todos os manejos
utilizados contaram com a aprovação da Comissão de Ética e
Utilização dos Animais (CEUA) da UFU sob o número de
protocolo 092/16.
Com isso, no intuito de auxiliar o manejo e di-
minuir possíveis riscos de oscilação na qualidade dos
alimentos volumosos fornecidos aos animais, atualmente,
novos métodos de conservação de alimentos vêm sendo
inseridos no mercado, como é o caso dos volumosos ex-
trusados. De acordo com Reddy & Reddy (2015), no pro-
cesso de extrusão os alimentos passam pela combinação
entre
calor, pressão e trabalho mecânico, até a passagem
por um
cilindro, onde no final deste a presença de uma matriz
com furos de menor diâmetro, formando o produto
extrusado final. Como a temperatura dessa atividade
ultrapassa 100°C, a extrusão tem a capacidade de promover o
rompimento das células vegetais, o que
proporciona a total
fusão entre os ingredientes utilizados.
Foram utilizadas vinte ovelhas da raça Santa Inês,
não
gestantes e não lactantes, com peso corporal médio de 54,5
kg e idade média de três anos. Todos os animais
foram
pesados e vermifugados com Levamisol (via oral) no primeiro
dia do experimento e feita observação da mucosa
ocular.
Posteriormente, em um galpão de alvenaria, os animais
ficaram alocados em gaiolas metabólicas indi- viduais
equipadas com comedouro, bebedouro, saleiro, piso ripado e
artefato de separação de fezes e urina de acordo com padrão
dos Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCT).
A utilização de produtos extrusados na nutrição
animal gera benefícios ao sincronismo das fontes ali-
Cad. Ciênc. Ag., v. 13, p. 0110, https://doi.org/10.35699/2447-6218.2021.32930
3
Avaliação da substituição da silagem de milho por volumoso extrusado na dieta de ovinos
Os tratamentos foram compostos por níveis de
incluo de volumoso comercial extrusado, Foragge® 70%
(F) (Nuttrata Nutrição Animal, Itumbiara - GO, Brasil) em
substituição a silagem de milho (S) nas pro- porções: 20%
de Foragge® e 80% de Silagem de milho (20%F:80%S);
40% de Foragge® e 60% de Silagem de
milho
(40%F:60%S);
60%
de
Foragge
®
e
40%
de
Silagem
de milho
(60%F e 40%S) e 80% de Foragge® e 20% de Silagem de
milho (80%F:20%S). O fornecimento da alimentação
ocorreu duas vezes ao dia, às 08:00hrs e posteriormente às
16:00hrs, onde foi ofertado 50% do total diário em cada
um desses turnos. Além disso,
a dieta experimental foi balanceada de modo com
que
houvesse sobras entre 5-10% do total fornecido. Durante
todos os 21 dias do experimento os animais tiveram livre
acesso à água e sal mineral ad libitum.
O Foragge® 70% é um produto de forma
extrusada, composto por 70% de capim da espé- cie
Urachloa brizantha, cultivar Marandu, amido, farelo
de girassol e premix vitamínico e mineral. A
composição química do Foragge® 70%, da silagem de
milho e das dietas estão descritos na Tabela 1.
Tabela 1 Composição química dos ingredientes e das dietas experimentais
Nutrientes (%)
Item
MS
PB
FDN
FDA
NDT
CINZAS
AMIDO
Foragge® 70%*
Silagem de milho**
90
28,02
6,68
8
64,44
57,11
35,7
36,17
64,44
62,52
4,6
10,3
24,3
23,63***
Tratamentos
MS
PB
FDN
FDA
NDT
20% Foragge®:80% Silagem de milho
40% Foragge®:60% Silagem de milho
60% Foragge®:40% Silagem de milho
80% Foragge®:20% Silagem de milho
43,26
55,32
65,33
76,98
7,93
7,86
7,79
7,72
56,4
55,7
54,99
54,29
36,07
35,98
35,88
35,79
62,9
63,3
63,6
64
MS: matéria seca; PB: proteína bruta; FDN: fibra em detergente neutro; FDA: fibra em detergente ácido; NDT: nutrientes digestíveis totais; *Valores fornecidos
pelo fabricante Nutratta©. **Valores obtidos através de análises bromatológicas efetuadas no Laboratório de Nutrição Animal da Univer- sidade Federal de
Uberlândia. ***Dado retirado das Tabelas Brasileiras de Composição de Alimentos para Bovinos, por Valadares Filho et al., (2018).
Em todos os dias de coleta, os alimentos
ofertados, sobras e fezes foram pesados e amostrados
utilizando balança eletrônica com precisão de cinco
gramas. Foram feitas amostras compostas prove-
nientes de cada animal para realização das análises
químicas e cálculo de consumo e digestibilidade da
matéria seca. No final do período de coleta, estas
amostras foram armazenadas em freezers horizontais à -
15°C, para conservação, e em seguida os alimentos
ofertados, sobras e fezes foram pré secos em estufa
ventilada à 55°C durante 72 horas, até ser obtido peso
constante. Em seguida, foram trituradas com a
utilização de um moinho de facas tipo Willey, em
partículas de 1mm. Após esse procedimento, as
amostras foram levadas ao Laboratório de Nutrição
Animal da UFU, onde foi verificada a matéria seca das
porções de ofertado, sobras e fezes, em estufa à 105°C
durante 24 horas.
A partir do cálculo da matéria seca foram
calculados o consumo de matéria seca (CMS) e a
digestibilidade da matéria seca através da equação
proposta por Maynard et al., (1984).
A urina foi amostrada por meio de baldes
com
telas para a retenção das fezes, que foram reco-
lhidas em
bandejas plásticas. O volume de urina foi
mensurado
com a utilização de provetas graduadas
de plástico com
capacidade de dois litros e precisão de 20mL. Foram
quantificados o volume urinário excretado por cada
animal durante o período de 24 horas.
A densidade da urina foi avaliada utilizando
um
refratômetro manual portátil Megabrix® (Fre-
mont,
Ohio, Estados Unidos
) com o auxílio de pipetas
descartáveis, onde 1mL de urina foi transferido do
balde coletor para o prisma do optômetro. Esse
procedimento foi realizado sob luz fluorescente,
sempre na mesma posição. Entre a mensuração de
cada amostra, o refratômetro foi higienizado e seco
com papel toalha no intuito de não ocorrer
interferências entre os resultados.
O escore fecal foi mensurado pela escala
proposta por Gomes
et al.
(2012), onde na escala um
(1) as fezes são ressecadas e sem brilho; na escala dois
(2) as fezes são normais; na escala três (3) as
fezes são
ligeiramente amolecidas; na escala quatro
Cad. Ciênc. Ag., v. 13, p. 0110, https://doi.org/10.35699/2447-6218.2021.32930
4
Silva, D. A. de P. et al.
(4) as fezes são amolecidas, perdendo o formato e
coladas umas às outras; na escala cinco (5) as fezes são
amolecidas e sem formato normal; e na escala seis (6)
as fezes são diarreicas.
(Emast) e ruminação (Erum) foram obtidas segundo
Polli
et al. (1996), dividindo o consumo de matéria seca por
cada atividade dispendida.
As coletas de sangue para avaliação dos compo-
nentes bioquímicos foram realizadas no primeiro, terceiro e
quinto dia de coleta do experimento, antes da primeira refeição
ofertada no dia. As colheitas de sangue ocorreram
por
venopunção da jugular com tubos Vacutainer® sem
anticoagulante.
Os componentes bioquímicos avalia-
dos
para determinação do metabolismo energético
foram:
triglicerídeos, colesterol e frutosamina; e para
determinação do metabolismo proteico foram: ureia,
proteínas totais, ácido úrico, albumina e creatinina.
para a avaliação glicêmica, as colheitas foram
realizadas no último dia de coleta de dados, às 8:00 (antes da
primeira refeição), 11:00, 14:00, 17:00 e 20:00 horas.
Excepcionalmente nesse dia, a segunda refeição somente
foi
ofertada após o recolhimento das 20:00 horas. Essas
amostras foram coletadas por meio de venopunção da
jugular com a utilização de tubos Vacutainer® (BD) con-
tendo fluoreto e EDTA, identificados para cada animal. Não
foram mensurados os efeitos do estresse da coleta a cada
três horas nos animais.
A ingestão de água pelos animais foi calcu-
lada baseado na diferença entre a quantidade de água
ofertada diariamente e as sobras verificadas no dia
seguinte, sendo levado em consideração a quantidade
de água que evaporava. A mensuração da água
oferecida foi realizada com a utilização de uma proveta
graduada de plástico com capacidade
de dois litros e
exatidão de 20mL. Diariamente eram
oferecidos seis
litros de água para cada animal e caso houvesse
necessidade, fornecia-se quantida- des maiores. A
evaporação foi medida a cada 24 horas por meio da
inserção de um balde no galpão experimental contendo
seis litros de água, onde o mesmo ficou em local de
acesso restrito aos ani- mais. O balde de evaporação
foi colocado durante o momento de fornecimento de
água, em uma su- perfície plana correspondente à
altura dos baldes inseridos nas gaiolas metabólicas. A
mensuração da quantidade evaporada também foi por
meio da diferença entre os seis litros ofertados e as
sobras verificadas no dia seguinte. A quantidade total
de água evaporada foi descontada do consumo diário
de água de cada animal. O cálculo do consumo de água
total foi feito somando a água do balde com a água
contida no alimento ingerido.
No quinto dia do período de coleta, ocorreu a
mensuração do comportamento ingestivo, onde os
animais foram submetidos à observação visual por
pessoas treinadas, em sistema de revezamento, dispostas
de maneira a não incomodar os animais durante vinte e
quatro horas, uma vez ao longo do período de coleta.
No período noturno, o ambiente recebeu iluminação
artificial e as luzes foram man- tidas acessas durante
cinco dias antes da avaliação
para promover a adaptação
dos animais às mesmas. Os animais foram avaliados a
cada cinco minutos por
24 horas, sendo observado a
ingestão de alimento ou água separadamente (ING),
ruminação (RUM) ou ócio de acordo com a
metodologia proposta por Fischer et al. (1998).
Todas as amostras de sangue coletadas foram
centrifugadas a 3000 rotações por minuto, durante 10
minutos. Após a separação do soro em alíquotas, estes
ficaram armazenados em freezer à -15°C para futuras aná- lises
laboratoriais.
As amostras foram processadas em
analisador
bioquímico
automatizado
Bioplus
®
2000
(Bioplus Produtos para Laboratório Ltda,
Barueri - SP,
Brasil), usando kit comercial (Lab Test Diagnósticos
S. A.®, Lagoa Santa - MG, Brasil)
Para a maioria das variáveis analisadas uti-
lizou-se o delineamento inteiramente casualizado com
quatro tratamentos e cinco repetições. para glicemia
considerou-se delineamento inteiramente ao acaso com
medidas repetidas no tempo. Esta variável foi testada
para condição de esfericidade, que não foi aceita.
Portanto, utilizou-se a análise de modelos mistos, em
que foram avaliadas todas as
estruturas de covariâncias
(S) disponíveis no pacote do software SAS (SAS
Institute, 2012) que modelam a dependência dos erros do
modelo. Para selecionar
a estrutura de covariância que
melhor explique a correlação residual, foi utilizado o
critério de infor- mação de Akaike (AIC), sendo
escolhida, para cada variável, a estrutura que resultou
no menor valor de AIC após a análise (Silva et al.,
2015).
Os cálculos das atividades foram feitos em
minutos por dia, admitindo que, nos cinco minutos
subsequentes a cada observação, o animal perma-
neceu na mesma atividade. o tempo total gasto
em
mastigação (MAST) foi determinado somando-se
os
tempos gastos em ingestão (ING) e ruminação
(RUM).
As eficiências de ingestão (Eing), mastigação
Todos os dados foram testados quanto a
normalidade e homocedasticidade das variâncias dos
tratamentos. As variáveis normais e com variâncias
Cad. Ciênc. Ag., v. 13, p. 0110, https://doi.org/10.35699/2447-6218.2021.32930
5
Avaliação da substituição da silagem de milho por volumoso extrusado na dieta de ovinos
homogêneas foram submetidas a análise de regres-
são,
considerando os efeitos linear e quadrático para a
probabilidade de erro tipo I a 5 % de significância. Os
dados referentes ao escore fecal foram analisados
por
estatística não paramétrica, através do teste de
Kruskal e
Wallis (1952) seguido pelo procedimento
de Conover
(1980) a 5 % de significância.
Resultados e discussão
peso metabólico (CMS/PC0,75) aumentaram linearmente
(P<0,05) (Tabela 2). De acordo com Zereu (2016),
dentre
os fatores que podem influenciar no consumo dos
animais,
estão a composição física e química, tamanho das partículas
e balanço dos nutrientes dos alimentos ofertados. O uso
alimento extrusado contribuiu para o aumento no consumo.
Isto pois, o uso de volumoso ex- trusado em comparação a
silagem de milho aumentou o
consumo devido ao
processamento dos alimentos durante
o processo de extrusão,
como gelatinização do amido e desnaturação das proteínas
(Oliveira et al., 2018).
À medida que aumentou a proporção de volumoso
extrusado na dieta: o consumo de matéria seca (CMS), CMS
em relação ao peso corporal (CMS/PC) e CMS pelo
Tabela 2 Consumo e digestibilidade da matéria seca em ovelhas consumindo níveis crescentes de Foragge® 70% em relação à
silagem de milho
Tratamentos
20F:80S
40F:60S
60F:40S
80F:20S
P-valor
MG
CV (%)
CMS1 (kg. dia-1)
CMS/PC2 (%)
CMS/PC0,75
DMS (%)
1,50
2,34
66,19
58,95
1,84
2,84
80,65
55,25
2,07
3,34
91,38
53,19
2,37
3,60
102,59
60,40
0,0085
<0,001
<0,001
0,2106
1,95
3,00
85,2
56,95
17,84
8,58
8,94
10,03
CMS: consumo de matéria seca; PC: peso corporal; DMS: digestibilidade da matéria seca; MG: média geral; CV: coeficiente de variação; 1Y =
1,244850+0,014130x, R2 = 99,57%; 2Y = 1,962830+0,020936x, R2 = 99,42%; 3Y = 55,222680+0,599690x, R2 = 99,51%.
Outro fator para o aumento do consumo de ma- téria
seca com uso de volumoso extrusado foi sobre o
tamanho
das partículas em comparação a silagem de mi- lho. Como as
partículas do volumoso extrusado possuem
tamanho
aproximado de 2 mm em contrapartida a 1 e 2 cm da
silagem de milho. Assim nos tratamentos com maior
proporção de silagem de milho está permaneceu por mais
tempo no ambiente ruminal, o que provocou o efeito de
enchimento, e consequentemente, contribuiu para a redução
no consumo (Tabela 2).
que a substituição de silagem de milho por volumosos
extrusados pode promover aumento no CMS.
Não houve efeito da substituição da silagem de
milho pelo volumoso extrusado na digestibilidade da
matéria seca (P>0,05) (Tabela 2). Embora o maior consumo
de matéria seca possa ser um indicativo de redução da
digestibilidade este fator não ocorreu com aumento na
maior proporção de volumoso extrusado. A manutenção da
digestibilidade é um indicativo de equi- líbrio na
fermentação ruminal e no aproveitamento do
alimento,
favorecendo a utilização do volumoso extrusado
na
alimentação de ruminantes.
Em relação aos valores médios de consumo de
matéria seca, a recomendação feita pelo NRC (2007) para a
categoria animal avaliada é de 1,05 kg/dia de CMS. Sendo
assim, todos os tratamentos verificados apresentaram-se
superiores aos parâmetros indicados, onde o grupo 20F:80S
está 42,86% acima, enquanto o tratamento 80F:20S obteve
números 125,71% maiores que a descrição feita pelo NRC
(2007).
Em relação à média, a digestibilidade da matéria
seca
foi de 56,95%, sugerindo alto aproveitamento dos
nutrientes,
uma vez que o CMS de todos os grupos foi ele- vado.
Valadares Filho (2018) descreveu que a DMS média
da
silagem de milho produzida no Brasil é de 59,58%,
dessa
forma, a DMS verificada nesse estudo aproxima-se
do valor
encontrado para silagem, contribuindo para inferências de
que é possível substituir a mesma pelo volumoso extrusado
utilizado nesse experimento.
Em outros estudos o aumento do consumo de
matéria com uso de volumoso extrusado foi reportado. De
acordo com Silva et al. (2020a) ao avaliarem os efeitos
nutricionais provocados pela substituição de silagem de
milho por ração extrusada em ovinos adultos, constataram
CMS
de 1,36 kg/dia para o tratamento contendo 20% de alimento
volumoso extrusado e 80% de silagem de milho, e, 2,03
kg/dia no grupo que consumiu 80% de
alimento extrusado e
20% de silagem de milho, reforçando
Não houve diferenças estatísticas (P>0,05) para as
variáveis consumo de água (CH
2
O) e consumo de água em
relação ao CMS (CH
2
O/CMS) (Tabela 3). Chamamos
a
atenção que embora o volumoso extrusado seja um
alimento
seco (85% de MS) em comparação a silagem de
milho (28,02
% de MS) o consumo de água não foi um
Cad. Ciênc. Ag., v. 13, p. 0110, https://doi.org/10.35699/2447-6218.2021.32930
6
Silva, D. A. de P. et al.
limitante. Em relação ao recomendado para ovinos o NRC
(2007) sugere que ovinos adultos, o consumo de água é de
2 a 3 L/kg de matéria seca e a média obtida para
os grupos avaliados na variável CH2O/CMS foi de 2,04
L/kg, é possível inferir que a substituição do volumoso
extrusado não afetou a ingestão hídrica das ovelhas.
Tabela 3 Ingestão de água, parâmetros fecais e urinários de ovelhas consumindo níveis crescentes de Foragge® 70% em
relação à silagem de milho
Tratamentos
20F:80S
40F:60S
60F:40S
80F:20S
P-valor
MG
C
V
CH2O (L. dia-1)
CH2O/CMS (L/kg)
VU (L. dia-1)
DU (g.ml-1)
PFMN (kg)
PFMS1 (g)
MSF (%)
EF*
3,24
2,27
1,4
1,0264
2,14
0,622
29,96
2,08 B
3,73
2,02
1,59
1,0222
2,44
0,817
33,45
2,00 B
4,52
2,18
1,17
1,0276
3,67
0,99
27,30
2,68 A
3,97
1,67
1,08
1,0339
3,32
0,95
30,05
2,60 A
0,4403
0,6856
0,8473
0,3646
0,0619
0,0486
0,0511
0,0481
3,86
2,04
1,31
1,0275
2,89
0,845
30,19
2,34
31,47
31,44
36,6
0,99
32,25
24,28
10,41
-
CH2O: consumo de água; CMS: consumo de matéria seca; VU: volume de urina; DU: densidade da urina; PFMN: peso das fezes na matéria natural; PFMS: peso
das fezes na matéria seca; MSF: matéria seca fecal; EF: escore fecal. *Estatística não paramétrica, utilizando teste de Kruskal e Walis. MG: média geral; CV:
coeficiente de variação; 1Y = 0,556130+0,005786x, R2 = 80,95%.
Com relação aos parâmetros urinários, também
não
houve diferenças entre os grupos avaliados (P>0,05)
(P>0,05)
(Tabela 3). A manutenção dos parâmetros urinários em
relação aos tratamentos é reflexo a depen- dência dessas
variáveis ao consumo de água. Em relação as recomendações
para espécie, de acordo com Hendrix (2005), para ovinos, a
recomendação de VU excretado por animal é de 0,1 a 0,4L
para cada 10 kg de peso vivo. Sendo assim, todos os
tratamentos atingiram a norma- lidade, uma vez que a faixa
ideal para os animais com peso de 54,5 kg seria de 0,545 a
2,18L dia-1, e obteve-se média de 1,31L para essa variável.
a DU específica de ovinos, segundo Hendrix (2005),
varia entre 1,020- 1,040 g Ml-1, portanto, não foram
verificadas alterações na mesma uma vez que todos os
grupos avaliados se apresentam inclusos nessa referência.
promove a quebra da fibra presente nas paredes celulares
dos
alimentos (Reddy & Reddy, 2015). Sendo assim, o
aumento
no EF nos tratamentos contendo maiores índices do volumoso
extrusado pode ter sido devido à quebra da
fibra durante a
extrusão. Entretanto, essa diferença não
afetou negativamente
essa variável, uma vez que segundo
Gomes et al. (2012) o EF
considerado adequado é dois, similar ao apresentados em
todos os tratamentos.
No comportamento ingestivo a substituição da
silagem de milho por volumoso extrusado não alterou o
tempo de alimentação, ócio e mastigação das ovelhas
(P>0,05) (Tabela 4). No entanto, houve efeito quadrático
para o
tempo de ruminação (P<0,05) (Tabela 4).
O efeito quadrático no tempo gasto na ruminação
foi
influenciado pelo tratamento com maior inclusão de
volumoso extrusado ofertado (80F:20S). Isto pois, ao
aumentar a proporção de volumoso extrusado reduz o
tamanho das partículas ingeridas, além de aumentar a
facilmente de degradação pelos microrganismos ruminais. Esse
fator colaborou para um menor gasto de tempo para que o
alimento atinja tamanho suficiente e consiga seguir
para o
retículo. A redução do tempo de ruminação pode ser um
indicativo de acidose ruminal (Antanaitis et al., 2019).
Para os parâmetros fecais foi observada resposta
linear positiva para o peso das fezes na matéria seca
(PFMS) (P<0,05) (Tabela 3). Esses resultados estão
correlacionados com o CMS, uma vez que conforme au-
mentou a massa consumida pelos animais, sem alterar na
digestibilidade, maior produção de massa fecal.
Avaliando os parâmetros fecais de ovelhas adultas consu-
mindo volumoso extrusado em comparação à silagem de
milho, Silva et al. (2020a) além de observar o aumento no
consumo também constatou elevações nos níveis de PFMS.
De acordo com Van Soest (1994), o tempo de
ruminação médio diário para ovinos adultos é entre 240 a 540
minutos, sendo diretamente influenciado pela na- tureza da
dieta e proporcional ao teor de parede celular
dos alimentos
volumosos. Todos os tratamentos atingiram
a referência média
de ruminação diária, onde o grupo que passou o menor
tempo nesse processo foi o 80F:20S
Houve diferença estatística para o escore fecal
(EF) (P<0,05) (Tabela 3). O tratamento com 60F:40S e
80F:20S foram superiores aos demais. De acordo com
Ferreira et al. (2013) a presença de fibra na dieta deixa as
fezes mais firmes, entretanto, o processo de extrusão
Cad. Ciênc. Ag., v. 13, p. 0110, https://doi.org/10.35699/2447-6218.2021.32930
7
Avaliação da substituição da silagem de milho por volumoso extrusado na dieta de ovinos
(340 minutos) e o maior 40F:60S (505 minutos). Nesse
sentido, é possível afirmar que mesmo diante de CMS
elevados, o tempo gasto para ruminação esteve dentro
do
recomendado, não prejudicando a saúde dos animais.
Tabela 4 Comportamento ingestivo de ovelhas recebendo Foragge® 70% em substituição à silagem de milho
Tratamentos
20F:80S
40F:60S
60F:40S
80F:20S
P-valor
MG
C
V
ING (min)
RUM1 (min)
ÓCIO (min)
MAST (min)
EING (g/min)
ERUM2 (g/min)
EMAST3 (g/min)
290
504
646
794
5,37
2,96
1,98
278
505
657
783
6,97
3,71
2,40
263
503
674
766
7,91
4,17
2,71
299
340
801
639
8,28
8,28
4,04
0,8022
0,0239
0,2012
0,2012
0,0936
0,0143
0,0136
282,50
463,00
694,50
745,50
7,13
4,78
2,76
24,41
19,48
17,61
16,41
30,98
33,68
ING: ingestão; RUM: ruminação; MAST: mastigação; E: eficiência; MG: média geral; CV: coeficiente de variação; 1Y = 381,50+7,780x-0,10250x2, R2 =
93,81%; 2Y = 0,0684120+0,082034x, R2 = 78,84%; 3Y = 1,077040+0,033787x, R2 = 90,46%
Com relação a eficiência das atividades no com-
portamento ingestivo, não houve diferença para a efi-
ciência de ingestão (Eing) (P>0,05), porém houve efeito linear
crescente para a eficiência de ruminação (Erum) e
eficiência
de mastigação (Emast) (P<0,05) (Tabela 4). Na nutrição de
ruminantes, a utilização de alimentos volumosos é
fundamental, uma vez que a fibra possui
capacidade de
aumentar a mastigação e ruminação. Dietas
que não estimulam
esses processos reduzem a produção
de saliva e
consequentemente, diminuem o pH ruminal e digestibilidade
da fibra (Geron et al., 2013). Dessa forma, a variável ruminação
pode ter influenciado na igualdade
estatística constatada na
DMS (Tabela 2), uma vez que o tratamento 80F:20S
apresentou o maior consumo e a menor ruminação.
a melhora na eficiência de ruminação e mas-
tigação é resultado da maior facilidade dos animais em
apreender os alimentos, devido ao formato do Foragge® 70%.
É possível notar que os animais que receberam a
distribuição 20F:80S ingeriram 5,37g/min, ao passo que
o
grupo contendo 80F:20S ingeriu 8,28g/min, cerca de
54,19% a mais de alimento por minuto, contribuindo para
os CMS verificados de 1,50 e 2,37kg animal dia-1,
respectivamente.
Ao avaliar os níveis glicêmico, houve respos- ta
linear crescente em função do aumento da inclusão do
Foragge® 70%, entretanto, para suas concentrações por
horário foi observado resposta linear decrescente (P<0,05)
(Tabela 5).
Tabela 5 Concentração glicêmica por tratamento e horário de coleta de ovinos alimentados com diferentes relações de
Foragge® 70% e Silagem de milho
Tratamentos
20F:80S
40F:60S
60F:40S
80F:20S
P-valor
MG
C
V
Glicemia1 (mg/Dl)
44,24
51,84
49,20
55,08
0,0227
50,09
22,32
Horios de coleta
08h
11h
14h
17h
20h
P
MG
C
V
Glicemia² (mg/dL)
51,60
55,20
52,30
45,05
46,35
0,0371
50,09
19,99
MG: média geral; CV: coeficiente de variação; P: probabilidade de significância (P<0,05). 1Y = 42,620+0,14940x, R2 = 70,88%; 2Y = 59,680- 0,6350x, R2 =
58,25%
Em ruminantes, cerca de 90% da glicose formada
e
utilizada são provenientes de gliconeogênese, proces- so
onde o ácido graxo propionato é convertido nesse polímero
(Kozloski, 2017). Como o produto extrusado promoveu um
maior consumo pelos animais (Tabela 2) e possui maiores
concentrações de nutrientes digestíveis totais e amido, com
relação à silagem de milho (Tabela 1), esses fatores podem
ter contribuído para a diferença
verifica na variável glicemia por tratamento, promoven- do
utilização mais eficiente da glicose no metabolismo dos
animais. O grupo 80F:20S apresentou o maior CMS e
também a maior concentração de glicose por trata- mento,
reforçando que o consumo dos animais pode ter corroborado
com tais índices. Mesmo com a diferença verificada, todos
os tratamentos mantiveram-se inclusos
Cad. Ciênc. Ag., v. 13, p. 0110, https://doi.org/10.35699/2447-6218.2021.32930
8
Silva, D. A. de P. et al.
na referência de glicose por Silva et al. (2020b) que é de 30-
94 mg/dL para ovinos.
para os metabólitos sanguíneos, a variável
triglicerídea obteve diferenças estatísticas para os trata-
mentos 20F:80S e 80F:20S, sendo que os demais trata-
mentos se apresentaram iguais, estatisticamente (Tabela
6). Os
triglicerídeos correspondem à principal forma de
armazenamento de ácidos graxos de cadeia longa
(Kozloski, 2017). O tratamento que apresentou o maior
nível
de triglicerídeos continha 80% de silagem de milho, sendo este
um alimento responsável por grande produção
de ácido acético
no rúmen, que é um dos ácidos graxos voláteis precursores
da síntese de acetato. Entretanto, como as médias
verificadas para todos os tratamentos enquadram-se na
referência de Silva et al. (2020b), é possível inferir que
houve adequado aporte energético as ovelhas.
Com relação à redução nos níveis de glicose
plasmática ao longo dia, esse acontecimento pode estar
diretamente ligado ao manejo alimentar utilizado ao longo
do dia de coleta glicêmica, que o pico de glicose ocorreu às
11:00 horas (3:00 horas após o fornecimento da alimentação)
e reduzido nas horas subsequentes por
causa da degradação e
fermentação da ração no ambiente
ruminal. Esse processo
demanda alto gasto energético e consequentemente, reduziu
as concentrações de glicose ao longo do dia.
Tabela 6 Metabólitos energéticos e proteicos de ovelhas consumindo níveis crescentes de volumoso extrusado perante
silagem de
milho
Tratamentos
Metabólitos (mg/dL)
20F:80S
40F:60S
60F:40S
80F:20S
MG
P-valor
C
V
VR*
Triglicerídeos
Colesterol Ureia¹
Proteínas Totais
Ácido úrico
Albumina
Creatinina
28,00
68,50
16,50
4,40
0,34
3,68
0,83
18,30
62,80
19,60
4,36
0,28
3,43
0,80
19,90
58,70
24,40
4,08
0,28
3,44
0,78
16,40
67,40
20,70
4,77
0,24
3,30
0,77
20,65
64,35
20,50
4,40
0,28
3,46
0,79
0,0452
0,8547
0,0025
0,3741
0,4587
0,2584
0,3015
-
18,77
18,73
19,26
-
12,22
-
5-71
14-126
10-92
3,1-10,7
0-1,7
1,1-5,2
0,4-1,7
MG: média geral; CV: coeficiente de variação; VR*: Valor de referência segundo Silva et al. (2020b); 1Y= 15,950+0,087x, R2=47,45%.
o colesterol que também faz parte do meta-
bolismo energético, não apresentou diferenças (Tabela 6)
(P>0,05). Em ruminantes, o colesterol possui bios- síntese
no intestino delgado e células adiposas, sendo sintetizado a
partir do acetil-CoA originado do ácido acético produzido
no rúmen. É precursor dos ácidos biliares e dos hormônios
esteroides, além de ser um indicador dos níveis de lipídeos
na corrente sanguínea (Brito et al., 2016). Como seus níveis
encontram-se na referência para ovinos de Silva et al.
(2020b), é possível inferir que houve armazenamento
adequado de energia e os níveis lipídicos não foram
influenciados, durante o período experimental.
linear na concentração de ureia circulante nas ovelhas. Vale
ressaltar que os índices obtidos para essa variável estão
inclusos na referência de Silva et al. (2020b) para espécie.
As proteínas totais estão diretamente relacionadas
com
o status nutricional do animal a albumina como
ambos os
metabólitos se encontram inclusos na referência de Silva et al.
(2020b), a dieta ofertada contribuiu positi- vamente no
metabolismo proteico das ovelhas avaliadas,
indicando que
elas possuíam aporte proteico normal e bom estado
nutricional durante o ensaio experimental.
A creatinina é um importante indicativo da função
renal dos animais, visto que é um metabólito que sofre
pouca influência de fatores como dieta, idade ou sexo, além
de refletir a filtração renal (Kozloski, 2017). A ma- nutenção
da concentração de creatinina circulante das
ovelhas mesmo
com a substituição em até 80% da silagem
por volumoso
extrusado indica não levar a problemas renais no curto
prazo. Outro ponto positivo do uso do volumoso extrusado
em até 80% foi a manutenção do CH2O e VU apresentaram-
se adequados, e, os índices de creatinina estão inclusos no
valor de referência de Silva et al. (2020b), é possível inferir
que a função renal das
Com relação aos metabólitos proteicos, a ureia
apresentou resposta linear positiva à inclusão de volu- moso
extrusado (Tabela 6) (P<0,05). Como um indica- tivo ao
status proteico em ruminantes, que apresenta relações
diretas com a digestão proteica e metabolismo dos
microrganismos do rúmen. Embora o volumoso ex-
trusado
utilizado tenha menor concentração de proteína,
o processo
gera a desnaturação das proteínas, fazendo com que sejam
mais prontamente digeridas no rúmen (Reddy & Reddy,
2015). Por isso, ao aumentar a pro- porção de volumoso
extrusado na dieta houve resposta
Cad. Ciênc. Ag., v. 13, p. 0110, https://doi.org/10.35699/2447-6218.2021.32930
9
Avaliação da substituição da silagem de milho por volumoso extrusado na dieta de ovinos
unidades experimentais não foi restringida ou prejudicada
durante a realização desse experimento.
Conclusão
A substituição da silagem de milho pelo volumo-
so
extrusado pode ser realizada em até 80% melhora o
consumo, sem causar quaisquer prejuízos no equilíbrio
ruminal, no comportamento ingestivo e no perfil meta-
bólico a ovelhas adultas.
O ácido úrico possuí ligação estreita com o meta-
bolismo ruminal recente, sendo influenciado pela qualida- de
nutricional do alimento ingerido e com a produção de
proteína
microbiana. A manutenção da concentração de
ácido úrico ao
substituir a silagem de milho por volumoso
extrusado em até
80% indica que não houve mudanças
em termos qualitativos
da dieta e da produção de proteína
microbiana (Tabela 60
(P>0,05). Como ele encontra-se na referência de Silva et al.
(2020b), os tratamentos ofertados possuem ampla qualidade
nutricional e não prejudicam a formação de proteína
microbiana.
Agradecimento
Os autores agradecem a empresa Nuttrata® Nu-
trição Animal, Itumbiara - GO, Brasil.
Referências
Antanaitis, R., Juozaitienė, V., Malašauskienė, D., & Televičius, M. 2019.
Can
rumination time and some blood biochemical parameters be used as
biomarkers for the diagnosis of subclinical acidosis and subclinical
ketosis?. Veterinary and Animal Science, 8, 100077. Doi: https://doi.
org/10.1016/j.vas.2019.100077.
Macêdo, A. J. S.; César Neto, J. M.; Silva, M. A.; Santos, E. M. 2019.
Potencialidades e limitações de plantas forrageiras para ensilagem:
Revisão. Revista Brasileira de Higiene e Sanidade Animal, 13 (2): 320
337. Doi: https://doi.org/10.5935/1981-2965.20190024.
Maynard, D. G.; Stewart, J. W. B.; Bettany, J. R. 1984. Sulfur cycling in
grassland and parkland soils. Biogeochemistry. 1: 97-111. Doi: https://
doi.org/10.1007/BF02181123.
Brito, D. R. B., Rocha, V. N. C., Cutrim Junior, J. A. A., Chaves, D. P., Silva,
E. C. V., Coelho A. P., Soares, E. S., Silva E. M., & silva, I. C. S. 2016. Perfil
bioquímico de ovinos alimentados com níveis de inclusão do resíduo
úmido de cervejaria. Revista brasileira de higiene e sanidade animal, 10
(4):
572-586. Doi: http://dx.doi.org/10.5935/1981-2965.20160048.
Mourão, R. C.; Pancoti, C. G.; Moura, A. M.; Ferreira, A. L.; Borges,
A. L. C. C.; Silva, R. R. 2012. Processamento do milho na alimentação de
ruminantes. PUBVET, 6 (5): 1-27. Doi: https://doi.org/10.22256/
pubvet.v16n5.1292.
Conover, W. J. 1980. Practical Nonparametric Statistics. 2nd Edition, John
Wiley & Sons, New York.
National Research Council NRC. 2007. Nutrient Requeriments of
Small Ruminants. 1. ed. Washington, DC, USA.
Ferreira, S. F.; Guimarães, T. P.; Moreira, K. K. G.; Alves, V. A.; Lemos,
B. J. M.; Souza, F. M. 2013. Caracterização fecal de bovinos. Revista
Científica Eletrônica de Medicina Veterinária, Garça, 11 (20): 1-22.
Oliveira, K. A., de Lima Macedo, G., da Silva, S. P., Araújo, C. M.,
Varanis, L. F. M., & Sousa, L. F. 2018. Nutritional and metabolic
parameters of sheep fed with extrused roughage in comparison with
corn
silage. Semina: Ciências Agrárias, 39(4), 1795-1804. http://dx.doi.
org/10.5433/1679-0359.2018v39n4p1795.
Fischer, V.; Deswysen, A. G.; Dèspres, L.; Dutilleul, P.; Lobato, J. F. P.
1998. Padrões nectemerais do comportamento ingestivo de ovinos. Revista
Brasileira de Zootecnia, 27: 362-369.
Geron, L. J. V., Mexia, A. A., Cristo, R. L., Garcia, J., Cabral, L. S.,
Trautmann, R. J., Martins, O. S., Zeoula, L. M. 2013. Consumo,
digestibilidade dos nutrientes e características ruminais de cordeiros
alimentados com níveis crescentes de concentrado em ambiente tropical no
Vale do Alto Guaporé MT. Semina: Ciências Agrária, 34 (5): 2497-
2510.
Doi: https://doi.org/10.5433/1679-0359.2013v34n5p2497.
Oliveira, K. A., Júnior, G. D. L. M., Araújo, C. M., Siqueira, M. T. S., de
Araújo, M. J. P., de Jesus, T. A. V. 2019. Productive parameters of growing
lambs fed an extruded ration with different roughage: concentrate ratios.
Semina: Ciências Agrárias, 40(l3), 3641-3652. http://dx.doi.
org/10.5433/1679-0359.2019v40n6Supl3p3641.
Polli, V. A.; Restle, J.; Senna, D. B.; Rosa, C. E.; Aguirre, L. F.; Silva, J.
H. S. 1996. Aspectos relativos à ruminação de bovinos e bubalinos em
regime de confinamento. Revista Brasileira de Zootecnia, 25: 987-993.
Doi:
https://doi.org/10.1590/S0103-84781995000100024.
Gomes, S. P.; Borges, I.; Borges, A. L. C. C.; Macedo Junior, G. L.; Campos,
W. E.; Brito, T. S. 2012. Tamanho de partícula do volumoso e frequência
de
alimentação sobre o metabolismo energético e proteico em ovinos,
considerando dietas com elevada participação de concentrado. Revista
Brasileira de Saúde e Produção Animal, 13: 732-744. Doi: https://doi.
org/10.1590/S1519-99402012000300013.
Reddy, G.V.N. & Reddy, Y. R. 2015. Extrusion Technology. Animal Feed
Technology, 32: 311-326.
Hendrix, C. M. 2005. Procedimentos laboratoriais para técnicos
veterinários (4th ed.). São Paulo: Rocca, 556p.
SAS Institute Inc, JMP® 10 Modeling and Multivariate Methods. 2012. Cary,
NCSAS Institute Inc.
Kaneko, J. J., Harvey, J. W., & Bruss, M. L. 2008. Clinical biochemistry of
domestic animals (6th ed.). San Diego: Academic Press, 928p.
Silva, D. A. P., Santana, A. G., Araújo, C. M., Oliveira, K. A., Siqueira,
M. T. S., Macedo Júnior, G. L. 2020a. Avaliação dos efeitos nutricionais e
metabólicos da substituição de silagem de milho por ração extrusada
de
Capim-marandu (Urochloa brizantha) em ovinos. Caderno de ciências agrárias,
12: 01-09. https://doi.org/10.35699/2447-6218.2020.19833.
Kozloski, G. V. 2017. Bioquímica dos ruminantes (3rd ed.). Rio Grande do
Sul: editora UFSM, 203p.
Kruskal, W. H.; Wallis, W. A. 1952. Use of ranks in one-criterion variance
analysis. Journal American Statistical Association. 47: 583-621. Doi:
https://doi.org/10.1080/01621459.1952.10483441.
Silva, D. A. P., Varanis, L. F. M., Oliveira, K. A., Sousa, L. M., Siqueira, M.
T. S., Macedo Júnior, G. L. 2020b. Parâmetros de metabólitos bioquímicos
em
ovinos criados no Brasil. Caderno de ciências agrárias, 12: 01-08.
https://doi.org/10.35699/2447-6218.2020.20404.
Cad. Ciênc. Ag., v. 13, p. 0110, https://doi.org/10.35699/2447-6218.2021.32930
10
Silva, D. A. de P. et al.
Silva, E. N.; Duarte, J. B.; Reis, A. J. 2015. Seleção da matriz de
variânciacovariância residual na análise de ensaios varietais com medidas
repetidas em cana-de-açúcar. Ciência Rural 45: 993-999. Doi: http://
dx.doi.org/10.1590/0103-8478cr20141531.
Van Soest, P. J. 1994. Nutritional ecology of the ruminant. 2.ed. Ithaca:
Cornell University Press. Doi: https://doi.org/10.7591/9781501732355.
Zereu, G. 2016. Factors Affecting Feed Intake and Its Regulation
Mechanisms in Ruminants A Review. International Journal of Livestock
Research, 6 (4): 1-22. Doi: https://doi.org/10.5455/
ijlr.20160328085909.
Valadares Filho, S. C.; Lopes, S.A.; Machado, P.A.S.; Chizzotti, M.L;
Amaral, H.F.; Magalhães, K.A.; Rocha Junior, V.R.; Capelle, E.R. 2018.
CQBAL 4.0. Tabelas Brasileiras de Composição de Alimentos para
Bovinos. Disponível em: www.ufv.br/cqbal. Acesso em: 10 de Janeiro de
2021.
Cad. Ciênc. Ag., v. 13, p. 0110, https://doi.org/10.35699/2447-6218.2021.32930